domingo, 23 de maio de 2010

João Pedro Stédile analisa conjuntura


A reportagem é de Pedro Carrano e publicada pelo sítio da Terra de Direitos, 22-05-2010.
Destaco algumas passagens:

1) João Pedro Stédile analisa que a esquerda e os movimentos sociais estão em um período de resistência. Os tempos de recuo das lutas sociais, depois da derrota do projeto da esquerda, em 1989, começam a ficar para trás. Mas ele ressalta que as organizações não retomaram a ofensiva e ainda não conseguem impor à burguesia seu próprio projeto: “Paramos de descer, mas ainda não começamos a ofensiva contra o Capital”, expôs no terceiro dia da nona Jornada de Agroecologia, realizada em Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná.

2) O atual período, no Brasil e na América Latina, é caracterizado pelo dirigente sem-terra como de derrotas e crise do projeto neoliberal da burguesia. Iniciado na Venezuela, este processo estimulou lutas no continente. Atualmente, a burguesia carece de um projeto que dê conta de solucionar as carências das populações trabalhadoras.

3) O dirigente critica a concepção das organizações que apostam todas as fichas no processo eleitoral e institucional. Criticou também as correntes “idealistas”, que colocam o problema do socialismo como um ato de vontade, num horizonte próximo.

4) Sobre o momento das eleições, Stédile analisa que a candidatura Serra agrega latifundiários e o agronegócio, a classe média conservadora de São Paulo, setores industriais e financeiros. No mesmo sentido, a candidatura de Dilma Rousseff agrega setores da burguesia financeira e industrial, mas dentro dela também está presente a ampla maioria da classe trabalhadora, do campo e da cidade, se vê representada.

5) Na agricultura, dois projetos estão visivelmente em disputa. “Na agricultura, nunca na História do Brasil houve o enfrentamento tão claro de classe”, provoca Stédile, contextualizando que, em outros períodos do Brasil, por vezes os projetos se confundiam, devido ao interesse da burguesia industrial pela reforma agrária, para a criação de mercado interno, uma situação inexistente nos dias de hoje. “No modelo do agronegócio não há espaço para o camponês. Não precisamos existir para o agronegócio ganhar seu dinheiro”, comenta.

6) O tema dos agrotóxicos deixa o modelo do agronegócio e transnacionais de calças curtas.

Na minha avaliação: tentou fazer análise, mas repetiu a velha cartilha do chamado marxismo vulgar. A velha dicotomia (até tentou, na leitura do processo eleitoral, achar frações de classe, mas só) entre duas classes sociais (como o mundo seria mais simples se isto fosse realidade!), pensa que o agrotóxico é projeto do "capital" (como se já não existissem pesquisas de ponta financiadas por inúmeras empresas do agronegócio que pretendem ampliar o mercado e produtividade de produtos orgânicos) e, ainda, acredita que os movimentos sociais estão em quase-ascensão. Um mundo róseo.

Nenhum comentário: