segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Ano Novo, Mundo Velho


Último dia do ano, revisitei Arnaldo Baptista, ex-Mutante. Acho que poucas vezes a música nacional foi tão experimental. E a televisão brasileira abria espaços para tal experimentalismo. Acabei acessando, no youtube, o festival em que eles cantaram, com Gilberto Gil, Domingo no Parque (há, ainda, uma engraçada entrevista com Gil e Arnaldo, durante este festival). Fiquei mais uma vez impressionado com a qualidade de forma e conteúdo desta música. Poesia musical pura, com muita inteligência. Uma espécie de drama cotidiano, quando os festivais cantavam protesto ou transição de certo romantismo para algo não muito claro. A letra avança com a música, cria a situação de tensão, trança a cor do sorvete e da rosa com a morte de João, assassinado pelo ciúmes de José. Onde foi parar tanta experimentação e inteligência da música nacional?

Sobre a crise aberta no Paquistão


A morte de Benazir Butto abre uma crise profunda na região. O Paquistão possui armas nucleares (é o único país muçulmano que possui armas atômicas e já realizou testes nucleares). Daí os norte-americanos sustentarem um rígido controle sobre o exército daquele país, criando forte dependência financeira e de armamentos, através do CENTCOM,da Flórida. O controle militar, através do presidente Musharraf, completa este sistema de intervenção branca. Segundo Tariq Al, da Revista Sin Permiso (http://www.sinpermiso.info/):
"La última crisis es resultado directo de la guerra y de la ocupación de Afganistán por las fuerzas de la OTAN, que han desestabilizado la frontera noroccidental de Pakistán, generando una crisis de conciencia en el seno del ejército. Una fuente de desdicha, eso de ser pagado para matar a camaradas musulmanes en las áreas tribales fronterizas con Pakistán y Afganistán. La conducta arrogante y humillante de los soldados de la OTAN no ha ayudado, desde luego, a resolver los problemas entre ambos países. El envío tropas estadounidenses para adiestrar a los militares pakistaníes en labores de contrainsurrección provocará con toda probabilidad una ulterior inflamación de los ánimos. Afganistán sólo podrá ser estabilizado mediante un acuerdo regional que coimplique a India, Rusia, Irán y Pakistán y que venga acompañado de la retirada total de las tropas de la OTAN. Las tentativas de EEUU por evitar precisamente eso refuerzan la crisis en ambos países. Musharraf ha fracasado en su papel de hombre clave de EEUU en Pakistán. Su incapacidad para proteger a Benazir Bhuto ha tenido mala acogida en Washington, que podría cambiar de posta el año próximo y volver a depositar sus esperanzas en el general Ashfaq Kayani, quien ha relevado ya a Musharraf como jefe del ejército. Menos fácil será hallarle un substituto a Benazir. Los hermanos Sharif no son de fiar, y son demasiado cercanos a los sauditas. Las elecciones serán manipuladas groseramente, lo que las privará de verdadera legitimidad. La noche oscura está muy lejos de su fin."

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O balde de água fria de Armínio Fraga


O ex-Presidente do Banco Central avalia que a crise dos EUA deverá provocar uma forte recessão em 2008. Na entrevista concedida ao Valor Econômico, lembra que o consumo dos EUA é dez vezes superior ao da China. E mesmo a China, está freando seu crescimento em virtude da inflação anual próxima de 7% neste ano. O impacto, diz Fraga, fará o crescimento do PIB brasileiro ficar ao redor de 3% no próximo ano. E prega a volta da CPMF, com redução gradativa até sua extinção em 3 anos.

