segunda-feira, 29 de setembro de 2008

AIDS no Brasil


Soube, hoje, de algumas projeções em relação à AIDS no Brasil pouco divulgadas. Um médico sanitarista afirmou que o programa beasileiro de combate ao vírus atende, hoje, cerca de 150 mil pessoas, mas a estimativa é que em 2008 sejam 600 mil brasileiros infectados. Pior: em função do uso do Viagra, aumentam os casos envolvendo Terceira Idade. Se os dados conferem, trata-se de uma situação muito preocupante.

Debate entre candidatos em Belo Horizonte


Nodomingo, os candidatos a prefeito em BH debateram. Promoção da TV Record. Os temas mais citados foram: transferência da rodoviária, atraso de obras do metrô e excesso de multas de trânsito. Obviamente que os ataques ao candidato tucano estrelado foram pesados. Mas, de qualquer maneira, me pergunto se esses temas são os decisivos para a cidade. Este "tema ameno" parece dizer algo em relação ao que foi feito do processo eleitoral neste ano.

domingo, 28 de setembro de 2008

O dilema da imprensa brasileira continua


A queda do poder da grande imprensa na formação de opinião de massas continua em nosso país. Com a subida de um número considerável de pessoas que antes estavam nas classes D e E para a classe C (classe média baixa), o público preferencial da grande imprensa altera significativamente seu perfil, hábito e história recente. Muitos são gratos a um governo que foi recentemente oposição de esquerda o que parece desnortear batante os editores de várias redações. Em muitos casos, os grandes jornais continuam pautados pela lógica das classes mais abastadas o que vende, mas diminui em muito seu poder de impacto social. É um dilema que foi se consolidando nos útlimso seis anos: ficar como está e diminuir consideravelmente seu poder de formação de opinião ou tentar uma alteração da linha editorial e de marketing e arriscar se aproximar da nova classe média?

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A descentralização no Maranhão


Estou em São Luís (Maranhão), onde desenvolvo oficina com os gestores regionais do processo de descentralização administrativa do Estado. É um projeto ousado, de criação de 32 unidades regionais de planejamento e desenvolvimento. Começarão com 03 unidades-piloto, envolvendo os lençóis maranhenses (na foto) e outros dois pólos importantes.

Trabalho infanto-juvneil doméstico está proibido


Entrou em vigor no começo deste mês o decreto nº 6.481, proibindo que crianças e adolescentes exerçam a função de trabalhador doméstico antes dos 18 anos. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada no último dia 18, mais de 1,2 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 13 anos eram vítimas de exploração em 2007. Ainda de acordo com os dados, entre as pessoas com 5 anos de idade ou mais, 64,7% trabalham como domésticas. O texto colocou o trabalho doméstico na mesma categoria da extração de madeira, produção de carvão, construção civil, produção de sal e fabricação de fogos de artifício. Entre os riscos causados pelo ofício, citados no documento, estão as longas jornadas de trabalho, esforços físicos intensos, isolamento e abusos físicos, psicológicos e sexuais.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Museu da Cachaça


Moro em Minas Gerais, o que por si só já é credencial para falar de pão de queijo e cachaça. Mas acontece que nasci em Tupã, onde está a maior cachaçaria do país: a Água Doce. Para aumentar minhas credenciais etílicas, o dono desta cachaçaria acaba de criar o Museu da Cachaça. Golfeto, o dono do Água Doce, criou uma rede nacional Água Doce Cachaçaria, com 103 restaurantes distribuídos em todo o Brasil. O Museu possui quatro salas distintas, somando quase 1.000 m2 de área, assim divididas:
Sala 1: ‘A história da cachaça’ – Nesta sala, o visitante poderá ler réplicas de cartas do período no qual o Brasil viveu a escravatura. Painéis cronológicos contam a história da cachaça e fotos, reportagens, curiosas garrafas de cachaça e parte da coleção de Delfino Golfeto estão dispostos para que os visitantes mergulhem na História. Um local especial da sala ‘A história da cachaça’ é o Cantinho Colonial, dedicado à memória do período colonial brasileiro, com peças (como peças de engenho, entre outras) e história da época.
Sala 2: “Coleção de Cachaças” – À vista do visitante, estão dispostas mais de duas mil garrafas de cachaças, boa parte delas raras.
Sala 3: “História da Água Doce Cachaçaria” – Esta sala conta toda a história da Água Doce Cachaçaria desde sua fundação, passando por suas convenções e mostrando suas lojas. A sala conta, paralelamente, a história do fundador da Água Doce Cachaçaria, Delfino Golfeto, e de sua família.
Sala 4: “Paixões Nacionais” – Futebol e samba são alguns dos temas mostrados nesta sala. Neste espaço também estão contidos painéis fotográficos, coleção de camisetas, mini-garrafas e acervo de peças antigas. É aqui também que Delfino Golfeto presta homenagem a uma das pessoas que o ajudaram e o incentivaram, ‘Dona Francisca’, sua sogra, responsável pela introdução dos deliciosos petiscos servidos por toda a rede.
Para quem quer conhecer essa raridade: Museu da Cachaça, Rua Nhambiquaras, 385 - Vila Aviação – Tupã (SP) | Telefones: (14) 3441-2321 / 3441-4337. Com orgulho, dou essa dica, de graça!

Giambiagi e a lição sobre democracia


Fabio Giambiagi publicou um dos artigos mais estranhos já vistos na Folha de SPaulo (“Os Autoritários”, FSP, 22/09). Estranho porque fica a pergunta dos motivos e intenções do autor. Um verdadeiro libelo contra o que denomina movimentos sociais. O mais interessante é que retoma uma das teses ultra-conservadoras mais antigas da história. Em 1840, Lorenz Von Stein defendeu a necessidade de uma ciência da sociedade que se dedicasse ao estudo dos movimentos sociais, em especial, ao estudo do movimento operário francês e do socialismo. O tema surge no bojo de um processo de estranhamento das instituições públicas e de alguns segmentos urbanos frente ao acelerado processo de industrialização da Europa. Os intelectuais daquele século, assim como Giambiagi, não entendiam e temiam os movimentos sociais que questionavam a ordem. Escrevi um artigo para a Folha procurando criar um contraponto. Não sei se publicarão. Mas seria bem interessante criarmos um debate a respeito. Ainda não entendi até onde Giambiagi quer chegar.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A crise dos EUA: Paul Krugman


Paul Krguman é, possivelmente, o único economista vivo que sabe escrever. No seu artigo "Dinheiro por Lixo" se pergunta: "Há quem diga que deveríaos simplesmnete confiar em Paulson, porque ele é um cara inteligente que sabe o que está fazendo. (...) ele é mesmo inteligente, mas o que, exatamente, na experiência dos últimos 18 meses justifica a crença de que eles abe o ques está fazendo? Paulson está agindo de improviso, como todos nós"

A crise dos EUA (por eles mesmos: Allan Meltzer)


Allan Meltzer, professor da Carnegie Mellon, da Pensilvânia, é um dos maiores estudiosos do banco central dos EUA (FED). Numa recente entrevisa, vaticina:
"Essa bobagem de depressão econômica vem dos bancos e das instituição financeiras de Wall Street que estão tendo grandes perdas. Eles gritam e gritam até alguém cair na convesa e os escutar. (...) Em 1970, na crise da Penn Central, o FED não fez nenhuma operação resgate ao sistema. Nada aconteceu. Em 1987, na queda das bolsas, o banco abriu sua janela de redesconto, mas não resgatou ninguém. (...) O governo e o FED estão confundindo interesses privados com interesses públicos."

domingo, 21 de setembro de 2008

Eleições (dados do Transparência Brasil)


• Setenta por cento dos candidatos em eleições fazem doações eleitorais, geralmente a si próprios, mas não exclusivamente. Entre os eleitos, o porcentual se eleva a 85%.
• De um total de 2.632 parlamentares em exercício nas principais Casas legislativas brasileiras, 1.974 financiaram campanhas em 2004 ou em 2006 (muitos o fizeram em ambos os pleitos).
• Nada menos de 155 deles (7,9% dos 1.974) fizeram doações em 2004 ou em 2006 que superaram o total dos bens que declararam à Justiça Eleitoral.
• Nessas Casas legislativas há 933 candidatos às eleições municipais deste ano, dos quais 756 contribuíram para campanhas em ao menos um dos dois últimos pleitos. Desses, 49 (ou 6,5%) doaram a alguém (geralmente eles próprios, mas não exclusivamente) mais recursos do que afirmaram possuir.
• Os que doaram a campanhas mais de 50% de seu patrimônio declarado são 250 entre todos os que estão em exercício e 80 entre os candidatos em 2008.
• Lideram a lista os parlamentares do Mato Grosso do Sul, com média de 65,3% de generosidade eleitoral sobre o patrimônio declarado, seguidos pelos do Amazonas (51,5%), Maranhão (50,3%) e Piauí (48,6%).

