quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Crise no Equador (3)

Crise no Equador (2)

Notícias do Equador


Há informações desencontradas sobre a crise no Equador.
De um lado, o presidente da Associação Equatoriana de Rádio, Otto Sonnenholzner Sper, afirmou, em entrevista ao UOL Notícias, que a ação de hoje não é tentativa de golpe. Para ele, trata-se de uma revolta e greve da polícia, o que colocou o país em estado de insegurança absoluta. “Um número incontrolável de delinquentes agora estão nas ruas assaltando bancos, saqueando supermercados já que a polícia está paralisada. Isso está ocorrendo em Quito, em Guayaquil, em todo o Equador”, disse.
Por outro lado, várias ongs e veículos de informação da América Latina sugerem o golpe. Afirmam que o Presidente Rafael Correa foi agredido por policiais e lançaram bombas de efeito moral contra a sede do governo federal. O boletim "RESUMEN LATINOAMERICANO" chegou a convocar a reação ao golpe. Noticia que a aeronáutica também teria se associado ao golpe e ocupado aeroportos. A reação, inicialmente de policiais, protestava contra o corte de benefícios e incentivos profissionais aprovado pela Assembléia Nacional.

A política como ela é

Artigo da semana: eleição e a questão meridional

Eleições 2010 e a Questão Meridional
Por RUDÁ RICCI

Chegamos às portas das eleições 2010. Há muito em jogo, principalmente para as intenções do lulismo e para sua oposição. Qualquer que seja o resultado, o Brasil do dia 4 será muito distinto politicamente. Em caso de segundo turno, o lulismo sofrerá um arranhão que dará sobrevida à oposição. Em caso de vitória do lulismo no primeiro turno, a oposição estará desmantelada e as acusações mútuas não serão mais contidas. O lulismo governará como força absoluta por mais quatro anos, podendo influenciar nas eleições municipais que ocorrerão dois anos depois. Projeção do DIAP sugere que as forças governistas terão ampla maioria na Câmara Federal e no Senado.
O tema sociológico mais instigante, contudo, é que esta eleição desnudou a nossa sempre aguda questão meridional. Gramsci é o autor mais citado quando esta divisão nacional emerge na pauta política nacional. Para o autor italiano, a contradição (ou oposição) regional significava mais que uma condição social desigual, mas também uma contradição entre classes. Afirmava que a unificação do território nacional (que foi tardio na Itália em relação aos outros países europeus, com exceção da Alemanha) gerou migração do dinheiro líquido de uma região para outra. Numa elaboração que parece ter como foco o Brasil, Gramsci critica a acusação que a porção menos abastada da Itãlia seria marcada pela falta de iniciativa. Ao contrário, afirma que a desigualdade territorial teria sido fundada nas opções do Estado monárquico e no capitalismo setentrional. Em suma, um assalto do Estado por forças industriais atrasadas politicamente. Chega a afirmar que houve saque da burguesia do norte dos impostos e recursos naturais do sul, explorando mão-de-obra barata e concentrando a riqueza industrial numa porção do território nacional. O Estado teria se constituído a partir de uma burocracia formada por indivíduos capturados dos grupos dirigentes do território conquistado.
Embora caricatural, a descrição de Gramsci dá pistas para entender a questão meridional brasileira, expressa na disputa eleitoral deste ano e que revela, ainda, o motivo da popularidade do lulismo. A questão meridional foi tema de Celso Furtado e Chico de Oliveira, dentre tantos. O que interessa compreender é que desde o governo FHC, houve um lento processo de transferência de pólos industriais para o nordeste e norte do país, tendo na instalação de uma planta industrial da Ford na Bahia como emblema. Assim como foi se consolidando o centro da agroindústria nacional num território peculiar do país que agrega centro-oeste, Triângulo Mineiro e região de Ribeirão Preto. Faltava, contudo, criar condições para a emergência de um mercado consumidor significativo da porção marginalizada do território nacional. O lulismo promoveu este “milagre” da inserção pelo consumo. Lembremos que o Bolsa Família concentra-se no nordeste (47% dos benefícios).
O professor da Universidade Federal de Alagoas, Cícero Péricles, revelou que nos últimos seis anos mais de 400 mil nordestinos retornaram à sua cidade de origem. Em parte, segundo Péricles, reflexo do Bolsa Família e da Previdência, mas não só. Segundo o PNAD/IBGE, o trabalhador nordestino conseguiu contribuir para a diminuição das desigualdades de renda entre as regiões em 2008, mas ainda segue com o menor salário das cinco regiões brasileiras. A renda média mensal do trabalhador no Nordeste chegou a R$ 685 - pouco mais da metade da média nacional no ano, que ficou em R$ 1.036. No Piauí, que apresenta o pior índice entre os Estados, essa renda foi de apenas R$ 586. Em 2008, o trabalhador da região obteve o maior ganho de rendimentos, de 5,4%, enquanto no país esse aumento foi de 1,7%. Em 2008, a região Nordeste foi a que apresentou a maior redução no grupo de um a três anos de estudo dos trabalhadores (-12,9%) e segundo maior ingresso de pessoas no mercado de trabalho com mais de 11 anos de estudo (11,2%), só perdendo para a região Norte (11,9%). No país, esse crescimento foi menor (8,5%). Mas a pesquisa revela que a concentração de rendimentos entre os que ganham mais cresceu entre 2007 e 2008 no Nordeste, ao contrário do que ocorreu no Sul, Sudeste e Norte.
A mudança do patamar social e prestígio do centro-norte do país ficaram plasmados na figura do Presidente da República. Ocorreu uma identidade de origem e trajetória pessoal. A figura de José Serra como candidato da oposição apenas contribuiu para reforçar a identidade que já era forte entre Lula e a emergência do mercado consumidor interno, de massas e faminto.
O que o centro-sul não compreende é que o centro-norte carrega a mágoa das zombarias infantis que sempre foram desferidas a eles pelo centro-sul: indolência, falta de ambição, atraso, falta de instrução, território do coronelismo e curral eleitoral, baixo processo civilizatório.
A eleição 2010 expressou o troco da mágoa do centro-norte e a revolta da aristocracia política do centro-sul. Por vezes, o discurso dos sulistas me fez recordar o desespero e revolta da aristocracia italiana estampadas nas páginas de O Leopardo, de Tomasi de Lampedusa. No livro, entretanto, Don Fabrizio demonstra sabedoria e resignação em relação ao que lhe parece inevitável, a mudança do perfil social de seu país. No Brasil, estes predicados do velho aristocrata italiano não parecem tão evidentes.

A boca do jacaré está fechando

Do UOL:
Segundo pesquisa nacional do Datafolha, encomendada pela Folha e pela Rede Globo e realizada ontem e anteontem com 13.195 eleitores, Dilma oscilou positivamente um ponto em relação ao último levantamento e tem 52% dos votos válidos na projeção para o primeiro turno. Seu principal adversário, José Serra (PSDB), oscilou um ponto para baixo e tem hoje 31% dos votos válidos. Marina Silva (PV) também variou negativamente um ponto, e está com 15%.

O UOL publica, ainda, chamada em que afirma que o último ato de campanha de Serra, em São Paulo, foi esvaziado. O fato, em si, não diz absolutamente nada em termos de campanha, mas diz em relação à linha editorial do UOL.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O crescimento de Marina Silva


Vários analistas comentam o crescimento, lento e gradativo, da candidatura de Marina Silva. Nada garante, até o momento, que este crescimento forçará o segundo turno e muito menos que a faça ultrapassar José Serra. Mesmo assim, é um fenômeno dos mais importantes. A hipótese mais citada entre analistas é seu crescimento entre evangélicos. O lulismo divide este eleitorado, mas as acusações dos últimos dias a respeito da religiosidade de Dilma Rousseff parecem surtir efeito. Trata-se de um voto recatado, fiel (perdão pelo trocadilho), comunitário (não público). Uma importante fatia do Brasil que é muitas vezes desconsiderado em sua força, como ocorre em relação á música sertaneja (que fique claro: não gosto de música sertaneja que é um pastiche de pop com música caipira). Se esta hipótese está correta, Marina acertou, talvez involuntariamente, o seu principal trunfo no final da campanha. Eu havia apostado nesta trilha eleitoral no início da campanha. A candidata verde, contudo, insistiu no projeto ambiental-desenvolvimentista que conquista intelectuais, mas não o voto das massas urbanas emergentes.

