quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ainda sobre políticas sociais do governo Aécio


Falar sobre ações do governo Aécio na área social é contestar o marketing oficial. Mas todos dados oficiais revelam que as diferenças regionais não diminuíram. Pelo contrário. Cito, como exemplo, dados oficiais sobre infraestrutura escolar no Estado, disponíveis no Atlas da Educação de Minas Gerais. As regiões com menor IDH possuem 30% mais escolas sem quadras, bibliotecas e outros equipamentos básicos que as outras regiões mineiras.
Mas o que me parece incontestável é a focalização e fragmentação das ações governamentais. Um levantamento que realizei em 2009 revelou que dos 35 programas da SEDESE (Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, hoje SEDS), apenas seis beneficiam mais de 1.000 pessoas/ano e 24 não atendem diretamente seu público-alvo ou são efetivamente estaduais (e não renomeação de programas federais). A multiplicidade de pequenos programas sociais estatais, cujo impacto e cobertura é similar a de ONGs locais ou regionais, se prestou ao marketing. Porque todos segmentos sociais vulneráveis, em tese, são atendidos. Mesmo que os beneficiados possam caber numa kombi. Em termos de localização, os dados disponíveis eram incompletos, mas a região metropolitana de Belo Horizonte, Governador Valadares, seguido por algumas localidades do Vale do Jequitinhonha foram as regiões mais citadas. Logo após a audiência pública que discutiu o plano decenal da educação (março de 2009), houve troca do comando da Secretaria. Mas a realidade foi pouco alterada.
Não por outro motivo, a estrela em alta de Aécio Neves começou a declinar ao longo de 2009. A agenda política mudou e o Estado de MG tinha pouco a oferecer. A ausência de políticas sociais consistentes e o "laissez faire, laissez aller, laissez passer" econômico em sua gestão, que acabou afetando duramente a arrecadação em 2009, debelaram o projeto Aécio (além da disputa entre Nárcio Rodrigues e Danilo de Castro que fizeram sangrar a articulação política aecista no interior do Estado).

2 comentários:

André Egg disse...

Considero que o Aécio foi duramente derrotado nas eleições municipais de 2008 - a única grande vitória ninguém sabe se é dele ou do Pimentel.

Tenho parentes que são comerciantes em Governador Valadares, e se queixam muito da derrama fiscal implantada na gestão de Aécio (como Serra também fez em São Paulo).

Álbano Silveira Machado disse...

Os programas sociais do Aécio focalizaram ações em aquisição de móveis/equipamentos e construções nem sempre destinadas a políticas sociais.
O Travessia é um exemplo. Os municípios participantes (do Vale do Jequitinhonha/Mucuri, /Rio Doce e norte de Minas) tiveram à disposição R$ 800 mil para realizaem projetos sociais. A grande maaioria apresentou a realização de pavimentação de vias públicas, o que foi prontamente aprovado pela SEDESE. Justificativa: qualquer obra de infra nas regiões empobrecidas seriam justificadas como de cunho social.
Na área de educação, houve um investimento claro em construções, reformas de escolas e equipamentos, descuidando-se da área pedagógica, formação e valorização salarial dos trabalhadores da educação.