O Proer dos EUA


A ajuda do governo dos EUA aos bancos em crise é algo digno de espanto, não apenas em virtude do fim do ultra-liberalismo naquele país. São 700 bilhões de dólares!! Em sua primeira reação ao plano anunciado neste final de semana pelo governo de George W. Bush, Barack Obama acusou John McCain de defender um projeto que levará a economia americana à falência.
Não foi a primeira vez. A década de 20 foi marcada pela intervenção estatal, que aumentou seus poderes. Naquela década, a expansão das reservas monetárias dos Estados Unidos levou à expansão de crédito, que contribuiu tanto para a prosperidade econômica da década de 1920 quanto para a grande recessão econômica que perduaria ao longo da década de 1930.
Com o New Deal, Franklin Roosevelt apoiou-se em ações do governo progressista de New York. O New Deal aumentou a regulação da economia nacional por parte do governo. Um programa federal objetivou proteger fazendeiros americanos das incertezas do mercado através de subsídios e de controles de produção. Denominado Agricultural Adjustment Administration (Administração de Ajuste Agropecuário), aprovado em maio de 1933, o AAA incluía diversos programas destinados a reduzir e controlar os cultivos e as colheitas americanas (chamado sistema de "alocamento doméstico"), para aumentar os preços de produtos agropecuários. Dentro deste sistema, produtores de sete produtos básicos - milho, algodão, legumes, arroz, frangos, tabaco e trigo - seriam os responsáveis por decidir os limites de produção para suas colheitas. O governo americano iria então, através do AAA, dizer a cada fazendeiro quanto eles deveriam plantar, e iria fornecer subsídios para deixar parte de suas terras ociosas. Um imposto em alimentos industrializados iria fornecer os fundos para os novos pagamentos. Os preços de produtos agropecuários seriam subsidiados até o ponto de paridade.

sábado, 20 de setembro de 2008

Pesquisa eleitoral e partidos de esquerda


PSTU, PSOL e PCO têm candidatos à prefeitura das capitais do país que são líderes de rejeição nas pesquisas de intenção de votos (em 12 das 26 capitais). Interessante que, a seguir, aparece o DEM como quarto na lista de rejeição popular, o outro extremo do espectro partidário. Reforça a pesquisa de O'Donnell em que o Brasil aparece como o que possui a maior cultura ambivalente do continente (o país se divide em relação aos extremos).

Bahia elegerá diretores de escolas


A partir de dezembro, alunos com mais de 14 anos, pais, professores e servidores vão escolher os diretores e vices das 1.753 escolas estaduais da Bahia. O governador Jaques Wagner (PT-BA) assinou nesta quinta-feira decreto instituindo eleições diretas para os dois principais cargos das unidades. O peso dos votos será igual, e cada diretor terá mandato de três anos. Para concorrer ao cargo, o candidato deve ser servidor do magistério público estadual e fazer um curso de gestão escolar, que vai oferecer 12 mil vagas no Estado. O curso é gratuito e a aula inaugural está marcada para o próximo dia 29. No ano passado, professores da rede estadual baiana fizeram uma das maiores greves da história da categoria para reivindicar plano de cargos e salários e a eleição direta para diretores e vice. A paralisação durou 57 dias. O decreto do governo estabelece que quem quiser dirigir uma escola também deve cumprir a carga horária integral de oito horas de trabalho, além de ser aprovado no curso de gestão escolar. Em caso de empate, será eleito o candidato de melhor desempenho no curso.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Bolívia em Transe


Recebi tantas notícias sobre a Bolívia (inclusive de vários países da América Central) que estou tendo dificuldades para processá-las. Até amanhã, postarei alguns comentários a respeito da grave crise que atinge aquele país.

O maior erro do Painel da Folha de SPaulo


O Painel político do jornal Folha de SPaulo parece ter iniciado uma inconfessável campanha de desestabilização do novo superintendente da receita federal em São Paulo. Iniciou na terça-feira com uma nota intitulada “Paraíso Fiscal”, induzindo o leitor, o que não é praxe neste jornal. Mas continuou com outras duas notas ontem, o que é, no mínimo, estranho. A Receita Federal, pela primeira vez, fez uma intervenção na Superintendência de São Paulo e nomeou um mineiro, Luiz Sérgio Soares, conhecido por todos seus colegas como Serginho, pela amabilidade que lhe é característica. O Painel procurou vincular a nomeação à uma intervenção chapa branca, lulista, pelo simples fato de Luiz Sérgio ter sido diretor do UNAFISCO, sindicato nacional de auditores-fiscais. Em outra nota, a crítica seria por estar acionando a receita na justiça, defendendo um direito seu. Fico me perguntando sobre as fontes do Painel em relação a este tema. Ou se trata de mero bairrismo. Ser dirigente sindical é impeditivo para se assumir um cargo público? E defender um direito garantido constitucionalmente é moralmente questionável? Imagino o grau de tensão que vive, portanto, um jornalista do painel que perceber algum de seus direitos trabalhistas não ser observado. Ficará, por coerência, no dilema entre não ter o direito ou ter que pedir demissão para garantí-lo. Muito estranho.
(Para registro: entrei em contato com o Painel e registrei minha surpresa. O Painel nunca foi apressado ou irresponsável).

Lula mais para acolá


Lula quebrou o seu próprio recorde de avaliação positiva. Segundo pesquisa Datafolha, 64% da população consideram seu governo ótimo ou bom. O recorde anterior já colocava Lula na frente de todos os presidentes eleitos após a redemocratização. Pela primeira vez, Lula tem o apoio da maioria no Sudeste (57%), nas regiões metropolitanas (57%), entre os que têm curso superior (55%) e entre os que vivem em famílias com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos (57%). Os resultados da pesquisa coincidem com a divulgação de um crescimento do PIB de 6% no primeiro semestre e com o momento em que a inflação começa a ceder.

A vida sem dono

Raramente presenciei um período com histórias de vida tão convergentes. Acho que os estudos de Richard Sennett começam a fazer muito sentido: as transformações no mercado de trabalho estão nos impelindo à uma permanente irracionalidade na produção e investimento pessoal. Ele afirma que as palavras do momento (no que tange ao trabalho) são: flexibilidade e risco. Se fosse em dosagem pequena, não veria problema algum. Mas é de uma intensidade sufocante. Começamos a fazer e a fazer e a fazer numa lógica que vai criando um enredo onde perdemos, rapidamente, a autonomia sobre o que fazemos. Parece que nos tornamos "escravos de nós mesmos".

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Aécio tateia 2010


A grande imprensa brasileira procura desvendar o futuro de Aécio Neves, após a vitória de Márcio Lacerda, em BH. 2010 parece cada vez mais um final de um eletrizante jogo de xadrez. A candidatura de Dilma Rousseff é, ainda, insípida e inodóra e parece mais uma espécie de "reserva de mercado" de Lula (bloqueando outros candidatos do PT). Aécio continua tateando, nesta seara que teria Ciro Gomes como seu parceiro. Alguns secretários do governo Aécio, contudo, já começam a falar em candidatura ao Senado. Ontem, tivemos mais um lance do governador mineiro. Em coletiva de imprensa ontem à noite em Cuiabá (MT), disse que o Brasil precisa construir uma convergência política nova, com propostas claras que o Brasil ainda não conseguiu ver. A fala mais significativa foi: "pode considerar uma utopia, mas queria ver em 2010 uma disputa que não fosse entre esse ou aquele partido, para não reeditarmos a radicalização de 1994, 1998 e das duas últimas eleições. Acho que poderíamos construir algo extremamente novo, uma convergência nova, com propostas claras que o Brasil não conseguiu ver ainda. Agora é um novo momento, não devemos nós, do PSDB, encarnar o anti-Lula. Temos que pensar no pós-Lula, o que podemos fazer de melhor. Aproveitar as boas experiências de Fernando Henrique e as boas de Lula e fazer melhor daqui para frente".
Mais um lance do jogo de xadrez.

A gripe nossa de cada dia


Trabalhei no final de semana junto à Pastoral do Menor (implantação da Escola da Cidadania de Adolescentes), uma das experiências mais motivadoras dentre nossos projetos em curso. Mas devo ter exagerado porque no domingo caí de cama, com uma forte gripe, calafrios e febre. Somente hoje estou um pouco melhor. Este é o motivo para não ter atualizado o blog. A partir de hoje, volto à luta.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Seminário Projeto Microbacias de SP, RJ e SC


Durante dois dias, ficamos imersos num seminário intenso e muito produtivo. Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro socializaram suas experiências de organização de políticas públicas a partir de microbacias. Ao final, fiz uma tentativa de síntese. Passo a socializar alguns dos pontos que considerei mais instigantes:
1) As três experiências procuram construir políticas de Estado e não apenas de governo
2) As três experiências criam uma rede ou sistema, integram programas a partir da base/território/município
3) Adotam Metodologias Participativas (o saber social), o que chega a incluir a escola e contratação de técnicos do projeto pelos próprios agricultores, diagnósticos participativos e definição de planos e ações
4) Adotam a Microbacia como unidade de planejamento
5) As três experiências não partem de um modelo pré-concebido de ação, incorporando a criatividade social. Este é um sinal muito importante de mudança da lógica estatal, absolutamente refratária ao saber social e à inovação comunitária. Há exemplos fantásticos, como a criação de policiamento rural ou mesmo a denominação de "ruas" (estradas vicinais interpropriedades), que acabaram sendo reconhecidas pelo Correio. Dificilmente estas demandas seriam elaboradas em gabinetes sem a participação efetiva dos agricultores rurais na definição de ações, prioridades e projetos
6) Atenção à educação, principalmente em relação à adoção de cursos para agricultores e implantação de projetos nas escolas públicas de ensino básico (como o Aprendendo com a Natureza, em SP).

Negros e Igualdade de Condições


Segundo dados do IPEA, em 1996, 82,3% dos negros estavam matriculados em etapas do ensino fundamental adequadas à sua idade e apenas 13,4% no ensino médio. Em 2006, essa porcentagem subiu para 94,2% no ensino fundamental e 37,4% no médio. A proporção de negros e negras que estudavam no ensino médio, entretanto, ainda é muito menor que a de brancos - que chegou a 58,4% em 2006. A renda média do trabalhador negro também cresceu, embora o aumento não seja muito expressivo: o rendimento médio de 2006 foi R$ 19 mais alto que em 1996, ou 3,93%. A queda da diferença entre os dois grupos se deu devido a diminuição dos rendimentos dos homens brancos, que passaram de R$ 1.044,20 a R$ 986,50. Os demais grupos estudados (mulheres brancas e negras e homens negros) tiveram aumentos. Mesmo com essa alta, a discrepância é grande. Os brancos ainda vivem com quase o dobro da renda mensal per capita dos negros - pouco mais de um salário mínimo a mais. Outras constatações do estudo mostram que a população negra é menos protegida pela Previdência Social do que os brancos - especialmente no caso da mulher negra - e começa a trabalhar mais cedo para se aposentar mais tarde.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Super safra (até para céticos)


Eu realmente não sei se me acostumei a desconfiar de dados oficiais, se me tornei cínico ou cético. O fato é que o conjunto de dados positivos me deixa parcialmente atordoado. Agora, somos informados que a safra 07/08 de grãos atingiu novo recorde: a estimativa é de 143,8 milhões de toneladas, 9% superior ao da safra anterior e o maior já registrado. Lembro-me, poucos anos atrás, quando se falava em atingir 100 milhões de toneladas e vários jornais trataram a meta com sarcasmo.
A produção de milho (primeira e segunda safras somadas) atingiu 58,6 milhões de toneladas, ante 58,4 milhões de toneladas no levantamento anterior (agosto) e 51,3 milhões de toneladas na safra passada. A performance surpreendente é acompanhada pelo trigo, que teria atingido 5,44 milhões de toneladas, 42% acima da produção do ano passado. Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Goiás são as locomotivas desta “festa de grãos”. Houve aumento da área de cultivo (1 milhão de hectares a mais, em relação à safra anterior, medida de agosto a agosto), o que diminui o aumento do índice de produtividade esperado. Mesmo assim, o vigor do setor é imenso e se associa às aquisições internacionais (como da área de carnes, tendo a Friboi à frente).