Projeção DIAP para a Câmara Federal

Projeção DIAP para o Senado

O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) acaba de concluir seu prognóstico para a eleição de 2/3 do Senado (54 das 81 cadeiras) neste pleito de 2010:

Índice de renovação
O índice de renovação, a julgar pelos postulantes à reeleição, será muito elevado, porém inferior ao das duas últimas eleições em que duas das três cadeiras de cada Estado no Senado estavam em disputa. (...) Em 2010, o prognóstico do DIAP é que entre 15 e 20 senadores consigam renovar seus mandatos, numa renovação mínima de 72,22% e 62,96% das vagas em disputa e máxima de 48,15% e 41,97% da composição total do Senado.
Bancadas por partido
As futuras bancadas do Senado, tendo por parâmetro a atual composição partidária, sofrerão pequenas oscilações, para cima ou para baixo. A oposição será a principal prejudicada. A tendência é que PT, PSB e PP cresçam e DEM, PSDB, PMDB, PTB, PDT e PR reduzam suas bancadas, conforme segue:
O PMDB, que atualmente possui 18 senadores, renova 15 cadeiras neste pleito, permanecendo apenas três senadores com mandato até 2015. A tendência é que eleja entre 12 e 14 senadores em outubro, ficando com uma bancada entre 15 e 17 na próxima legislatura. Apesar de perder entre um e três senadores em relação à composição atual, a tendência é que continue como a maior bancada a partir de fevereiro de 2011.
O PSDB, atualmente com 14 senadores, renova nove cadeiras, permanecendo cinco senadores com mandato até 2015. A tendência é que eleja entre 7 e 8 senadores, ficando com uma bancada entre 12 e13, perdendo um ou dois senadores em relação à composição atual.
O DEM, com 14 senadores, será o mais prejudicado. Perderá entre três e quatro senadores em relação à composição atual. Permanece com seis senadores com mandato até 2015 e tende a eleger entre 4 e 5 senadores, podendo chegar a uma bancada entre 10 e 11 senadores.
PTB, PDT, PR e PRB, respectivamente com sete, seis, quatro e dois, tendem a perder entre um e dois senadores cada. O PTB só não perde mais porque cinco dos sete atuais senadores possuem mandato até 2015, enquanto o PDT tem apenas dois e o PR somente um com mandato até 2015. O PRB elegerá, no máximo, um senador.
O PT, que atualmente possui nove senadores, sendo que sete deles encerram seus mandatos em 2011, remanescendo apenas dois com mandato até 2015, poderá eleger entre 11 e 13 neste pleito, chegando a uma bancada entre 13 e 15 senadores. Sai de quarta para a segunda bancada, superando PDSB e DEM, ficando atrás apenas do PMDB.
O PSB dará um bom salto, saindo de dois para entre quatro e cinco senadores. Já o PP, que possui apenas um, ficará com entre dois e quatro senadores na próxima legislatura. O PCdoB, que tem um senador com mandato até 2015, poderá eleger até mais dois.
PSC, PSol, PV, PMN e PPS elegeriam, no melhor cenário, um senador cada.

Análise de Gaudêncio Torquato

Do twitter:
GaudTorquato Minha análise é esta:não acredito em perdas significativas de votos p/parte de Dilma. Mas acho q/imponderável existe. Eventos incontroláveis

O incrível mundo maluco dos Roriz

IBOPE: pesquisa similar ao dado do Vox Populi


Pesquisa realizada pelo Ibope sob encomenda da CNI (Confederação Nacional da Indústria) nos dias 25 a 27 de setembro indica que Dilma Rousseff (PT) está com 50% contra 41% de todos os seus adversários somados. Se a eleição fosse hoje, a petista venceria no primeiro turno.
Fernando Rodrigues, da UOL, comenta:
Essa pesquisa Ibope foi realizada ao longo de 3 dias (25, 26 e 27). Não pode ser comparada com a pesquisa Datafolha, realizada apenas no dia 27 e que deu Dilma com 46%, Serra com 28% e Marina com 14%.

O que parece certo é que Marina vem crescendo lentamente, na mesma proporção que caem os indecisos. Contudo, Serra e Dilma parecem estáveis. E faltam apenas 4 dias para as eleições. Parece que já dá para ver os contornos do jacaré que vai quebrar seus dentes.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Datafolha X Vox Populi: a boca do jacaré ainda aberta


Datafolha e Vox Populi continuam divergindo. Para o Datafolha, Dilma tem apenas 1% de garantia para terminar a eleição no primeiro turno. Para o Vox Populi a diferença continua de 12%. Nas suas pesquisas, não se observou nenhuma tendência de queda de Dilma, que oscial entre 49% ae 51%. Serra permanece na faixa de 20 a 25%. No momento está em 22%.
A diferença entre os dois institutos é gritante. Se um dos dois tiver que fechar a boca do jacaré vai quebrar seus dentes.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Para entender os números do tracking abaixo

Os dados divulgados pelo Vox Populi indicam que Dilma e Serra estão estáveis (não confundir a intenção com votos válidos). Queda de 1% de indecisos e subida de 1% na intenção de votos de Marina. Mas Dilma continua com a mesma margem de vitória no primeiro turno.

Mais um tracking Vox Populi

A estranha mudança dos dados do tracking

Copiei da mesma fonte os dados a respeito dos votos válidos do tracking do Vox Populi. Logo fui alertado que o dado que divulguei não estava correto. Fui até a mesma fonte e encontrei uma mudança na tabela. Resolvi socializar (ver nota abaixo) a tabela revisada e deixei (mais abaixo) a tabela que havia copiado da mesma fonte. O leitor deste blog que tire suas conclusões. Mas está difícil sobreviver como analista político nesta radical partidarização que tomou os centros de pesquisa e grande imprensa.

Tracking Vox Populi

Tiririca, o Cacareco do Século XXI


Cacareco foi um rinoceronte do Zoológico de São Paulo que, nas eleições de outubro de 1959 para vereador da cidade, ganhou cerca de 100 mil votos. À época, a eleição era realizada com cédulas de papel e os eleitores escreviam o nome de seu candidato de preferência. Tiririca parece ter um destino parecido. A questão é que este voto debochado é recorrente na política tupiniquim. Trata-se de um voto cínico, mas também de identidade. Em São Paulo ouvi muitos taxistas dizendo que votam em Tiririca e Netinho. Embora sempre ressalvando que não gostam de homem que bate em mulher, logo concluíam: "mas Netinho é periferia". Um voto de identidade entre outsiders, entre marginais da grande festa da política. Alguém que entra declaradamente pela porta dos fundos para colocar água no espumante e mostarda no caviar. Uma resposta: "já que precisam de nosso aval para a festa que fazem por lá, vamos votar em alguém que revela a bagunça desde as eleições".
A política brasileira, afinal, se revela uma grande Tiririca. Sem ofensas ao futuro "otoridade".

domingo, 26 de setembro de 2010

Breve balanço do que vi em SP e sul do Brasil


Dez dias correndo o oeste paulista e o sul do país. Aproveitei meus compromissos profissionais para entender um pouco como se comportava a porção do país que por grande tempo se inclinou a votar em Serra (ou na oposição ao lulismo).
O que posso testemunhar, de maneira impressionista, é o que se segue:
1) Santa Catarina e São Paulo são efetivamente os Estados mais anti-lulistas;
2) São Paulo, contudo, parece ter descartado Serra nas campanhas, reforçando as candidaturas parlamentares e ao governo paulista. Há registros de brigas (com socos e guarda-chuvadas)entre coordenadores da campanha de Serra e de Alckmin no interior paulista). Brigas de rua!
3) Em Santa Catarina há uma nítida disputa entre duas correntes mais conservadoras da política local: DEM (Borhausen) e PP (Amin). A esquerda entra de maneira acanhada nesta seara;
4) Paraná é uma grande confusão. Mas a crescida da candidatura Osmar Dias (PDT, apoiada por Lula) e abandono do nome de Serra nas ruas, além do racha provocado por Ricardo Barros (PP) com Beto Richa (PSDB), revela a força do lulismo por lá. Uma entrada que começou no segundo mandato de Lula;
5) O RS, como já noticiei aqui, avermelhou. Tarso vence no primeiro turno. No meu último dia em Porto Alegre ouvi durante uns 10 minutos o foguetório do comício final da campanha de Dilma e Tarso (que contou com a presença de Lula). No senado, PP e PT. Confesso que gostaria de ver Rigotto no Senado. Mas parece que não vai dar. E Dilma mantém margem de liderança sobre Serra, embora com folga menor que em outros Estados (como RJ, BA, PE, entre outros).

