segunda-feira, 28 de junho de 2010

DEM já é tratado como peso morto


O erro de Serra é ser indeciso e grosseiramente pragmático. Mas ele sinalizou algo que todos analistas políticos já vaticinaram: o DEM (ex-Arena e ex-PFL) acabou ou está em vias de fechar as portas. Dificilmente chega às próximas eleições municipais. A tendência é uma reestruturação geral do sistema partidário brasileiro. Já noticiei as conversas para criação de um novo partido envolvendo os democratas, parte dos tucanos não paulistas e pequenos partidos. Luis Nassif sugere que os pequenos partidos formarão pequenos blocos nas extremidades do espectro ideológico. Se estiver certo, PMDB, PT e PSDB se aproximam, ao centro. Se o boato de formação deste novo partido for verdadeiro, a polarização PT/PSDB continuará por mais um período, tendo o PV de Marina Silva correndo por fora. O novo partido deverá agregar outras agremiações significativas, como o PPS. Este - o PPS - é um partido que me intriga. Aliou-se de tal maneira ao serrismo que se tornou linha auxiliar dos tucanos paulistas. Acredito que mereceria outro destino, mais independente, pelo passado que carrega. PSB e PDT fizeram tanta algazarra que começam a caminhar nas trilhas do PPS.
Enfim, as opções partidárias representam mais grupos de interesses que reflexo do pensamento político ou ideais disseminados na sociedade brasileira. Os partidos nunca estiveram tão longe da política real como hoje. São ficções, do ponto de vista da representação social. Representam a si mesmos.

2 comentários:

Marcelo Delfino disse...

Não sei se você concordará, mas ficará sabendo disso, Rudá. Acredito que faltam ao menos dois partidos políticos programáticos no Brasil. Um seria um partido de linha nacionalista e desenvolvimentista, que rejeitasse ao mesmo tempo o liberalismo, o socialismo e o comunismo. O outro seria um partido assumidamente direitista e liberal ou neoliberal. Os dois partidos teriam que formular políticas alternativas de Governo e de desenvolvimento.

Nenhum desses partidos que está aí serve para este segundo caso, porque os partidos de direita não se assumem, os liberais ou neoliberais são envergonhados (o próprio DEM é o Partido da Frente Liberal tirando o liberalismo até do nome) e os outros partidos direitistas são fisiológicos demais, se aliando até com a esquerda para ficar com o poder.

Você pode achar uma heresia, mas há de convir que é necessário que haja direita. Se a esquerda ficar sozinha, é um passo para o autoritarismo. Se ficar só a esquerda, quem a esquerda derrotará nas eleições?

Essa eleição de Dilma Rousseff não terá a menor graça, porque os direitistas são adversários mortos e uma piada de mau gosto. Imagine quando não houver mais direita!

Rudá Ricci disse...

Marcelo,
Eu sempre defendi a necessidade de um partido de direita no Brasil, inclusive neste blog. Sem ele, a direita não se revela publicamente. Além disto, perdemos democraticamente. A cultura política brasileira é conservadora.