As etapas de uma revolução


O livro de Luciano Canfora (Crítica da Retórica Democrática) que citei neste blog dias atrás é interessantíssimo. No final, procura criar uma tipologia das fases de um processo revolucionário. Embora não tão original quanto o restante do livro, a tipologia tem relação com o tema deste blog e, por este motivo, vou reproduzir. Seriam, segundo o autor, três fases: a) fase radical; b) fase do cansaço, repulsa e restauração; c) "segunda revolução", que jamais é igual ao ponto de partida. Na primeira fase, os revolucionários que chegam ao poder se debatem com o funcionamento concreto da máquina de Estado, mais complexa que seus programas e suaas análises, o que força a sua brutalização pelos revolucionários. Daí surgiria o cansaço da fase seguinte.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

As multinacionais brasileiras


A Fundação Dom Cabral e a Columbia University lançaram um novo estudo que aponta as empresas mais internacionalizadas do Brasil. Este revela que as maiores empresas multinacionais brasileiras (MNEs) fizeram do país o segundo maior investidor externo entre os países em desenvolvimento em termos de fluxos de investimento direto estrangeiro (IDE) em 2006. Os investimentos estrangeiros diretos têm crescido de maneira significativa nas últimas três décadas. Apesar de grande parte destes investimentos pertencerem a multinacionais com sede em países desenvolvidos, as empresas de países emergentes têm respondido por uma parcela cada vez maior dos investimentos. Só no Brasil, o volume de investimentos diretos no exterior atingiu cerca de US$ 28 bilhões em 2006. Ao final de 2006, o Brasil tornou-se o terceiro principal exportador de investimentos entre os países em desenvolvimento (após Hong Kong (China) e Singapura). De acordo com o Banco Central do Brasil, em 2005, a maior parte do investimento foi em serviços financeiros (49%), seguido por serviços profissionais (36%), petroquímicos e energia (4%). A maior parte está localizada na América Latina e Caribe (56%), seguido pela Europa (36%) e América do Norte (7%).

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Balanço 2007 (1)


Já é hora de iniciarmos um balanço de 2007, ainda que pontual, sobre o que ocorreu nesta terra em transe. Vou dar um pontapé para começar o jogo:
a) Do segundo turno das eleições do ano passado para cá, Lula deu mais uma guinada na trajetória pessoal e do governo: atraiu o PMDB. Acho que foi o fato político mais importante da ação governamental. Ele vem consolidando o Presidencialismo de Coalizão. A questão é como lida com as forças partidárias mais oposicionistas: o DEM e o nem tanto oposição PSDB;
b) O PSDB vem ensaiando ficar à reboque do DEM. O caso da votação da prorrogação do CPMF parece emblemático. O DEM fechou questão e o PSDB, sob as mãos de Arthur Virgílio e FHC (na verdade, FHC entra mais como mordomo que dono da festa), correram atrás do trio elétrico. Ainda na oposição, o PSOL consegue se fixar como "pólo de denúncias concretas", mas fica por aí. Não tem expressão social. Como o PT do início dos anos 80, menos vitaminado. O PSTU é um braço partidário de um segmento sindical. Daí parece não querer passar;
c) A briga interna no PSDB parece cada vez mais interessante. Arthur Virgílio tentou emplacar um racha entre parlamentares e governadores. Foi demais. A briga, mesmo, está em São Paulo, entre Alckmin e Serra. Da vitória de um deles, surge o outro conflito, com Aécio Neves, que nunca esteve tão quieto. São os ares de 2010 abrindo o verão;
d) voltando ao governo federal, Mantega parece pedir para sair neste final de ano. Correio Braziliense e todas as paredes de Brasília anunciam Fernando Pimentel para substituí-lo (o que parece que deve ocorrer depois do carnaval). Derrota política do grupo de Patrus Ananias, que saiu em defesa desesperada, atacando Frei Cappio. Meio vergonhoso para um currículo tão interessante;
e) no campo popular, temos uma leve guinada oposicionista. Começando pelo MST, que se aproximou do PSTU e PSOL e articulou algumas ofensivas sobre Lula, começando pelo abril vermelho mais apimentado e chegando à negociação do Plano Safra com mais vontade. A segunda movimentação vem da CPT (sempre o mundo rural, tão esquecido pelos estudiosos brasileiros) e dos agentes vinculados à Teologia da Libertação, tendo a transposição do São Francisco como mote. O governo federal jogou errado como ocorreu na votação da CPMF: muita bravata e pouca negociação efetiva. Está dando milho ao bode;
f) fecho este pontapé inicial com o crescimento fantástico, de 5,7% do PIB e este mar calmo (com exceção da crise imboliária dos EUA, que parece cada vez mais doméstica e estruturante daquele país) internacional. Lula tem sorte, também. Sem crise externa. Começa a avançar, neste final de ano, com mais ânimo, sobre as bases latino-americanas de Chávez. Começou pela Argentina e deu um golpe de mestre na Bolívia. Aposto que Evo Morales se afastará gradativamente de Chávez.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Relatório pró-Lei de Responsabilidade Social aprovado


