sábado, 5 de julho de 2008

Crise em Zimbabwe (1)


A versão que obtive de alguns conhecidos a respeito da crise do Zimbabwe e governo Mugabi é distinta da versão publicada no site www.rebelionl.org (divulgada na nota abaixo):
a) Atualmente, quem mais "saqueia" na África é a China. Em troca, tem oferecido presentes, normalmente a construção de prédios públicos. Em Cabo Verde construíram, por exemplo, o Congresso Nacional, o palácio do governo e até mesmo uma sala para concertos e shows. Trazem seus trabalhadores e constroem tais edificações, oferecem para o país e vão "sedimentando relações". Fizeram o mesmo em Angola e em Moçambique[Rudá Ricci] ;
b)Em relação à agricultura e à reforma agrária o governo de Mugabe tem sido desastroso. Mantiveram algum tipo de relação com os fazendeiros brancos, alguns de origem sul-africana, especialmente para manter a principal produção agrícola do país, o fumo. Zimbabwe era um dos principais produtores no mundo, exportando e trazendo divisas para o país;
c) A África do Sul é o único país, em toda a África, que tem uma agricultura moderna do ponto de vista tecnológico, em alguns setores semelhante aos países mais ricos, exporta para diversos países, desenvolveu cadeias produtivas;
d) Ao que parece, as novas elites negras que tomaram o poder optaram pela industrialização acelerada e criação de empregos e, talvez, por reforma agrária "mínima" e localizada em algumas regiões, sem destruir a agricultura de tipo empresarial;
e) Zimbabwe, em face da crise política que foi apenas se acentuando, optou por outra via, mas perdeu a agricultura moderna produtora de fumo, além da manuteção da produção tradicional de alimentos. O objetivo da reforma agrária, para muitos analistas e especialistas do tema, foi essencialmente político e, menos, desenvolver qualquer agricultura nova nas mãos de agricultores familiares.

O fato é que o regime de Mugabe é uma semi-ditadura e as eleições recentes foram um nítido exemplo. Neste caso, não há como sermos cínicos: ou defendemos a democracia ou a instrumentalizamos.

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