quarta-feira, 28 de julho de 2010

Crescimento Econômico e Justiça Social


De volta à BH, comento um pouco mais sobre o seminário que participei na sede do BNDES. Minha exposição esteve centrada em dois aspectos: justiça social relaciona-se com controle social e educação. A partir daí, descrevi e analisei o retrocesso em relação aos dois temas durante as gestões Lula. Não avançamos um milímetro em termos de controle social (retrocedemos, inclusive, em relação a algumas tímidas iniciativas do primeiro ano de gestão, como o Talher - Programa Fome Zero - e as audiências públicas do PPA. Na educação, o foco na melhoria dos indicadores do IDEB resultaram em aumento de controle sobre resultados das escolas, diminuindo agressivamente a autonomia de diretores e professores de escola em detrimento de estudos sobre fatores de piora de desempenho. O foco em resultado (e não no processo de aprendizagem) é um erro típico das gestões pedagógicas atrasadas, denominadas na literatura especializada de tradicionais.
a fala da professora Beatriz David (UERJ) foi muito interessante. Apontou como os indicadores de desenvolvimento convergem para consolidação de políticas de transferência de renda sem emancipação social. Pior, acabam por compor um quadro coerente que consolida um círculo vicioso baseado numa pauta de exportação concentrada em commodities que, por sua vez, não exige qualificação profissional da mão-de-obra local. Daí os problemas relacionados à educação, que havia apontado.
Enfim, vivemos um processo clássico de modernização conservadora em que as políticas de transferência de renda deslocam renda entre assalariados, não tocando na concentração dos estratos mais abastados da sociedade. Daí a desigualdade social aumentar em nosso país. Uma sociedade em que os dois extremos (os mais abastados e os menos abastados) foram beneficiados, achatando a participação dos segmentos médios na participação da renda nacional.

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