Acabou


Os dados do Vox Populi (ver nota abaixo) dão o tiro de morte na possibilidade de segundo turno. Serra teria que retirar mais de 1,5 milhão de votos por dia de Dilma. O número de indecisos começa a diminuir, o que é mais que normal, mas a intenção de voto em Dilma continua estável.
Na quarta-feira três institutos de pesquisa divulgarão os resultados da investigação captada no início desta semana. Será o momento da "boca do jacaré fechar", como dizia jocosamente Leonel Brizola. O Datafolha, não tenho dúvidas, teve sua reputação maculada nesta eleição. Revelou uma metodologia frágil e teve que corrigir seus dados por duas vezes. Possivelmente fará o mesmo na quarta-feira. Nenhum instituto de pesquisa acusou diminuição de diferença entre Dilma e Serra acima da margem de erro como o fez o Datafolha. Nesta briga particular, o Vox Populi ganhou a briga deste ano. Basta ler as citações a respeito das opiniões de Marcos Coimbra e compará-las com Paulinho (do Datafolha) e Montenegro (do Ibope). Coimbra foi incisivo e constante. Os outros dois tiveram que se explicar o tempo todo e Montenegro virou motivo de chacota nacional.
Seria mesmo difícil acreditar que a campanha de Serra empolgaria no final da campanha ou que Marina cresceria acima de 15%. Não há motivo plausível para tal reviravolta. E o arco de alianças montada por Lula é muito sólida, com inserção no território nacional. Esta capilaridade é que garantiu o crescimento e estabilidade no topo da candidata lulista.

Tracking Vox Populi: a eleição presidencial já está decidida

A imprensa brasileira partidarizou de vez

A imprensa brasileira caminha para o chavismo às avessas. Uma pena. Só espero que fiquem nos editoriais.

Em editoriais, Folha e Estadão se posicionam sobre sucessão

Gilberto Nascimento
Em editoriais em suas edições deste domingo (26), os jornais Folha de S.Paulo e o Estado de S.Paulo se posicionaram a respeito da sucessão presidencial no País. A Folha e o Estadão reagiram às críticas à imprensa feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Estadão declarou apoio ao candidato do PSDB à presidência da República, José Serra. A Folha criticou o presidente Lula e a "candidata oficial", Dilma Rousseff, do PT, e disse procurar manter uma orientação de "independência, pluralidade e apartidarismo editoriais". Os dois jornais manifestaram oficialmente sua posição três dias depois de o presidente Lula afirmar, em entrevista exclusiva ao Terra, que a comunicação no País "é dominada por nove ou dez famílias" e que a imprensa "tem candidato e partido". Lula afirmou que os meios de comunicação deveriam manifestar claramente sua posição, em vez de defenderem "uma neutralidade disfarçada".
Estadão
Intitulado "O Mal a Evitar", o editorial do Estado de S. Paulo diz que "com todo o peso da responsabilidade (...), o Estado apoia a candidatura de José Serra à presidência da República". O jornal ressalta o "currículo exemplar de homem público e pelo que ele (Serra) pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos". O jornal diz que Serra "é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País".
Com o apoio, o jornal rechaça a acusação do presidente Lula de que a imprensa "se comporta como um partido político". "Há uma enorme diferença entre se comportar como um partido político e tomar partido numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento se não à própria sobrevivência da democracia neste País", afirma o editorial, que cita Lula como "chefe de uma facção que tanto mais sectária se torna quanto mais se apaixona pelo poder". No editorial, o Estadão ainda diz que "Lula e seu entorno" escolhem os piores meios "para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder" e cita as recentes denúncias de tráfico de influência na Casa Civil - o que culminou na demissão de ministra-chefe Erenice Guerra - e o "solapamento das instituições sobre as quais repousa a democracia - a começar pelo Congresso". Ao final do texto, o Estadão avalia que a idéia de que Lula "é o cara" hipnotiza os brasileiros e serve como "mau exemplo que permite a qualquer um se perguntar: 'Se ele pode ignorar as instituições a atropelar as leis, por que não eu?' Este é o mal a evitar". Além de dizer que Dilma é uma "invenção" de Lula, o jornal pede uma reflexão aos eleitores. "O que estará em jogo, no dia 3 de outubro, não é apenas a continuidade de um projeto de crescimento econômico com a distribuição de dividendos sociais (...) o que o eleitor decidirá de mais importante é se deixará a máquina do Estado nas mãos de quem trata o governo e o seu partido político como se fossem uma coisa só". O jornal pondera os lados positivos do governo Lula, "como no desenvolvimento econômico quanto na ampliação de programas sociais", mas considera que, ao mesmo tempo, houve a "desconstrução historicamente frágil no Brasil, mas indispensável para a consolidação, em qualquer parte, de qualquer processo de desenvolvimento de que o homem seja sujeito e não mero objeto".
Folha
A Folha não deu apoio a qualquer candidato e, em texto em sua primeira página intitulado "Todo poder tem limite", ressaltou que procura manter uma orientação de "independência, pluralidade e apartidarismo editoriais", o que redunda, segundo o jornal, "em questionamentos incisivos durante períodos de polarização eleitoral". O jornal critica duramente o presidente e a candidata Dilma Rousseff. Para a Folha, Lula e Dilma "têm-se limitado até aqui a vituperar a imprensa, exercendo seu próprio direito à livre expressão, embora em termos incompatíveis com a serenidade requerida no exercício do cargo que pretendem intercambiar". Ao final do editorial, o jornal afirma que "tentativas de controle da imprensa" serão repudiadas: "Fiquem ambos advertidos, porém, de que tais bravatas somente redobram a confiança na utilidade pública do jornalismo livre. Fiquem advertidos de que tentativas de controle da imprensa serão repudiadas - e qualquer governo terá de violar cláusulas pétreas da Constituição na aventura temerária de implantá-lo". A Folha diz que "vai longe o tempo" em que maiorias não seriam respeitadas no Brasil. "As eleições são livres e diretas, as apurações, confiáveis - e ninguém questiona que o vencedor toma posse e governa. Se existe risco á vista, é do enfraquecimento do sistema de freios e contrapesos que protege as liberdades públicas e o direito ao dissenso quando se formam ondas eleitorais avassaladoras, ainda que passageiras". E prossegue: "Nesses períodos, é a imprensa independente quem emite o primeiro alarme, não sendo outro o motivo do nervosismo presidencial em relação a jornais e revistas nesta altura da campanha eleitoral". O jornal ressalta ainda ter sido a imprensa quem revelou ao País que uma agência da Receita Federal em Mauá, no ABC paulista, teria sido "convertida em órgão de espionagem clandestina contra adversários". Foi também a imprensa "quem mostrou que o principal gabinete do governo, a assessoria imediata de Lula e de sua candidata Dilma Rousseff, estava minado por espantosa infiltração de interesses particulares". E acrescenta: "É de calcular o grau de desleixo com o dinheiro e os direitos do contribuinte ao longo da vasta extensão do Estado federal". Apesar das duras críticas, a Folha reconhece que "os altos índices de aprovação popular do presidente não são fortuitos". Para o jornal, os altos índices de popularidade de Lula refletem "o ambiente internacional favorável aos países em desenvolvimento, apesar da crise que atinge o mundo desenvolvido" e "os acertos do atual chefe do Estado".