A Lei de Responsabilidade Fiscal e Social, apresentada pelo Fórum Brasil do Orçamento (www.forumfbo.org.br ) à CLP/Câmara Federal deu seu primeiro passo formal. O relatório favorável da deputada federal Luiza Erundina foi aprovado. Agora a proposta do FBO vai virar projeto de lei e irá tramitar nas Comissões da Câmara dos Deputados. O debate será mais acirrado. Temos que nos articular mais ainda para enfrentar os novos desafios. Temos que nos preparar para as discussões de mérito e para as opiniões contrárias.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Um pouquinho do sistema alemão de ensino


Uns amigos enviaram alguns comentários sobre o sistema alemão de ensino básico. Achei interessante socializar:
a) Quando as criancas terminam a escola primária elas sao divididas;
b) A avalicao é feita com base em notas, de algumas matérias principas, como matemática e alemao;
c) O fato é que todos sabem que serão avaliados e que conforme o seu desenvolvimento, cada um é encaminhado para tal ou qual escola: a que lhe permitirá fazer um curso o técnico mais básico, para trabalhos mais manuais;
d) Outra, a intermediária que lhe permitirá fazer cursos técnicos mais avançados;
e) E por fim, a que permitirá que você ingresse na universidade.
Impressionante como desde cedo já há tal fragmentação na carreira escolar.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Lula cada vez mais popular


A avaliação positiva do governo do presidente Lula aumentou para 51 por cento, mostrou, nesta quarta-feira, pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Na pesquisa anterior (3 meses atrás) o índice de aprovação era de 48%. Se Lula tem aprovação crescente da população, qual o motivo de ter perdido a votação da prorrogação da CPMF no Senado? Podemos aventar várias possibilidades, iniciando pela já tradicional constatação que o Congresso não expressa a vontade das ruas. Mas isto é pouco. O governo federal jogou errado nesta questão. Em uma semana, não conseguiu angariar um voto. Por quê? Justamente porque jogou para dentro do Congresso enquanto a oposição jogava para as ruas, para as TVs. Conclusão: a oposição blindou a votação contrária à prorrogação e, ainda, possibilitou a criação de certo clima de vitória antecipada. A cada dia, o governo parecia mais acuado e a oposição mais firme. Uma outra questão, evidente, é que as bancadas não são muito controladas por suas lideranças. E a história parece ainda mais aguda quanto mais se aproxima as eleições de 2008. Afinal, Jarbas Vasconcelos e César Borges estão presenciando o desmoronamento de suas bases políticas em Recife e na Bahia, respectivamente. Como esperar que colocassem uma azeitona na empadinha do governo? Mas o troco vem aí. O Ministério da Fazenda anunciará, amanhã, aumento da taxa da IOF e IPI.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Brasileiro não acredita na mídia e no governo


Pesquisa da empresa GlobeScan, feita a pedido da rede britânica BBC, sobre a credibilidade da mídia e dos governos em dez países indica que apenas nos Estados Unidos, na Grã Bretanha e na Alemanha as pessoas acreditam mais nos governos do que na mídia. No Brasil, 45% disseram considerar confiável ou parcialmente confiável o noticiário, enquanto só 30% disseram o mesmo em relação ao "nosso governo". Mas a confiança na mídia ficou bem abaixo da média (63%) e no governo também (52%). De fato, a maioria dos brasileiros disse não confiar na mídia (55%). O índice de desconfiança é alto também no Reino Unido (53%), Coréia do Sul (55%) e Alemanha (57%). No Brasil a pesquisa foi feita apenas em centros urbanos. Os jovens, entre 18 e 24 anos de idade, estão deixando a televisão e mudando para a internet, segundo a análise da GlobeScan. Enquanto 9% na população em geral dizem que a internet é a principal fonte de informação durante a semana, entre os jovens do sexo masculino (de 18 a 24 anos) este número sobe para 15%.