Indicadores... do momento


1) A escalada nos programas de investimento em celulose, que devem ultrapassar a casa dos US$ 16 bilhões, deverá elevar o Brasil ao terceiro lugar no ranking mundial de produção de celulose até 2012, com a marca de 18 milhões de toneladas de polpa, superando a China. Ainda este ano, o País deve passar a Suécia e, em 2009, a Finlândia, dois tradicionais produtores mundiais que perdem competitividade.

2) Inflação é a menor em 1 ano.

domingo, 7 de setembro de 2008

O jeito Fernando Pimentel de governar


Fernando Pimentel é uma estrela em alta. Com a eleição do desconhecido Márcio Lacerda como prefeito de BH, Pimentel inicia sua escalada para ser governador de Minas Gerais. Mas poucos analisam friamente sua maneira de fazer política. Sempre mereceu certo desdém dos analistas políticos por ser excessivamente técnico, com perfil de secretário de governo. Mas é persistente e tem sede. Presenciei uma breve amostra desta sede. O orçamento participativo (OP) de BH, inaugurado por Patrus Ananias, foi mirrando na gestão Pimentel. Entre os estudiosos do tema, BH não figura como exemplo. Piorou quando o seu governo introduziu o tal OP Digital, que esvazia as plenárias e a pedagogia da solidariedade que marcava o mecanismo de democracia direta do OP. Mesmo assim, fui procurado no ano passado para "abrir espaço para a prefeitura dirigir o Observatório Internacional da Democracia Participativa". O OIDP é um fórum internacional dos mais importantes e altruístas. Fiquei meio pasmo porque uma coisa é ingressar no OIDP e a outra é querer dirigí-lo de uma hora para outra. Fiz estas observações para os dirigentes do governo Pimentel. Passaram-se alguns meses e a prefeitura de BH criou a rede nacional do OP. E daí, foi para um evento em Portugal, sobre experiências de OP, falando em nome da rede. Que tal?

Seminário Microbacias em Campinas


Nesta semana, nos dias 10 e 11, a CATI, em Campinas, sediará um seminário em que serão analisadas as experiências de organização e projetos de desenvolvimento por microbacias em São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro, financiadas pelo Banco Mundial. Outros Estados do país já confirmaram presença, como Minas Gerais e Bahia. Há Estados em que existem comitês de bacias hidrográficas e, em outros (como São Paulo), onde existem associações de produtores por microbacias e uma federação de todas associações. As bacias hidrográficas vêm sendo objeto de estudo para se transformarem em referência para adoção de unidades de desenvolvimento regional e descentralização/integração de agências estatais. O Brasil vive, no momento, um movimento intenso de processos de descentralização administrativa da máquina pública estadual. Cito, além das já indicadas nesta nota, a experiência muito interessante por que passa o Maranhão.

sábado, 6 de setembro de 2008

Eleição e Corrupção


Dois lembretes sobre movimentos anti-corrupção neste ao eleitoral:
1) Comitês 9840 – contra a corrupção eleitoral: http://www.lei9840.org.br/

2) Campanha Ficha limpa – que pretende levar ao Congresso Nacional o Projeto de Lei de Iniciativa Popular sobre a Vida Pregressa dos Candidatos. O PL introduz novos critérios para permitir candidaturas de políticos, propondo alterações no texto da Lei Complementar nº 64/90, a chamada Lei de Inelegibilidades: http://campanhafichalimpasp.blogspot.com

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Lágrimas de Portugal


Portugal é o segundo país com maior nível de desigualdade na União Europeia, apenas suplantado pela Letónia. O índice de Gini assume um valor de 0,38, bem acima da média da União Europeia, que é de 0,30.

