segunda-feira, 27 de julho de 2009

PT de hoje, PT de sempre


O Diretório Nacional do PT definiu o calendário para realização do Processo de Eleições Diretas (PED). As eleições para a escolha das direções zonais, municipais, estaduais e nacional do PT serão realizadas em todo o país no dia 22 de novembro de 2009. Esta notícia só tem relevância em função dos bastidores que a geraram. Duas notas merecem destaque:
1) A aprovação da manutenção do processo eleitoral em novembro significa uma vitória do atual presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). A corrente Mensagem ao Partido, do ministro Tarso Genro e do secretário-geral do partido, deputado José Eduardo Cardoso (SP), defendia a antecipação para julho de 2009. A mesma posição foi defendida pelo líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), que queria votações em agosto ou setembro de 2009. Já o secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, da corrente Articulação de Esquerda, defendia o adiamento da eleição para 2011;

2) Na mesma linha, vale destacar a volta de Zé Dirceu ao comando nacional do partido. Ele figura na chapa apresentada pela tendência Construindo um Novo Brasil (CNB, a antiga Articulação). Cinco candidatos concorrem à cadeira que já foi de Dirceu entre 1995 e 2002: além de José Eduardo Dutra (candidato da chapa desta tendência), estão no páreo os deputados José Eduardo Martins Cardozo, Geraldo Magela, Iriny Lopes e o integrante do Diretório Nacional Markus Sokol.

Percebam a força dos detentores de cargos públicos (parlamentares e executivos do governo federal). O único que destoa é Markus Sokol, mas este é um velho militante-dirigente do PT. Zé Dirceu na chapa da CNB é a cereja no bolo. No PT, desde meados dos anos 90, tudo muda para ficar como está. É a expressão mais nítida da lógica d'O Leopardo, formando uma aristocracia partidária das mais sólidas. É quase impossível perceber lógica distinta em qualquer estrutura partidária deste início de século XXI. Os partidos políticos são estruturas pretéritas de representação social. Representam as burocracias internas e não a sociedade. Num mundo volátil e dinâmico como o atual, os partidos criam crises institucionais frequentes, seja no presidencialismo ou no parlamentarismo.

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