quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Colômbia dividida


Fábio Velásquez, da Colômbia, traçou um rico painel do país mais analisado no momento. Iniciou dizendo que, ao contrário do Brasil e Argentina, trata-se de um país unitário, não federado, marcado por ditaduras fortíssimas e divisão do país em guerrilhas e controle territorial de grupos paramilitares de direita, todos municiados pelo narcotráfico. Paradoxalmente, em 1986, a Colômbia inicia uma reforma política que gera grande descentralização e institucionaliza a participação popular (através de mais de 30 mecanismos e instrumentos legais). Um forte movimento municipalista fortalece o poder local. Tratava-se não de radicalizar a democracia, mas de criar uma alternativa à corrupção que assolava todo sistema político. O fato é que dez anos depois, grupos paramilitares começam a capturar as organizações locais, percebendo o movimento de descentralização. A costa leste do país passa a ser comandada (incluindo várias de suas instituições) por esta estrutura de extrema direita, com fortes raízes e relações com o Exército e o governo Uribe. No extremo oposto do país, das sete organizações guerrilheiras, restaram duas: FARC e ELN. Para Fábio, a Colômbia gerou um "clientelismo armado", enraizado e pulverizado. O narcotráfico também possui esta estrutura, ramificada, com diversos núcleos de comando, muito infiltrada em toda estrutura institucional da Colômbia. Não se trata mais de grandes cartéis (embora ainda existam), mas de uma rede de pequenos, médios e um ou outro grande grupo que se espalham pelo país.

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