sábado, 25 de setembro de 2010

A desidratação da oposição ao lulismo


Agora foi a vez de FHC admitir a vitória de Dilma. Em entrevista ao jornal britânico "Financial Times", o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu a possibilidade de Dilma Rousseff (PT) ser eleita presidente.
O que me preocupa não é necessariamente a derrota eleitoral da oposição. O que me preocupa é a desitratação de toda e qualquer oposição ao lulismo, incluindo várias facções do PT, das esquerdas, das lideranças populares do país. Um fenômeno híbrido porque não é exatamente populismo ou totalitarismo. Todo populismo desconsidera as instituições de representação. Prefere falar diretamente às massas. Lula gosta de falar diretamente, mas fortalece e negocia com sindicatos, partidos, ongs, igrejas. Não se trata, também, de um tipo de totalismo à la Chávez. Lula não mobiliza a população para intimidar a oposição. Ao contrário, desmobiliza qualquer iniciativa de ação de rua, de conflito. Está mais para um estilo neo-getulista, mas também não é exatamente uma cópia.
O lulismo é original neste ponto. Um amálgama do pragmatismo sindical, com perfil carismático e vanguardismo de esquerda, somado à uma forte crença no pacto social pelo desenvolvimento do mercado interno e indústria nacional. Não é exatamente estatizante, mas é orientador dos investimentos e fortalece as empresas estatais que considera estratégicas, com destaque para bancos estatais e área de energia. Mas não agiu assim em relação à telefonia móvel.
Acertou ponteiros com o grande empresariado, com a maioria dos partidos políticos, fará uma ampla maioria no Congresso Nacional e nos governos estaduais. Qual o espaço que terá qualquer oposição? Temo por uma espécie de personalismo político que se firme a partir de um bloco de poder avassalador. Não será chavismo, nem peronismo, nem castrismo. Terá "notas" de cada um, mas será mais: será o lulismo.

Imprensa européia tenta entender Lula


Às vésperas das eleições, a imprensa européia envia jornalistas para compreender o fenômeno Lula. Acabo de ser contatado pelo jornal La Vanguardia, de Barcelona, em função do meu livro sobre o Lulismo.

Matéria do jornal francês sobre Lula com minha entrevista

Matéria de jornal francês sobre Lula (1)

A tortuosa situação política de Santa Catarina


Aqui em Florianópolis a campanha eleitoral é das mais confusas para o eleitor. Tudo porque o PMDB rachou e o PT não conseguiu firmar um acordo com Luiz Henrique. Aí surge a possibilidade de retorno do que as pessoas com quem conversei denominam de "oligarquia política catarinense". Obviamente que se referem à "dinastia Borhausen".
Uma parte do PMDB apóia Raimundo Colombo (DEM) que é parte da estrutura de poder dos Borhausen. Parte apóia discretamente Ideli Salvatti (PT), por conta do acordo com Lula. A situação parece ainda mais confusa porque muitos petistas acreditam que Colombo disputará o segundo turno com Angela Amin (PP) e pensam em apoiá-la nesta eventual segunda rodada. A campanha de Ideli é muito criticada. Destacam os primeiros quinze dias de campanha na TV em que a candidata petista aparecia ao lado do "Louro José", caricatura do partner de Ana Maria Braga, no Mais Você da Rede Globo. Pelo que ouvi foi um daqueles exageros dos marketeiros yuppies que povoam a política tupiniquim. Também ouvi críticas ao pouco caso dos candidatos daqui com os programas de governo.
Resumindo: todos com quem conversei afirmaram que este é o Estado mais conservador do país, com índices de desigualdade piores que o Piauí (falaram assim mesmo, citando dados de saneamento básico) por conta do poder das oligarquias políticas. PMDB e PT poderiam alterar este panorama. Contudo, não se acertaram e estão divididos.

Próximas pesquisas de intenção de votos


Sensus/CNT (33103/2010)
IBOPE/CNI (33162/2010)
Datafolha/Folha-Globo (33119/2010)
Todas com divulgação na quarta-feira.

Estou em Florianópolis para uma rápida reunião com o pessoal do programa educação fiscal daqui. Embora fique pouco tempo, tentarei postar alguma notícia a respeito do clima eleitoral em SC.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Inveja da Suiça ou "e se Roriz fosse o ministro Hans-Rudolf Merz?"

Ficha Limpa: entre o judiciário e a política


A decisão de Roriz foi um tapa violento no TSF. Um descaso, uma ofensa, um escândalo. Revela o quanto a prática política se rebaixou em nosso país. Imagino o quanto se regojiza com sua alma de raposa, sua habilidade de dizer aos eleitores que entrem numa fraude eleitoral: ao votarem na sua esposa, votarão nele como governante. Já seria uma declaração machista e uma violência contra sua própria família. Mas foi mais longe porque ensina o eleitor a desvalorizar a lei, a burlar, a rir do resto do país.
A lição imposta por Roriz também revela um outro lado: como a tecnalidade do judiciário tupiniquim precisa pensar a política. Precisa pensar o impacto político de suas interpretações. Precisa aprender que são peças de um jogo social que envolve, no mesmo tabuleiro em que estão, os políticos.
Roriz ensinou que Direito e Política se completam.

Livrarias em Porto Alegre


Não resisti e fui até a livraria Érico Veríssimo horas antes de partir de Porto Alegre para Florianópolis. Trata-se de uma livraria e sebo. Das melhores. Comprei três livros: Os crimes da rua Arvoredo (do Arquivo Histórico do RS a respeito da absurda história - verídica - do açougue daqui que fazia linguiça com carne humana!!!), Pôrto Alegre: Crônicas da Minha Cidade (de Ary Veiga Sanhudo, 1961) e Rua da Praia (de Nilo Rushel, que havia esgotado e foi reeditado no ano passado).
Fiquei sabendo que muitas das livrarias maravilhosas de POA fecharam as portas. Uma delas virou papelaria, abaixo de uma sapataria. As mega redes de livrarias tomaram Porto Alegre. Lamento.

Roriz: STF decidiu deixar a candidatura sangrando


Do Correio Braziliense:
O ex-governador Joaquim Roriz (PSC) desistiu de concorrer ao Governo do Distrito Federal e lançou, em seu lugar, a candidatura de sua esposa, Weslian Roriz, também filiada ao Partido Social Cristão. A informação é confirmada pela assessoria de imprensa de sua filha, candidata a deputada distrital, Liliane Roriz (PRTB). Ainda segundo a assessoria, o candidato à vice-governadoria continua Jofran Frejat (PR). A filha de Roriz colocou a informação em seu twitter às 12h40. Segundo Jofran Frejat, a decisão de trocar os candidatos foi unânime entre os familiares e coordenadores de campanha de Roriz, que passaram a manhã de hoje reunidos. O candidato a vice destacou, ainda, que nenhum outro nome chegou a ser cogitado para tomar o lugar do ex-governador na cabeça da chapa. “É preferível manter o nome Roriz na disputa”. Frejat ressaltou a simpatia da nova candidata. Para ele, a coligação não ficará desfigurada com a escolha, ao contrário, ficará mais organizada “já que o STF decidiu deixar o Roriz sangrando”. O candidato à vice contou que Weslian Roriz chorou sem parar ao saber da escolha.

Carga Tributária no Mundo

A onda vermelha no RS

Fala-se muito da onda vermelha que atingiu Pernambuco. Mas aqui no RS ocorre a mesma onda. O jornal Zero Hora de hoje dá a medida (citando o Datafolha):
1. Governo do Estado: Tarso 46% (crescendo) e Fogaça 23% (em queda)
2. Senado: Ana Amélia (PP) 49% e Paim (PT) 45% (Paim saltou de de 41% para 49% em uma semana)
3. Presidência: Dilma 45% (estável) e Serra 36% (subindo).

Engraçado que sinto aqui em Porto Alegre algo da instrospecção mineira. Minas está rodeada de montanhas e melancolia portuguesa, mas tem um sol radiante. Aqui no extremo sul há algo da solidão das estâncias e do céu encoberto, nublado. De alguma maneira, sinto este intimismo na literatura dos dois Estados.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Porto Alegre


Estou em Porto Alegre, desenvolvendo uma oficina sobre educação fiscal para o Sindifisco. Aqui a campanha de rua é discreta como em BH. No interior é um pouco mais agressiva, mas não envolvendo os candidatos à Presidência.
Aproveito para fazer propaganda do restaurante Atelier da Massa, na Rua Riachuelo. Para quem conhece restaurante brasileiro, sabe do que estou falando. As opções de antepasto são uma atração à parte (na foto que ilustra esta nota), tal a fartura e diversidade (incluindo queijo brie com figo e toda parafernália italiana). Nas paredes, obras do artista plástico Gelson Radaelli, proprietário do local, com quem tive uma rápida conversa hoje. Além da comida, o Atelier possui uma adega com mais de 300 rótulos, uma carta de bebidas com 30 tipos de licores e dez grapas.
Devo ter engordado uns 3 kg nesta maratona pelo sul do país. Em Curitiba visitei o Cantinho do Einsbein (Av. dos Estados, 863 - Água Verde, 41 3329-5155). Comi o famoso marreco recheado com repolho roxo e pure de maçã. Confesso que lembrei do filme A Comilança (La Grande Bouffe), de 1973.

A frase


Do filme Coco & Stravinsky:
Deus sempre testa os que mais ama!

2o turno só vem com crescimento de Marina


O que parece claro é que só haverá segundo turno se a candidatura de Marina subir para além dos 15% de intenção de votos. Serra e Dilma se mantém dentro da margem de erro. Marina já chegou, segundo o Datafolha, aos 13%. A questão é saber se Lula está preparando uma reação pesada na reta final. Quem diria? Lula X Marina na reta final!

Datafolha: vantagem de Dilma caiu

Para a pesquisa divulgada ontem pelo Datafolha, a diferença pró-Dilma para terminar a eleição no primeiro turno caiu para 4%. Para o tracking do Vox Populi, a diferença continua em 20%. Dilma, para o Vox Populi, teria 51% das intenções de voto, contra 24% de Serra.
Continuo apostando no Vox Populi. O Datafolha já errou feio nesta campanha.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Soninha errou

Ainda compondo o drama da baixa inteligência que o processo eleitoral deste ano desencadeou em nossos políticos profissionais, comento de passagem a triste twittada de Soninha, sugerindo que o caos de ontem no metrô paulista teria sido motivado por sei lá quem. Poderia ter ficado calada. Mas o clima "baixo QI" está afetando até gente inteligente como ela.

Chanel e Stravinsky

Estamos numa safra meio estranha e pobre de filmes. Fui assistir Origem que é bem interessante, embora tenha achado que confundiram subconsciente com inconsciente. Mas é uma observação meio pedante e técnica. Há certo interesse, mas o estilo norte-americano acaba transformando em algo do gênero viagem ao centro da terra.
Hoje, contudo, assisti Coco Chanel & Igor Stravinsky, dirigido pelo belga Jan Kounen. O início retrata a efervescência dos anos 20 e poderia muito bem retratar nossa Semana de Arte Moderna. Há um clima de idiossincrasias, cinismo e rumos tortuosos dos personagens. Li críticas festejando o filme, afirmando que se baseia com segurança no livro de Chris Greenhalgh. O centro, contudo, é o romance e o estilo frio (quase frívolo) de Coco com Igor Stravinsky (quando este estava exilado na França). como retratado no filme gera um certo excesso visual, meio repetitivo, como se desejassem frisar este aspecto.

Uma boa explicação de Gaudêncio Torquato

Sobre o efeito teflon na campanha eleitoral:
Denúncias em séries, escândalos em profusão, nepotismo, utilização da máquina, malversação do dinheiro público, nada disso afeta as intenções centrais das massas eleitorais. Perguntam-me a razão. Vou explicando : banalização de fatos negativos forma camada de insensibilização social. Não há mais relação causa/efeito. Os eleitores são entidades anestesiadas. Mais um escândalo, é esta a convicção popular. Todos os políticos são iguais, aduz o povo. Se é assim, a massa dará o voto aos candidatos que a ajudam.

Gaudêncio Torquato: chance de eleição terminar no primeiro turno é de 95%

Do Porandubas:
O marqueteiro de José Serra, Luiz Gonzalez, anda dizendo que a campanha Federal irá para o segundo turno. Pode ser, até porque o imponderável muda o rumo das coisas. Mas o vento da estação sopra na direção do primeiro turno. Na régua de 0 a 100, as chances de a campanha presidencial ser resolvida logo em 3 de outubro batem no número 95. Nada parece afetar a imagem de Dilma, protegida que está pelo escudo de Lula. É claro que a marquetagem trabalha com a ideia de 2º turno para efeitos internos : não deixar a peteca cair; não desanimar as equipes; mobilizar as patotas que trabalham nas campanhas.

Eleição embota a inteligência?


O processo eleitoral brasileiro já foi mais inteligente.
Lula provoca a grande imprensa do nada. Até as formigas sabem que as possibilidades de Dilma vencer as eleições em primeiro turno são imensas. Mas ele provoca. Pode até ser um recurso diversionismo para rebater as críticas que envolvem a Casa Civil. Um argumento novo contra um argumento novo. Pode até ser. Mas joga gasolina na fogueira.
A grande imprensa, por sua vez, cai em todas provocações. E de maneira infantil. Para combater a crítica que teria se tornado um partido (o que não é verdade) reage como se fosse. Uma bobagem. Cria mesa redonda para comparar com Chávez, mesmo convidando debatedores que não se alinham a este argumento.
Os candidatos por sua vez me deixam constrangido. Aqui no Paraná, o jornal Gazeta do Povo organizou sabatinas com os dois candidatos mais cotados ao governo estadual. Beto Richa (PSDB) acusou, na edição de ontem, Osmar Dias (PDT) de ser traidor. Hoje foi a vez de Osmar Dias. Qual foi seu contra-argumento? Que o traidor é Richa. Ficamos todos desviando o olhar para esconder a vergonha.
Que dureza! E nem com Dreher!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Artigo da semana: o day after

