quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A intolerância política

O caso Cesare Battisti vem revelando uma total ausência de espírito democrático da oposição ao governo Lula. Não apenas a oposição partidária, mas de segmentos sociais que desde sempre estão descontentes com a eleição do ex-operário. Já está bem elucidado que não se trata de um erro jurídico, nem mesmo de soberba do governo tupiniquim em relação à decisão do Estado italiano. Do ponto de vista jurídico, o governo brasileiro está absolutamente embasado. Trata-se de uma decisão política, de interpretação do que fazer com um ex-preso político (tal como se registra no processo italiano). E é aí que aparece a intolerância. O caso Battisti é apenas um exemplo, entre tantos. Os anti-Lula não aceitam a diferença, ou seja, tentam empurrar o governo para algo que se pareça cada vez mais consigo mesma. Se o governo Lula não se revelou anti-democrático, insano, se não colocou o país em risco, as críticas deveriam estar em outro plano. Fico estarrecido com as críticas sobre a popularidade de Lula (ao invés de compreender este fenômeno político, ou seja, o que cria legitimidade, num esforço weberiano) ou até do discurso otimista em relação ao impacto da crise no Brasil (como se o papel do Presidente é de ser analista econômico de plantão e não o de líder de um país).
Falta consistência democrática ao discurso oposicionista. É simplório em demasia. Transforma a disputa em caso pessoal. É importante entendermos que Lula é um governo diferente e legítimo. Ele tem direito de ser diferente porque o eleitor desejou exatamente isto. O que não pode é sair do trilho democrático ou pender para a tirania. Mas não é isto que está em pauta. E se não está em pauta, a questão é o debate de projetos para o país. Debater o melhor projeto. Mas é isto que estamos percebendo no discurso das oposições? Parece faltar estofo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Rudá,

particularmente achei espetacular sua análise. Vai de encontro com o q penso e até onde consigo enxergar...