Precariedade dos Conselhos Tutelares

Um diagnóstico apresentado pela Secretaria Especial dos Direitos
Humanos (SEDH) esta semana mostra que a maioria dos Conselhos
Tutelares funciona precariamente. A falta de um espaço permanente,
que atinge 12% dos 4.880 órgãos existentes no País, é o primeiro
entrave. São 15% sem mobiliário básico, como cadeira e mesa, e 24%
não têm sequer papel. Cópia das leis que deveriam ser o principal
instrumento de trabalho dos conselheiros – inclusive o próprio
Estatuto da Criança e do Adolescente – é inexistente em 30% das
entidades. Quase 40% dos Conselhos Tutelares no Brasil não têm um
aparelho de telefone. E 32% trabalham sem computador. Dos 78% que dispõem do equipamento, no entanto, só 28% têm acesso a Internet. A falta de um carro atinge 39% dos órgãos. Os piores índices estão nas regiões Norte e Nordeste, enquanto os melhores estão no Sul. O problema de infra-estrutura, segundo Carmem Oliveira, subsecretária de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da SEDH, precisa ser combatido porque atrapalha a percepção dos problemas regionais. "A carência de condições básicas de trabalho dos conselhos acaba tendo uma ressonância muito grande na própria qualidade do atendimento à população e também nas informações que precisamos para compor nosso banco de dados e, a partir disso, formular as políticas", destaca. Ela ressalva, no entanto, que o modelo de Conselho Tutelar brasileiro — composto por pessoas da sociedade civil escolhidas por meio de eleição — é único no mundo e precisa de tempo para se aprimorar.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O Plebiscito dos Mercados


Estou lendo o que possivelmente é o melhor livro de ciência política que li neste ano: "Crítica da Retórica Democrática" (Editodar Estação Liberdade, 2007), do historiador italiano Luciano Canfora. O livro é muito polêmico e inicia com uma excelente reflexão sobre o voto da maioria, a partir do julgamento de Sócrates. Relembra Lous Blanc, que pergunto se o direito é um algarismo e segue em frente, citando Gramsci, que relacionou maioria à opressão. Em um segundo capítulo, analisa a "vitória" de Bush em novembro de 2000, que jogou no lixo o desejo da maioria dos EUA (com farta citação, de Tocqueville a George Lewis, para quem a democracia não era o forte dos norte-americanos). Avança sobre os conceitos de direita e esquerda, preferindo a definição de Pizzorno (inclusão/exclusão social) para distinguí-los na atualidade. Vale a pena.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Posse de Cristina Kirchner


A foto ao lado é manchete do site da Pagina 12, jornal argentino. Não fiz nenhum corte: a foto está como aparece no site. Para que fique bem nítido o papel de Lula na América Latina. A matéria que acompanha a foto diz:
"Cristina Fernández de Kirchner asume hoy la Presidencia con el respaldo de la creación del Banco del Sur, firmada por siete países sudamericanos que lo calificaron de “paso decisivo de la integración”, “continuación de la batalla por la independencia” y “primer escalón hacia la moneda común”.

domingo, 9 de dezembro de 2007

D Pedro II não teve muita sorte

Acabei de ler o livro sobre D. Pedro II escrito pelo José Murilo de Carvalho. Nosso imperador não teve uma vida de muita sorte. Até quando foi exilado, a má sorte o acompanhou. Ao deixar a costa brasileira, decidiu enviar uma pomba mensageira para o Brasil, com um pequeno bilhete onde estava escrito "saudades". O problema é que a pomba tinha as asas cortadas. Foi jogada para o alto e logo afundou no alto mar.

