sábado, 24 de julho de 2010

Ainda sobre o Datafolha


Uma breve análise da Folha de hoje afirma que não ocorreu nada no último período (a não ser na micropolítica, destaca) que alterasse o cenário de empate entre os dois principais candidatos. Interessante que o jornal O Globo, no Panorama Político, informa que integrantes do staff serrista admitem que a radicalização dos ataques de seu bloco ocorreu para fidelizar eleitores mais conservadores que estavam em vias de serem "abduzidos pelo governismo". Em outras palavras, havia movimentação efetiva na campanha, para além da micropolítica (seja lá o que a Folha quer dizer com esta expressão, empregada por Guatarri anos atrás).
O que importa, nesta altura da campanha, é a movimentação e mobilização dos operadores da política de cada candidato, antes da entrada da TV. E não se pode desprezar como a campanha de Serra ficou desmobilizada com a história do vice. Houve bate-cabeça, não ocorrendo o mesmo entre lulistas. Portanto, a tese da Folha é frágil.
Mas teremos, agora, como acompanhar o desenrolar de duas séries históricas: a da Vox Populi (acompanhada pela Sensus) e a da Datafolha. O IBOPE esteve oscilando entre as duas.

3 comentários:

josé lopes disse...

Os Amigos do Presidente Lula

O Datafolha e a necessidade de auditoria

24 de julho de 2010
Bem , depois de me desintoxicar um pouco deste mundo de manipulação e propaganda, acho que é possível, de maneira bem calma e racional, mostrar a vocês como o Datafolha perdeu qualquer compromisso com a ciência estatística e passou a funcionar com uma arrogância que não se sustenta ao menor dos exames que se faça sobre os resultados que apresenta.


A primeira coisa que salta aos olhos é o problema gerado pela definição da área de abrangência e, por consequencia, da amostra. Ao contrário do que vinha fazendo nas últimas pesquisas, o Datafolha conjugou pesquisas estaduais e uma pesquisa nacional.


O resultado é um monstrengo, uma verdadeira barbaridade estatística. E as provas estão todas no site do TSE ao alcance de qualquer pessoa. E do próprio Tribunal e do Ministério Público Eleitoral.


Vejamos a mecânica da monstrengo produzido pelo Datafolha.


Dia 16 de julho, o Datafolha (já usando esta razão social e não mais Banco de Dados São Paulo, como usava antes) registrou, sob o número 19.890/ 2010, uma pesquisa nacional de intenção para presidente. Nela, ao relatar a metodologia, o instituto abandonou os critérios tradicionais de distribuição da pouplação brasileira e “expandiu” as amostras dois oito estados.


No próprio registro há a explicação: “Nessa amostra, os tamanhos dos estratos foram desproporcionalizados para permitir detalhamento de algumas unidades da federação (UF´s) e suas capitais. Nos resultados finais, as corretas proporções serão restabelecidas através de ponderação. A amostra nos estados em que não houve expansão foi desenhada para um total de 2500 questionários.


Continua...

josé lopes disse...

Continuação...

E quantos somavam os “estratos desproporcionalizados”? Está lá: As UF´s onde houve expansão da amostra foram: SP-2040 entrevistas (1080 na capital), RJ-1240 entrevistas (650 na capital), MG-1250 entrevistas (400 na capital) , RS-1190 entrevistas (400 na capital), PR-1200 entrevistas (400 na capital), DF-690 entrevistas, BA-1060 entrevistas (400 na capital), PE-1080 entrevistas(400 na capital). A soma, portanto dá 9750 entrevistas, de um total de 10.730.


Logo, sobraram para todos os 19 demais estados brasileiros 980 entrevistas.


Qualquer estudante de estatística sabe que você não pode misturar critérios de amostragem para partes do mesmo universo e, no final, “ponderar” pelo peso de cada uma destes segmentos no total. Da mesma forma que não se pode pegar uma parte de uma amostra nacional e dizer que, no Estado X, o resultado é Y.


O resultado será viciado pela base amostral distorcida.


Mas o Datafolha não parou aí. Esta pesquisa “nacional” (protocolo 19.890/2010) foi registrada tendo como contratantes a Folha e a Globo, com o valor de R$ 194 mil. Cada uma dos ” estratos desproporcionalizados” foi registrado, no dia 19 último, como uma pesquisa “separada”. Veja:

Continua...

josé lopes disse...

Continuação...

Protocolo 20158/2010 - Paraná, 1.200 entrevistas, contratada pela Empresa Folha da Manhã S/A. e Sociedade Rádio Emissora Paranaense S/A. por R$ 76 mil;


Protocolo 20125/2010 - Distrito Federal, 690 entrevistas, contratada pela Empresa Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 70.900;


Protocolo 20141/2010 - Rio Grande do Sul , 1.190 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e RBS – Zero Hora Editora Jornalística S/A por R$ 68 mil;


Protocolo 20124/2010 - Bahia , 1.060 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. por R$ 80.258;


Protocolo 20164/2010 - São Paulo , 2.040 entrevistas, contratada pela Empresa Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 74.100 (mais que o dobro por entrevista que na Bahia).


Protocolo 20140/2010 - Pernambuco , 1.080 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 65 mil;


Protocolo 20132/2010 - Minas Gerais , 1.250 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 80 mil;


Protocolo 20161/2010 - Minas Gerais , 1.240 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 68 mil.


Somando todos os valores declarados de contratação chega-se à bagatela de R$ 776.258 reais. Interessante, não?


Mais interessante ainda é o fato de que, nos protocolos listados acima, que você pode consultar na página do TSE , preenchendo o número correspondente, o Datafolha nem sequer se preocupou em depositar, como manda a lei, o questionário específico. Fez como o Serra, que mandou entregar no Tribunal ,como programa, o discurso que fez na convenção. Colocou uma cópia do questionário “nacional”, onde não há perguntas sobre candidatos a governador ou senador.


O Datafolha trata as exigências legais como um “detalhezinho” sem importância, “vende” a mesma pesquisa em nove contratos diferentes – seria bom ver os recibos destes pagamentos, não? – e deposita questionários imcompletos, aos lotes.


Portanto, a análise da pesquisa Datafolha não deve ser estatística. Deve ser jurídica. O douto Ministério Público Eleitoral, que não aceita intimidações de quem quer que seja, bem que poderia abrir um procedimento para apurar todos os fatos que, com detalhes, estão narrados acima. Do blog do Brizola Neto
Por: Helena ™ . Sábado, Julho 24