domingo, 26 de abril de 2009

Dilma Rousseff


O grande tema político do final de abril é a enfermidade que acomete a ministra Dilma Rousseff. O linfoma não-Hodgkin inclui diversos tipos de câncer do sistema linfático (que transporta a linfa, líquido incolor que contém glóbulos brancos, que combatem bactérias e destroem vírus e células estranhas). Durante quatro meses (a cada três semanas) a ministra receberá tratamento quimioterápico e, depois, poderá ser ministrada radioterapia. A perspectiva de cura é alta (acima de 90%), mas deverá afetar o ritmo de campanha da ministra, embora ela se recuse a admitir. Embora as reações à quimioterapia sejam distintas, de pessoa para pessoa, é comum provocar fadiga e náuseas.
O efeito político imediato recairá sobre a disputa entre Aécio Neves e José Serra, que já definiram acordo pelas prévias no PSDB em janeiro do próximo ano. Os dois foram muito corretos ao saberem da notícia. Contudo, a depender do impacto da notícia e dos resultados do tratamento, a tendência é acelerar a consolidação do nome do pré-candidato tucano como opção concreta para o eleitorado. Neste caso, mais uma vez as chances de Serra aumentam.
Outro efeito é a briga pela composição da chapa com Dilma. Há dúvidas, num cenário tão incerto, sobre o espaço que teria uma terceira candidatura à Presidência da República. A movimentação de bastidor, que até agora se concentrava entre tucanos e candidatos à vice na chapa de Dilma Rousseff, pode se direcionar para este novo campo de possibilidades. Michel Temer era o mais afoito pré-candidato à vice na chapa petista. Ocorre que Lula, o maior cabo eleitoral de Dilma (mais da metade dos eleitores pesquisados pela Sensus/CNT afirmaram, no final de março, que votariam no candidato do Presidente da República, seja qual for o escolhido), não tem grande apreço por Temer. Nos bastidores da política palaciana, esta é a mesma interpretação dos vôos rasantes de Ciro Gomes. Entre incertezas, é possível afirmar que vários balões de ensaio serão lançados até abril do próximo ano, procurando medir forças e desenhar alternativas. Mas não há dúvidas que tudo passará pela decisão de Lula e José Serra.
Um último aceno, mais delicado de explicitar: se Dilma mantém-se firme em sua candidatura, esta adversidade poderá gerar uma comoção, unindo fortemente a militância petista, tão apagada desde o mensalão. Aí, minhas dúvidas a respeito da candidatura (sempre achei um jogo de Lula) terminam: Dilma se consolida como candidata do eleitorado de esquerda e de todo campo político vinculado às pastorais sociais, ongs, sindicatos e movimentos sociais.

Nenhum comentário: