sábado, 23 de maio de 2009

Os intelectuais brasileiros: A Resposta (1)


Após minha provocação (ver nota abaixo), recebo os seguintes comentários de Paulo Roberto de Almeida, Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas, diplomata de carreira desde 1977, exerceu diversos cargos na Secretaria de Estado das Relações Exteriores e em embaixadas e delegações do Brasil no exterior, inclusive ministro-conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington (1999-2003). É professor no Mestrado em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub) e professor orientador do Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco do Itamaraty:

"Esse tipo de atitude auto-congratulatória [do governo federal] com os pretensos progressos da pesquisa científica no Brasil é totalmente mistificador da verdadeira realidade da pesquisa cientifica no Brasil, uma espécie de auto-engano coletivo. Os dados se referem ao volume (portanto quantitativo) de artigos supostamente "científicos" publicados em veículos especializados, a vasta maioria dos quais nacionais, e de faculdades não preciso lembrar. Ora, quem conhece o ambiente universitário brasileiro, sobretudo e especialmente (desculpem a redundância) a área de humanidades, sabe muito bem que mais da metade dessa pretensa produção acadêmica, que não tem nada de científica, sequer seria considerada por revistas científicas sérias, com seleção rigorosa dos publicáveis com base em critérios de "blind evaluation". Como a Capes começou a pontuar esse tipo de "coisa" (desculpem mas o termo se aplica), ocorreu uma corrida nas faculdades para a "edição" de revistas, com equipes editoriais na base do compadrio e a publicação quase sem nenhuma avaliação de conteúdo ou de qualidade. No mundo científico, o que vale, realmente, são os citation indexes, que coleta "produtividade" de um artigo a partir de sua citação por outros pesquisadores, o que aproxima um pouco mais a produção do seu valor substantivo. O resto é transpiração de quem precisa de pontos nos sistemas brasileiros de avaliação, muito pouco rigorosos... Não querendo ofender ninguém, eu diria que povo com cultura científica boa é povo com Prêmios Nobel (ainda que seus critérios possam ser questionáveis em determinados aspectos) e povos com muitas patentes produzidas. O Brasil não tem absolutamente nada nos dois critérios..."

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