Capital Social e Stakeholders


A Universidade de Santa Cruz do Sul está se especializando em alguns temas, como desenvolvimento regional e capital social. Num de seus livros (Desenvolvimento Regional: capital social, redes e planejamento), organizado por Milton Wittmann e Marília Patta Ramos, eles citam o conceito de "stakeholders", que seriam atores sociais que têm interesse numa determinada decisão. Seriam lideranças locais ou regionais atuando em organizações de desenvolvimento territorial, se configurando em canais por onde flui o poder. Em outros termos, protagonistas do desenvolvimento regional. As Escolas de Governo e as Escolas da Cidadania do Brasil poderiam aprofundar este conceito.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Uma boa notícia?


Pela primeira vez na história (na verdade, desde o terceiro trimestre de 1995), os 93 distritos policiais da capital paulista não registraram nenhum homicídio. O número de homicídios registrados no Estado de São Paulo caiu 63% desde 1999, quando 12,8 mil pessoas foram mortas. A taxa de homicídios caiu de 36 por 100 mil habitantes, em 1999, para 15 por 100 mil, em 2006. Na capital, houve queda de 72% no número de homicídios em sete anos. "Neste momento, são 11,6 homicídios por 100 mil habitantes. Vou consultar estudos a respeito, já que Minas Gerais vem apresentando dados oficiais na mesma direção. Bom demais para um sociólogo aceitar sem críticas. Ainda mais em tempos de Tropa de Elite.

Era o cara


Tim Maia era o cara. Terminei o livro que é para ser lido num tiro só. Imaginem que ele foi candidato a senador, sem título de eleitor. Dizia que o Brasil era o único país onde cafetão tem ciúmes e pobre é de direita. E quando era convidado para ir no show de algum amigo, respondia com surpreendente franqueza: "Pô, se eu não vou nem nos meus shows, imagine no de vocês?" Num show em Cabo Frio, terminou dedicando uma música "à mulher do Prefeito, que é muito gostosa". Dizia que mulato era cor de mula. Mais uma dele: "dos artistas do Rio, metade é preto que acha que é intelectual e metade é intelectual que acha que é preto". Para piorar, a Brahma tinha contratado 60 shows com ele e no primeiro ele, mais uma vez num arroubo de sinceridade disse: "o show é da Brahma mas eu gosto mesmo é de guaraná da Antárctica". A Brahma cancelou os shows que restavam. Não seria o melhor senador que o país já teve?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

FHC não era bom aluno?

Não gosto do Cláudio Humberto. Ele publica notícias sem checar as informações. Já aprontou uma vez comigo. Mas, se a notícia que publicou em sua coluna do dia 3 último for verdadeira, não deixa de ser engraçado. Segundo a coluna, em 1949, FHC foi reprovado no vestibular para a Faculdade de Direito e, na mesma época, levou "bomba" em duas tentativas de ingressar na Escola Militar. FHC era,segundo a nota, o "grande desgosto" do pai, general Leônidas: "Ele nunca vai dar
para nada", desabafou ao colega de farda Jocelyn Brasil.

D. Pedro II e nossas tradições políticas


Estou terminando a biografia de D. Pedro II escrita por José Murilo de Carvalho. Muitas informações importantíssimas para a leitura de nosso país. E, lembremos, o autor é monarquista. Vou reproduzir uma passagem bem humoradas, para indicar o tom do livro: Mendes Fradique chegou a satirizar o centralismo político, afirmando que D. Pedro II fazia tudo, menos a barba.