O “Day after”
Por RUDÁ RICCI

Ouço o jornalista do Globo News, Gerson Camarotti, afirmar que a figura de José Serra teria sido captada por pesquisas qualitativas como negativa à várias candidaturas estaduais tucanas. Citou explicitamente os estados de Minas Gerais e Paraná. Não deixa de ser surpreendente. Mais uma surpresa nesta campanha insólita em que um Presidente em segundo mandato se delicia com os mais altos índices de aprovação; que uma candidata sem história política conhecida figura em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de votos e deve vencer a eleição em primeiro turno; e onde os partidos ficam nus em praça pública, revelando sua total fragilidade como instituições. Instituições são assim denominadas porque instituem regras e valores. Mas nestas eleições nem programas de governo foram apresentados formalmente pelos dois candidatos mais populares. Instituições possuem um mito original que galvaniza e orienta as práticas dos seus membros. O mito da candidatura petista é uma pessoa e não um valor. O mito dos tucanos, por sua vez, parece não existir. Tanto que o candidato à Presidente se perde em propostas mirabolantes, como fixação do salário mínimo em 600 reais e implantação de 13º salário (sic) para o bolsa família. Propostas sem qualquer lastro orçamentário apresentadas duas semanas antes das eleições. Fica difícil não crer que se trata de desespero no final da reta de chegada.
Com este cenário, o que poderia ser um exercício de futurologia? Quais as possíveis tendências no “Day after” eleitoral? A ressaca será forte, evidentemente. Mas além da ressaca, o que restaria aos brasileiros?
Vou me ater à dimensão política formal.
O dia seguinte será próximo do efeito de um tsunami sobre o sistema partidário. DEM e PPS estarão destruídos. Prevê-se, entre cientistas políticos, que democratas perderão 11% a 13% de seus parlamentares e PPS sangrará ainda mais, perdendo algo acima de 15% de suas bancadas estaduais e federais.
Ainda no campo oposicionista, a história de Marina Silva não será das mais fáceis. Sairá com um cacife político-eleitoral muito vantajoso. Mas terá pela frente a máquina partidária liderada por José Luiz Penna. O estatuto do PV é considerado por muitos como um dos mais centralizadores e presidencialistas do espectro partidário tupiniquim. O que restará à Marina? Disputar alguma eleição municipal em 2012? Disputar agressivamente o controle do PV? O que pensar da movimentação interna pelo poder partidário envolvendo os desde sempre “líderes verdes “, como Penna, Sarney Filho e Gabeira? Os “líderes históricos” abrirão as portas da felicidade para uma cristã nova?
Do outro lado, Plínio de Arruda Sampaio sai consagrado. Tornou-se uma espécie de Cláudio Lembo da esquerda: um outsider da terceira idade, o que parece uma dupla contradição. Mas, como parecer a sina da esquerda brasileira, será maior que seu partido. Algo que já ocorreu com a figura do Cavaleiro da Esperança e com o mais famoso metalúrgico petista. Algo ainda pior ocorre nas hostes psolistas: Plínio tentou mas acabou reforçando o moralismo que sempre foi a pedra de toque de Heloísa Helena. E todos sabemos que dois bicudos não se beijam.
Aí chegamos no PSDB. Há apostas de todos os tipos, naturezas e desejos. O mais radical sugere que se tornará um PRP, limitado aos limites geográficos de São Paulo. Para tanto, esta vertente analítica aposta na saída do ex-governador e virtual senador Aécio Neves. Negociações para sua transferência ocorrem desde 2008, envolvendo PMDB e PSB. Mas ele ficou. No início deste ano, comentava-se nos bastidores da política que o líder mineiro estaria envolvido em tratativas que envolviam Ciro Gomes, parte do DEM, parte do PSDB e PPS para criação de um novo partido político. Pode até ser. Mas não acredito. A primeira opção não seria a saída, mas a reconstrução do PSDB a partir da derrota dos tucanos paulistas. Aliás, derrota dos tucanos e imprensa paulista. Porque nesta eleição os jornais fizeram campanha mais aguerrida que os líderes do PSDB. O que só pode ser explicado por um freudiano. Como sou um mero leitor de Freud, não me aventuro nesta seara. O que imagino é que Aécio pode reforçar sua aproximação com Geraldo Alckmin. E procurar uma trilha de recondução de Ciro Gomes ao centro político. A reconstrução do PSDB a partir deste triunvirato parece provável. E a partir daí, várias possibilidades seriam abertas, incluindo uma aproximação com o lulismo, caso seja vantajoso. Inclusive porque pode ser vantajoso para o lulismo que enfrentará muitas lideranças petistas. Frase que abre o epílogo deste artigo: o conflito interno no governo Dilma.
Dilma eleita, o dia seguinte será de disputa cega e violenta. O lulismo estará aliado ao PMDB. Não é garantia que a recíproca será verdadeira, mas no início da gestão Dilma será proveitoso para as duas forças políticas. Lulismo e PMDB juntos enfrentarão a fome petista. José Dirceu já se antecipou e viaja país afora para tentar ganhar musculatura nesta disputa. Mas o PT não se limita a Zé Dirceu. E Dilma Rousseff não é exatamente uma personalidade passiva. Lula, por seu turno, também se antecipou e se movimenta tentando controlar toda área econômica, a Casa Civil e o contato direto com empresários e centrais sindicais no novo governo. Já vazou para a imprensa que deseja Palocci na Casa Civil. Já sugeriu discretamente que o novo presidente do Banco Central poderá ser Nelson Barbosa, o secretário nacional de política econômica do Ministério da Fazenda. Também já anunciou que tratará diretamente com Dilma da nomeação dos novos diretores das agências reguladoras. Enfim, já trabalha para diminuir os espaços de movimentação de todos os que não estão diretamente vinculados ao seu projeto de continuidade e poder.
O que temos como saldo deste cenário? Um sistema de representação político desfigurado e sem seu alimento principal: a representação social. Os brasileiros, que já não se sentem identificados com os líderes partidários, ficarão sem referência alguma. Algo que acentuará o sentimento de confusão que ocorre nas disputas estaduais. Poucos entendem por qual motivo alguém que era aliado agora disputa com seu amigo, quase-irmão. Ou por qual motivo o inimigo de morte agora defende seu desafeto contra os interesses de seus correligionários.
Esta campanha parece um réquiem de um sistema partidário que nunca teve muito viço, mas que agora parece em decomposição acelerada.

IBOPE: Anastasia estaria eleito no primeiro turno

Anastasia registrou 42% das intenções de voto, contra 34% de Costa. No levantamento anterior, divulgado em 13 de setembro, o tucano tinha 41% contra 32% do peemedebista. A nova pesquisa mostrou que os indecisos são 16%. Brancos e nulos somam 5%. Somados, os outros candidatos têm 3%. Nesse cenário, Anastasia venceria no primeiro turno. Pelos votos válidos, Aécio tem 45%, Itamar, 30%, e Pimentel, 20%.
Este cenário, se mantido, é um desastre para o PT mineiro. Suas duas maiores estrelas saem derrotados desta eleição. É o fenômeno Aécio em alta. Que os tucanos paulistas tenham aprendido a lição.
Em tempo: 2/3 dos brasileiros ainda não sabem em quem voltar para deputado.

Aos poucos, MEC define o desenho curricular do país

A Folha de SPaulo me liga informando que um levantamento que realizaram indicou que o número de universidades federais que aderiram ao ENEM como base inicial de acesso (seleção) dobrou. Não há nenhum dado técnico que tivesse motivado tal situação. É puro pressão (ou convencimento, no jargão político) e articulação política.
Sem alarde, o MEC vai definindo o contorno da proposta curricular do ensino médio e universitário por um caminho inusitado: avaliação (via ENEM e ENADE).

Mapa eleitoral IBOPE (255 áreas homogêneas)

Novo livro sobre anos Lula na praça


Será lançado no próximo dia 22 de setembro, no Rio de Janeiro, na Livraria Argumento, o livro Os Anos Lula - Contribuições para um balanço crítico 2003/2010. O livro é uma iniciativa do Conselho Regional dos Economistas, do Sindicato dos Economistas do Rio de Janeiro e do Centro de Estudos para o Desenvolvimento, com edição pela Editora Garamond. O livro sustenta que o governo Lula procurou construir um novo quadro jurídico-institucional, particularmente como suporte para um novo modelo econômico, baseado nas aberturas financeira, comercial, produtiva e
tecnológica. Sugere, ainda, que esse conjunto de reformas foram anti-nacionais e anti-populares. Os temas mais contemplados nesse conjunto de trabalhos abordam a problemática macroeconômica.

El País: "Lula se apodera da campanha"


Do TERRA:
Em matéria publicada nesta terça-feira (21), o jornal espanhol El País avalia que "Lula se apodera da campanha" de Dilma Rousseff (PT) à presidência da República. "Lula é, realmente, o protagonista desta campanha eleitoral e converte cada ato em uma clamorosa despedida", sintetiza o periódico. O jornal destaca a diferença no estilo do presidente e de sua candidata. "Os brasileiros adoram Lula, e Lula, o sindicalista que governou o País por oito anos com um êxito assombros, adora as massas. Para Dilma Rousseff, no entanto - uma economista de 62 anos, com antecedentes de guerrilheira leninista - é muito mais penoso aceitar as demonstrações de carinho ou reprimir o cansaço, mas tem boa voz e aprendeu a realizar bons comícios." No entanto, "por mais que se esforce, jamais consegue(atingir) a impressionante naturalidade do atual presidente". O jornal faz menção ao fato de Dilma ter sido "uma aposta pessoal de Lula" e que "o PT nem sequer considerou Dilma como a melhor candidata possível". Apesar ou justamente por isso, "Dilma foi aceita precisamente como uma solução 'neutra', pois ninguém suspeitava, nem mesmo remotamente, que tivesse aspirações semelhantes". Sobre a estratégia de camapanha, o texto avalia que "Lula tentou, primeiramente, apresentá-la como 'a mãe' dos brasileiros, mas (que) esse papel não cabe, definitivamente, a esta mulher enérgica. Agora, (Lula) insiste em apresentá-la como a pessoa junto à qual ele mesmo aprendeu a governar". O País completa avaliando que Dilma, uma vez eleita, terá o desafio de fazer frente "um problema muito sério, a corrupção que a rodeou durante os últimos anos na Casa Civil", em menção à onda de escândalos envolvendo pessoas ligadas à agora também ex-ministra Erenice Guerra.
Queda tucana e jogo sujo
O El País vem dedicando uma série de matérias sobre as eleições presidenciais que definirão a presidência brasileira para o período 2011-2014. Com a reportagem A surpreendente queda de José Serra, o foco recaiu sobre a campanha tucana, avaliada como "suave" e "totalmente errada". O jornal estimou então que o candidato do PSDB pode sofrer uma "derrota humilhante" nas urnas. Um pouco antes, o jornal pôs em questão o aparecimento de escândalos às vésperas das eleições. "Milhares de brasileiros sonhavam com uma campanha eleitoral sem sobressaltos e centrada nas propostas dos candidatos, mas mais uma vez o jogo sujo está eclipsando o debate político", dizia a reportagem.

