sábado, 21 de novembro de 2009

Brevíssimos comentários sobre música brasileira


Li, no Globo( Globo, 17 de novembro, assinada por Hugo Sukma) uma matéria que filiava Arrigo Barnabé à Bossa Nova. [Equivocadamente citei artigo de Henry Burnett nesta nota, mas a reclamação do autor e minha correção encontram-se nos comentários] Sinceramente, acho um equívoco. Mesmo porque, Barnabé cita outra influências, muito mais complexas. Em entrevista antiga, dizia que o início de tudo foi Picasso e Ezra Pound (que dizia que era preciso prestar atenção na sequência das vogais no verso). Cita, ainda, Bartók e Stravinsky. Se era para fazer paralelo com música brasileira, melhor citar Villa-Lobos e seu Rudepoema (a obra musical brasileira mais complexa e de difícil execução). Para quem desejar comparar, clique aqui (Rudepoema) e aqui (Clara Crocodilo, de Arrigo).

Para pegar o embalo, sugiro uma visita à "Pássaros em Festa", de Ernesto Nazareth. Tudo começa pelo título, pássaros em festa.

3 comentários:

Mundiando Music disse...

Companheiro blogueiro, seu brevíssimo post onde fui citado me fez reler o texto que você cita. Recorto só uma passagem do texto, onde pergunto justamente acerca da impossibilidade do vínculo que você diz que eu faço:

"Por mais que a maioria dos estudos reafirme que a bossa nova é uma herança do jazz, uma interpretação refinada do samba, a modernização da música brasileira etc. (ela é tudo isso também), ao ouvir João Gilberto –cuja rítmica é a síntese do movimento e o único que, ao lado de Tom e Vinicius, parece estar para além dele– ao violão, podemos perceber que existe ali, naquele canto-falado, algo diletante -e popular.

"Como poderíamos dizer isso de um Arrigo Barnabé, criador-chave da vanguarda paulistana (embora nunca tenha tocado no Lira)?"

Gostaria de saber de onde você tirou a idéia de que Arrigo é filiado à bossa nova. Gosto das discussões virtuais, mas acho que a leitura precisa ser mais cuidadosa.

Abs

Rudá Ricci disse...

Tive a impressão que articulava os citados. Se me enganei, está retratado. A matéria que li no jornal (O Globo, 17 de novembro, assinada por Hugo Sukman, faz a relação direta).
Vou fazer o seguinte: retiro a citação que faço de você na matéria principal, mas deixo seu comentário e este em que me retrato. Acho mais correto (mesmo porque, sofro frequentemente o incômodo que lhe impus).

Mundiando Music disse...

Olá Rudá, não precisa retirar se não quiser. Não quis ser chato, afinal meus textos no Trópico não são isentos de tensão; apenas quis apontar exatamente para as distinções abissais entre a bossa e a lira paulistana. Mas obrigado pela generosidade. Se você preferir, pode tirar meu comentário e esquecemos isso. Abraço