quarta-feira, 16 de abril de 2008

A financeirização dos preços agrícolas


No "Estadão", de hoje:
"Hoje em dia, dizer a que nível os preços podem chegar é algo mais difícil, pois, além dos fatores de oferta, demanda e clima, temos novos agentes. É o que está sendo chamado de financeirização do mercado', afirma o sócio-diretor da consultoria AgRural, Fernando Muraro Jr. O analista diz que, na Bolsa de Chicago, 40% dos contratos abertos são de fundos de investimento, volume que nunca havia sido registrado, mesmo na maior bolsa de commodities agrícolas do mundo. 'Há pouco mais de 30 dias, os fundos estavam comprados em mais de 21 milhões de toneladas de soja, volume expressivo. Em março do ano passado a posição comprada era de 10 milhões de toneladas. Essa é a nova formação de preço que está em jogo', explica o analista. Dentro desse novo contexto, o produtor também já está mudando sua forma de interagir com o mercado. Os agricultores estão comprando cada vez mais cedo os fertilizantes que usarão para o próximo plantio. Muraro diz que, para a safra 2008/2009, cerca de 70% da comercialização de fertilizantes para o Centro-Oeste já foi concluída. 'E isso vale também para outros insumos, como sementes e agroquímicos. Estamos no mês de abril e praticamente já conseguimos calcular para onde vão os custos da safra 2009', diz. O aumento do interesse na antecipação das compras de fertilizantes é explicado pela rápida valorização que esses insumos tiveram em um curto espaço de tempo. Em dezembro do ano passado, muitos produtores já haviam iniciado suas compras e pagaram de R$ 800 a R$ 900 pela tonelada das fórmulas mais simples e utilizadas com maior freqüência pelo agronegócio nacional.

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