O fim de um ciclo

O fim: Um ciclo em que a velha mídia foi soberana
Luis Nassif

Dia após dia, episódio após episódio, vem se confirmando o cenário que traçamos aqui desde meados do ano passado: o suicídio do PSDB apostando as fichas em José Serra; a reestruturação partidária pós-eleições; o novo papel de Aécio Neves no cenário político; o pacto espúrio de Serra com a velha mídia, destruindo a oposição e a reputação dos jornais; os riscos para a liberdade de opinião, caso ele fosse eleito; a perda gradativa de influência da velha mídia. O provável anúncio da saída de Aécio Neves marca oficialmente o fim do PSDB e da aliança com a velha mídia carioca-paulista que lhe forneceu a hegemonia política de 1994 a 2002 e a hegemonia sobre a oposição no período posterior. Daqui para frente, o outrora glorioso PSDB, que em outros tempos encarnou a esperança de racionalidade administrativa, de não-sectarismo, será reduzido a uma reedição do velho PRP (Partido Republicano Paulista), encastelado em São Paulo e comandado por um político – Geraldo Alckmin – sem expressão nacional.
Fim de um período odioso
Restarão os ecos da mais odiosa campanha política da moderna história brasileira – um processo que se iniciou cinco anos atrás, com o uso intensivo da injúria, o exercício recorrente do assassinato de reputações, conseguindo suplantar em baixaria e falta de escrúpulos até a campanha de Fernando Collor em 1989. As quarenta capas de Veja – culminando com a que aparece chutando o presidente – entrarão para a história do anti-jornalismo nacional. Os ataques de parajornalistas a jornalistas, patrocinados por Serra e admitidos por Roberto Civita, marcarão a categoria por décadas, como símbolo do período mais abjeto de uma história que começa gloriosa, com a campanha das diretas, e se encerra melancólica, exibindo um esgoto a céu aberto. Levará anos para que o rancor seja extirpado da comunidade dos jornalistas, diluindo o envenenamento geral que tomou conta da classe. A verdadeira história desse desastre ainda levará algum tempo para ser contada, o pacto com diretores da velha mídia, a noite de São Bartolomeu, para afastar os dissidentes, os assassinatos de reputação de jornalistas e políticos, adversários e até aliados, bancados diretamente por Serra, a tentativa de criar dossiês contra Aécio, da mesma maneira que utilizou contra Roseana, Tasso e Paulo Renato.
O general que traiu seu exército
Do cenário político desaparecerá também o DEM, com seus militantes distribuindo-se pelo PMDB e pelo PV. Encerra-se a carreira de Freire, Jungman, Itagiba, Guerra, Álvaro Dias, Virgilio, Heráclito, Bornhausen, do meu amigo Vellozo Lucas, de Márcio Fortes e tantos outros que apostaram suas fichas em uma liderança destrambelhada e egocêntrica, atuando à sombra das conspirações subterrâneas. Em todo esse período, Serra pensou apenas nele. Sua campanha foi montada para blindá-lo e à família das informações que virão à tona com o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr e da exposição de suas ligações com Daniel Dantas. Todos os dias, obsessivamente, preocupou-se em vitimizar a filha e a ele, para que qualquer investigação futura sobre seus negócios possa ser rebatida com o argumento de perseguição política. A interrupção da entrevista à CNT expôs de maneira didática essa estratégia que vinha sendo cantada há tempos aqui, para explicar uma campanha eleitoral sem pé nem cabeça. Seu argumento para Márcia Peltier foi: ocorreu um desrespeito aos direitos individuais da minha filha; o resto é desculpa para esconder o crime principal. Para salvar a pele, não vacilou em destruir a oposição, em tentar destruir a estabilidade política, em liquidar com a carreira de seus seguidores mais fiéis. Mesmo depois que todas as pesquisas qualitativas falavam na perda de votos com o denuncismo exacerbado, mesmo com o clima político tornando-se irrespirável, prosseguiu nessa aventura insana, afundando os aliados a cada nova pesquisa e a cada nova denúncia. Com isso, expôs de tal maneira a filha, que não será mais possível varrer suas estripulias para debaixo do tapete.
A marcha da história
Os episódios dos últimos dias me lembram a lavagem das escadarias do Senhor do Bonfim. Dejetos, lixo, figuras soturnas, almas penadas, todos sendo varridos pela água abundante e revitalizadora da marcha da história. Dia após dia, mês após mês, quem tem sensibilidade analítica percebia movimentos tectônicos irresistíveis da história. Primeiro, o desabrochar de uma nova sociedade de consumo de massas, a ascensão dos novos brasileiros ao mercado de consumo e ao mercado político, o Bolsa Família com seu cartão eletrônico, libertando os eleitores dos currais controlados por coronéis regionais. Depois, a construção gradativa de uma nova sociedade civil, organizando-se em torno de conselhos municipais, estaduais, ONGs, pontos de cultura, associações, sindicatos, conselhos de secretários, pela periferia e pela Internet, sepultando o velho modelo autárquico de governar sem conversar. Mesmo debaixo do tiroteio cerrado, a nova opinião pública florescia através da blogosfera. Foi de extremo simbolismo o episódio com o deputado do interior do Rio Grande do Sul, integrante do baixo clero, que resolveu enfrentar a poderosa Rede Globo. Durante dias, jornalistas vociferantes investiram contra UM deputado inexpressivo, para puni-lo pelo atrevimento de enfrentar os deuses do Olimpo. Matérias no Jornal Nacional, reportagens em O Globo, ataques pela CBN, parecia o exército dos Estados Unidos se valendo das mais poderosas armas de destruição contra um pequeno povoado perdido. E o gauchão, dando de ombros: meus eleitores não ligam para essa imprensa. Nem me lembro do seu nome. Mas seu desprezo pela força da velha mídia, sem nenhuma presunção de heroísmo, de fazer história, ainda será reconhecido como o momento mais simbólico dessa nova era.
Os novos tempos
A Rede Record ganhou musculatura, a Bandeirantes nunca teve alinhamento automático com a Globo, a ex-Manchete parece querer erguer-se da irrelevância. De jornal nacional, com tiragem e influência distribuídas por todos os estados, a Folha foi se tornando mais e mais um jornal paulista, assim como o Estadão. A influência da velha mídia se viu reduzida à rede Globo e à CBN. A Abril se debate, faz das tripas coração para esconder a queda de tiragem da Veja. A blogosfera foi se organizando de maneira espontânea, para enfrentar a barreira de desinformação, fazendo o contraponto à velha mídia não apenas entre leitores bem informados como também junto à imprensa fora do eixo Rio-São Paulo. O fim do controle das verbas publicitárias pela grande mídia, gradativamente passou a revitalizar a mídia do interior. Em temas nacionais, deixou de existir seu alinhamento automático com a velha mídia. Em breve, mudanças na Lei Geral das Comunicações abrirão espaço para novos grupos entrarem, impondo finalmente a modernização e o arejamento ao derradeiro setor anacrônico de um país que clama pela modernização.
As ameaças à liberdade de opinião
Dia desses, me perguntaram no Twitter qual a probabilidade da imprensa ser calada pelo próximo governo. Disse que era de 25% - o percentual de votos de Serra. Espero, agora, que caia abaixo dos 20% e que seja ultrapassado pela umidade relativa do ar, para que um vento refrescante e revitalizador venha aliviar a política brasileira e o clima de São Paulo.