Orçamento Participativo de Recife

O OP Recife é o único que se mantém na tradição original, de organização de massa. O Instituto Cultiva presta consultoria e montamos um mapa de Recife, localizando onde está mais enraizado. Simplesmente ocupa quase todos bairros de Recife. Ao final deste segundo encontro de formação técnica dos coordenadores do OP, decidiram criar comissões internas para aumentar o grau de profissionalização do trabalho (comissão de Registros, Comissão de Comunicação, Comissão de Informação Técnica e Comissão de Formação Política). Também decidiram iniciar um processo de elaboração de cartilhas para os delegados eleitos. Acredito que é a principal experiência de OP do país. Precisaria ser melhor conhecida.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

PT: segundo turno e denúncias de fraude

Pelo visto, haverá segundo turno nas eleições que definem a direção nacional do PT. Até o momento, Berzoini (candidato oficial) deverá disputar com Tatto (base de Marta Suplicy, até então uma liderança regional). Há muitas denúncias de compra de votos (aqui em Recife, onde estou, houve denúncia de compra de votos por 20 reais a cabeça) e de impugnação de delegados do nordeste e Rio Grande do Sul, na última hora, o que aumentou o peso dos votos de São Paulo (teoricamente, mais pró-Tatto). São denúncias generalizadas, mas que não devem alterar o resultado final.

domingo, 2 de dezembro de 2007

As eleições internas do PT, segundo o Estadão


O jornal Estado de São Paulo publica, hoje, uma matéria assinada por Clarissa Oliveira e Roldão Arruda a respeito das eleições internas do PT neste domingo. Segundo a matéria: "Se depender de levantamentos realizados pelas correntes petistas nas últimas semanas, deve prevalecer mesmo a vontade de Lula na eleição de hoje. Berzoini, segundo estimativas de seus aliados, tem condições de obter cerca de 150 mil votos, em um cenário otimista. Se o quórum nas urnas se aproximar dos 300 mil militantes esperados, isso equivaleria a 50% dos votos e abriria uma chance, mesmo que restrita, de vitória no primeiro turno. Por esse cenário, Tatto e Martins Cardozo teriam chances de levar a disputa ao segundo turno, já que conseguiriam 38 mil e 36 mil votos, respectivamente. A possibilidade de vitória de Berzoini no primeiro turno foi apontada até mesmo nas pesquisas internas realizadas por aliados de Tatto. Nesse caso, a expectativa é de que o atual presidente do PT obtenha algo em torno de 45% a 50% dos votos. Seja qual for o presidente escolhido neste fim de semana, ele dificilmente contará com a maioria absoluta no Diretório Nacional do PT que tanto facilitou as gestões de José Dirceu e Genoino. Mesmo dentro da chapa de Berzoini, o que se espera é que a participação da corrente alcance a faixa de 45% dos 81 assentos, um leve aumento em relação aos atuais 42%."

A influência política do Ceará


Estamos em Fortaleza, onde encerramos consultoria à EMATERCE. A discussão do momento, na terra de Ciro Gomes e Tasso Jereissati é a pouca influência política do Estado junto ao Palácio do Planalto. Dizem que Cid Gomes, irmão de Ciro e atual governador, vem tentando articular os pleitos estaduais com as bancadas de deputados e senadores. Muitas vozes dizem que o governador é mais frágil e menos ousado que seu irmão. A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (que é do PT) tem acesso indireto, via Tarso Genro. O senador, pelo PCdoB, Inácio Arruda, tem acesso direto com o Ministro dos Esportes, também do PCdoB. O ex-ministro Eunício Oliveira, por sua vez, acessa o Ministério da Integração Nacional. O deputado petista José Pimentel tem trânsito nas áreas econômicas. E o deputado José Guimarães, também do PT, tem acesso ao Ministério do Turismo. Com acessos pulverizados, o Ceará reclama que não consegue emplacar uma grande obra financiada pelo governo federal.

População brasileira não quer terceiro mandato de Lula


Bem no dia da escolha direta dos dirigentes municipais, estaduais e nacional do PT, a DATAFOLHA publica pesquisa que revela que 65% dos entrevistados nacionais rejeitam um terceiro mandato consecutivo para Lula. Só 31% apoiariam essa possibilidade. Nem no nordeste há maioria de apoiadores do terceiro mandato. Um verdeiro presente de final de ano para Lula! Afinal, Lula diz que é contra o terceiro mandato.