quarta-feira, 17 de março de 2010

Encontro nacional da CPT

Estou em Goiânia, participando do encontro do Conselho Nacional da Comissão Pastoral da Terra. As críticas ao governo Lula (dom Tomás Balduíno está presente) é muito forte, assim como a crítica ao PAC (e grandes projetos de desenvolvimento) que estariam desmontando a lógica de sobrevivência das populações e povos tradicionais (quilombolas, populações ribeirinhas, nações indígenas). Mas há uma evidente trama da origem das pastorais sociais (o foco e a lógica das ações comunitárias, locais) que os impede de dar o salto para a concepção de controle sobre territórios. Daí, percebem que apenas reagem, mas não conseguem ser protagonistas. As ações do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) é citada por muitos como exemplo.

6 comentários:

Marcelo Delfino disse...

Me engana que eu gosto. Quando a campanha de Dilma Rousseff for para as ruas, rapidinho a ala petista da CNBB se calará e sairá às ruas com suas bandeiras e estrelas do PT e do 13.

Rudá Ricci disse...

Marcelo,
Sua mensagem demonstra desconhecimento em relação à CPT. Eles nunca foram militontos. Nunca. Um ministro lulista chegou a confidenciar a dificuldade do governo lidar com a CPT. Disse que o movimento sindical, feminista, estudantil, negro estavam, todos, articulados ao redor do governo e citou verbas governamentais que foram repassadas. Mas lamentava a postura permanentemente crítica da CPT.
Só para dar um exemplo.

Marcelo Delfino disse...

Eu posso até dar o braço a torcer, parando de associar o CPT ao PT. Mas que historicamente a ala dita progressista da CNBB é, digamos, mãe do PT (o pai é o movimento sindical do ABC paulista, de onde Lula veio), isso é inegável.

Seu blog é excelente, Rudá. Mas não espere que eu concorde com tudo que está escrito nele.

Rudá Ricci disse...

Marcelo,
Nem precisa dar o braço a torcer, nem quero que concordem com tudo o que penso. Calma! Não estamos disputando quem tem mais razão.
Você se engana mais uma vez. A CNBB se dividiu entre o petismo e o apoio a Covas, por muito tempo. Foi, inclusive, noticiado na grande imprensa.
Acho que você ideologiza muito tudo e tenta forçar a barra política. Tem teoria conspiratória para tudo.

Marcelo Delfino disse...

Sabe, Rudá, eu realmente sou um cara desiludido com as ideologias políticas em voga no Brasil. Por isso não estranhe minha aspereza. Se a direita nos deu o regime de 1964, suas viúvas e seus filhotes (o PiG, por exemplo), a esquerda me dá a decepção total a cada pedinte, a cada mendigo e a cada criança abandonada que vejo nas ruas. O governo Lula se esforçou bastante para reverter o quadro, mas ainda assim foi muito pouco. E muito abaixo do que este País precisava e merecia. Vai ver seus aliados da direita (PMDB e demais partidos de aluguel) não deixaram o Governo cumprir com suas promessas e obrigações mais básicas. E ao contrário de FHC, que privatizou parcialmente o Estado para aliados do empresariado e do mercado financeiro, Lula privatizou o Estado para o Partido e seus companhêro.

A esquerda tem responsabilidade pelo que está aí, e muito, tal como os tucanalhas e as viúvas e filhotes de 1964. O PSOL e a extrema esquerda (do PSTU ao PCO) têm sua cota de culpa, pois não passam de madalenas arrependidas do lulo-dilmo-petismo.

Pouco importa se a CNBB se divide ou não entre petistas e simpatizantes do tucanato. Pra mim, a CNBB é uma entidade não confiável, seja de que maneira for.

Rudá Ricci disse...

Marcelo,
Neste ponto (o da desilusão) coincidimos. Mas não acho a CNBB irrelevante. Mesmo porque, faz parte e define em muito a cultura política do país, cuja população é majoritariamente católica.