terça-feira, 6 de outubro de 2009

Fidelidade Partidária e o canto das sereias


Zé Dirceu voltou a ditar regras no PT. E hoje já é notícia porque elogiou o PSDB que recorreu à justiça para recuperar o mandato de Chalita (que foi para o PSB). Descendo a ladeira, aproveitou a carreira e criticou PT e Cândido Vacarezza (outro que faz parte da mesma cepa) por não cobrar na justiça o mesmo de seus ex-parlamentares.
O fato é que esta discussão em nosso país é daquelas rasas como outros tantos temas da política oficialesca. Há várias questões em tela:
1) O eleitor, de fato, vota no partido? Se a representação tem base na delegação do eleitor, esta questão tem sentido;
2) Caso vote no partido (o que sabemos que não é fato em nosso gigante pela própria natureza), caberia o voto em lista, não?
3) Caso vote no seu representante, seria correto candidaturas avulsas, sem filiação partidária. Defendo esta opção porque, assim como as comissões de fábrica impelem as centrais sindicais, na Europa, a estarem o tempo todo na base sindical para não cederem lugar (como ocorreu recentemente na Itália) às comissões "independentes"; as candidaturas avulsas obrigariam os partidos a se afastarem do atual cupulismo;
4) Lembremos que o primeiro artigo de nossa Constituição, em seu parágrafo único diz: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição". Ora, a representação é direta, se faz ente o povo e SEUS representantes eleitos, e não necessariamente pelo partido ao qual o eleito está filiado;
5) A defesa da fidelidade partidária, no caso brasileiro, reforçaria a burocracia partidária e não a representação social.

Assim, Zé Dirceu erra mais uma vez, porque pensa como chefe de partido. Mas para nós, que defendemos a democracia participativa, o que interessa é a representação do cidadão, de onde emana o poder político.
Os políticos brasileiros adoram fortalecer as mediações políticas porque podem fazer valer seu poder de negociar e se impor entre pares. Mas os desobriga a se relacionar com o cotidiano do brasileiro.
Enfim, por essas e por outras que acredito que os partidos são estruturas pretéritas, criados no século XVIII, que se massificaram no século XIX, e que entraram em profunda crise desde meados do século XX.

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