Relatório UNCTAD sobre Comércio e Desenvolvimento


Nesta quinta-feira, 04 de setembro, a UNCTAD lançou o Relatório sobre Comércio e Desenvolvimento 2008, publicado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Um dos pontos centrais do relatório é o alerta sobre a contaminação mundial da crise que já atinge vários países ricos. As incertezas em relação aos mercados internacionais financeiros, monetários e de commodities, unidos às dúvidas sobre a direção da política monetária nos principais países em desenvolvimento, estão contribuindo para um futuro sombrio para a economia mundial e representam riscos consideráveis para os países do terceiro mundo. Os economistas que redigiram o relatório dizem que a atual crise financeira global e a possibilidade de políticas monetárias rígidas em alguns países é um presságio de grandes dificuldades para a economia mundial no restante de 2008 e em 2009. A UNCTAD prevê que a produção mundial cresça cerca de 3% em 2008: quase um ponto percentual a menos que em 2007. Em países desenvolvidos, o crescimento do Produto Interno Bruto provavelmente será de cerca de 1,5%. O resultado imediato é melhor para os países em desenvolvimento, onde o crescimento pode exceder 6%, como resultado de dinâmicas de demanda interna relativamente estáveis em grandes economias em desenvolvimento. Para um grande número de países em desenvolvimento o prognóstico depende primordialmente de tendências futuras dos preços dos bens primários que exportam. Os países em desenvolvimento, onde os recursos financeiros são mais escassos, têm exportado mais capital do que recebido. Dos 113 países em desenvolvimento e economias em transição, 42 eram exportadores líquidos de capital em 2002-2006, e 60 deles viram melhoras em seus balanços de transações correntes neste período, em comparação com 1992-1996.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Tucano estrelado é vaiado na UFMG


Roberto Carvalho, vice de Márcio Lacerda (candidato tucano estrelado à prefeitura de Belo Horizonte) foi vaiado num debate ocorrido na UFMG. Os estudantes não deixaram que fizesse sua apresentação. No meio do debate, em que participaram vários candidatos a prefeito (a candidata Jô Moraes destacou que participava do 6o debate sem que Márcio Lacerda desse o ar da graça), Roberto Carvalho foi ao banheiro e acabou insultado por um grupo de estudantes. Não deu outra: saiu de fininho, sem avisar os organizadores do evento. Depois, à imprensa, disse que sentiu que seria agredido.

Marina X Minc


A senadora Marina Silva (PT-AC) abriu o verbo para O Globo. Em entrevista publicada no jornal O Globo diz estar preocupada com a política ambiental do governo e surpresa com medidas da gestão de Carlos Minc, nas quais vê risco de retrocesso. Destaca a proposta de exploração de dendê na Amazônia e a chamada MP da Grilagem, que triplicou a extensão de terras que podem ser vendidas sem licitação na floresta. Marina também questiona a licença prévia de Angra 3, concedida sem definir o destino do lixo nuclear. Ataque direto, só ao ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger: "Só quem não conhece a Amazônia pode dizer o que ele diz".

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Radicalismo Empresarial

Recebo a seguinte mensagem, razoavelmente surpreendente:
"A coligação “Sol e Verde”, que reúne PSOL e o PV em torno da candidatura de Luciana Genro à prefeitura de Porto Alegre, entrou na Justiça e conseguiu liminar retirando um programa eleitoral do PSTU do ar. O programa censurado foi ao ar no último dia 27 e criticava os financiamentos de grandes empresas aos políticos durante as campanhas
eleitorais, entre eles a recente doação de R$ 100 mil que a Gerdau fez à candidatura do PSOL na cidade."

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Nepotismo nos parlamentos brasileiros


O fim do nepostimo já está criando vários embaraços políticos, como era de se esperar. Um exemplo é a situação dos deputados paulistas. Até o momento, não há um balanço oficial na Assembléia Legislativa paulista sobre o efeito da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proíbe o nepotismo. No dia 27/8, o presidente da Casa, deputado Vaz de Lima (PSDB), publicou ato que dá prazo de cinco dias para os deputados informarem ao Departamento de Recursos Humanos o nome de eventual servidor ocupantes de cargo de provimento em comissão ou exercentes de função gratificada, lotado em seu Gabinete, incluído o de Liderança, em situação de desconformidade como os parâmetros estabelecidos na súmula nº 13 do STF. Até agora... nada.