sexta-feira, 23 de abril de 2010

Pesquisa sobre consumo infanto-juvenil

Tese recém defendida na Unicamp pela pedagoga e economista Maria Aparecida Belintane Fermiano, revela que crianças e pré-adolescentes na faixa de 08 a 14 anos têm conquistado maior autonomia e possuem o seu próprio dinheiro. Apesar disso, o seu maior desejo ainda é estar mais tempo com suas famílias.
Algumas das conclusões:
1) Seus pais (em qualquer classe social) saem para trabalhar e os filhos permanecem muito tempo sozinhos. Logo, têm que providenciar sua alimentação e ganham dinheiro para isso, pois os pais sempre deixam uma reserva em seu poder. Estas crianças, observa a pesquisadora, já são tratadas como clientes pelo marketing, sendo constantemente solicitadas a gastar mais (estudos realizados nos EUA revelam que elas triplicaram seus gastos da década de 60 para a década de 890);
2) Em relação à mídia, a investigação mostrou que essas crianças têm acesso à tecnologia, independentemente do nível socioeconômico. Se pertencem a um nível mais baixo e não possuem computador em casa, acessam-no na escola, na casa de colegas ou em alguma lan house, ainda que não com a mesma frequência dos que têm;
3) Eles gostam esmagadoramente dos mesmos programas: Bob Sponja, seriados como Drake & Josh, Hanna Montana e Jonas Brothers, refletindo a sua época, relata a pesquisadora. “Em todos esses programas existe um forte apelo em termos de comportamento, em relação às vestimentas e aos gastos.”
4) Sobre sustentabilidade: “os tweens gostam muito de ter bens e acumulam muito ‘lixo’ em casa”. Na escola, a questão do meio ambiente é elaborada. Às vezes estas informações atingem um nível macro: “preciso economizar energia, reciclar papel e dar destino ao óleo já usado para preservar o meio ambiente”. A escola não trabalha com ações individuais e ecológica e economicamente corretas;
5) O tenager (adolescente) é mais amadurecido, sexualmente e fisicamente falando. Ele tem estados de humor mais tendentes a oscilações. Possuem uma visão mais crítica de mundo e conseguem fazer relações maiores. O tween ainda está na vigência da infância, embora não admitindo. Em casa, o menino tween joga bolinha, faz coleção de carrinhos e tem muitos brinquedos. “Quando vai para a escola, não conta para ninguém que faz isso. Vive uma vida dupla, ao mesmo tempo que na escola procura seguir um comportamento adolescente, porque está se mirando em algum tenager. Em casa, continuará brincando como uma criança, pois é isso que ele é: uma criança".

Um comentário:

Fernando Nogueira disse...

Interessante a análise: essa contradição entre o ser criança e adolescente se encontra também nesse vídeo abaixo da Estela Renner (talvez já tenhas visto!):
http://www.youtube.com/watch?v=rW-ii0Qh9JQ
Esse é o trailer, para ver ele inteiro é só acessar os vídeos relacionados. Abraço, Fernando