Tracking Vox Populi


A menos de duas semanas das eleições, a candidata à Presidência, Dilma Rousseff
(PT), abriu 30 pontos de diferença em relação a José Serra (PSDB) no tracking Vox
Populi/Band/iG. A ex-ministra da Casa Civil segue com 53% das intenções de voto,
de acordo com o levantamento divulgado nesta segunda-feira. Já o tucano soma 23%,
um ponto a menos que na medição anterior. Marina Silva, do PV, segue com 9%. O quadro garantiria a eleição da petista logo no primeiro turno.
A diferença entre os dois principais candidatos já foi maior. No dia 6 de setembro, por exemplo, o tracking apontou distância de 35 pontos entre Dilma e Serra. Na última semana, no entanto, após a divulgação de notícias de suspeitas envolvendo o governo federal e a campanha petista, a diferença chegou a 27 pontos. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais.
O número de eleitores que ainda se dizem indecisos ou não responderam em quem pretendem votar é de 10%. Brancos e nulos seguem com 4%. Outros candidatos, juntos, somam 1% das intenções de voto. Na pesquisa espontânea, quando os nomes dos candidatos não são apresentados ao eleitor, Dilma é também a candidata mais lembrada: 45%, contra 19% de José Serra e 7% de Marina. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é ainda lembrado por 2% dos eleitores.
A região onde a ex-ministra petista é mais lembrada é o Nordeste: 69%, contra 17% de Serra. No Norte e Centro Oeste, Dilma tem 42%, seu pior desempenho entre as regiões -onde o tucano aparece com 32% das intenções de voto.

Serra não aparece nas ruas do oeste paulista e em Curitiba

Estou em Curitiba. Nas ruas, muita campanha de candidatos a deputado, do PSDB e PT, em especial (Fruet, Dr. Rosinha e outros). Uma ou outra placa com Dilma. Nenhuma de Serra. O mesmo que vi no interior de São Paulo, em especial na região oeste, onde estive nos últimos três dias.
Aqui no Paraná, guerra de pesquisas de intenção de voto. A campanha de Beto Richa impediu judicialmente a divulgação de pesquisa do Vox Populi. Tudo parece revelar uma disputa para lá de acirrada.

domingo, 19 de setembro de 2010

A Veja foi a primeira a falar com o cadáver


O título desta nota é uma brincadeira envolvendo um jornal alemão, o Bild. A Veja, desde o furo com Pedro Collor, se desespera em estar à frente da notícia. Tão afoita que entrou na onda de partidarização da imprensa brasileira. Eu não tenho uma opinião totalmente formada, embora tenda a lamentar a partidarização. Ajuda um pouco a ler as várias opiniões dos extremos do espectro ideológico e partidário. Mas fica a desconfiança generalizada sobre o que é fato e o que é desejo do editor. Carta Capital de um lado, O Globo e Veja do outro. Folha tentando ser a pimenta mais ardida da imprensa nacional. Tudo transformou o Estadão num jornal equilibrado (imagine!).

sábado, 18 de setembro de 2010

Lançamento do livro em Tupã (4)

Lançamento do livro em Tupã (3)

Lançamento do livro em Tupã (2)

Lançamento do meu livro, hoje, em Tupã (SP)

Entrevista sobre lulismo


Acabo de dar uma entrevista para Eric Frosio, correspondace à Rio de Janeiro do jornal francês Le Journal du Dimanche. Eric está produzindo uma matéria especial sobre o impacto do lulismo no Brasil. A matéria será publicada no outro final de semana, na França. O jornalista demonstrou a grande surpresa em relação à capacidade de comunicação e energia de Lula (esteve ontem em Juiz de Fora, acompanhando Lula e Dilma em campanha).
Em Tempo: hoje lancei meu livro na minha cidade natal, Tupã, interior de São Paulo. Fantástico. Colocarei algumas fotos neste blog, ainda hoje.

Balanço das pesquisas de intenção de voto para Presidente


Vox Populi: Dilma 51%, Serra 24%
IBOPE: Dilma 51%, Serra 24%
Datafolha: Dilma 51%, Serra 27%
Sensus: Dilma 50,5%, Serra 26,4%
Tracking Vox Populi (17/09): Dilma 51%, Serra 23%

Marina oscila entre 8% e 11%. Somente uma subida significativa de Marina poderá impor o segundo turno. Em todos cenários, Dilma aparece com 58% dos votos válidos.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ibope: Dilma 51%; Serra 25%

A candidata à presidência pelo PT, Dilma Rousseff, lidera a corrida eleitoral com 51% das intenções de voto, segundo pesquisa Vox Populi, divulgada nesta sexta-feira (17) no Jornal da Band. O candidato tucano José Serra atingiu 24% da preferência do eleitorado. Se o pleito fosse hoje, Dilma seria eleita já no primeiro turno. A margem de erro é de 1,8 pontos percentuais.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Datafolha: Dilma 51%, Serra 27%

Dilma teria subido 1% e Serra ficou estável. Mareina estaria com 11%.
Entre Datafolha e Vox Populi, fico com a "voz de Deus".

Tracking Vox Populi: Dilma 51%, Serra 23%

Petista perdeu 3 pontos desde domingo, Serra oscilou positivamente 1 ponto no mesmo período.

Erenice deixa o governo federal


A ministra Erenice Guerra deixou o cargo nesta quinta-feira. O atual secretário-executivo da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima, assume interinamente, mas a coordenadora-geral do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Miriam Belchior, deve ficar com a vaga.
Esta exoneração era esperada para depois das eleições. Parece que Lula decidiu resolver de uma vez por todas. A Folha afirma que foi motivada por matéria que publicou hoje. Lulistas deixaram "vazar" que Lula achava que a sangria diária poderia prejudicar a campanha de Dilma Rousseff. A oposição afirma que a exoneração assume a culpa da ministra.
Enfim, uma exoneração que esquenta o clima eleitoral e se transforma em fato aberto (resolvi utilizar esta analogia forçada com a noção de livro aberto), onde qualquer um tem direito à sua interpretação favorita.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A famosa palestra do Zé Dirceu para os petroleiros


Abaixo, a palestra de Zé Dirceu:
A eleição da Dilma é mais importante do que a eleição do Lula, porque é a eleição do projeto político, porque a Dilma nos representa. A Dilma não era uma liderança que tinha uma grande expressão popular, eleitoral, uma raiz histórica no país, como o Lula foi criando, como outros tiveram, como o Brizola, como o Arraes e tantos outros. A direita teve também aqui mesmo uma liderança que foi o próprio ACM, independente do fisiologismo, do abuso de poder, contudo era uma liderança popular, tanto é que era popular na Bahia. Tinha força político-eleitoral. Então, ela é a expressão do projeto político, da liderança do Lula e do nosso acúmulo desses 30 anos, porque nós acumulamos, nós demos continuidade ao movimento social.
Se nós queremos aprofundar as mudanças, temos que cuidar do partido e temos que cuidar dos movimentos sociais, da organização popular. Temos que cuidar da consciência política, da educação política e temos cuidar das instituições, fazer reforma política e temos que nos transformar em maioria. Nós não somos maioria no país, nós temos uma maioria para eleger o presidente até porque fazemos uma aliança ampla. Vamos lembrar que nossa aliança é PC do B, PDT, PSB, PMDB, PT, PRB e PR. Eu digo assim das grandes expressões, dos partidos que têm força política-eleitoral.
O PP é um partido de centro-direita, muito regional, é verdade, não tem nacional, tanto é que só tem um senador, governador talvez não eleja nenhum. Independente de nós termos essa coalização, o PT é a base dela. A mídia agora já começa a discutir a nossa política, se vai fazer ajuste, se não vai; se vai estatizar ou não vai; se vai fazer concessão ou não vai. E começa a discutir se o PT está sendo desprestigiado ou não. Aquilo que nós temos de maior qualidade, que é o Lula, eles querem apresentar como negativo, porque o Lula é maior que o PT. Eles é que não têm ninguém maior que o partido deles. Ainda bem que nós temos o Lula, que é duas vezes maior que o PT. Mas nós temos que transformar o PT num partido (inaudível). O PT teve 17% de voto em 2002/2006 para a Câmara, que calcula a força de um partido no mundo todo. Não é o voto majoritário. Vai ter agora 21, 23%, eu espero, tudo indica. Tem que ter 33% em 2014. O PT tem que se renovar, tem que abrir o PT para a juventude (aplausos).
Eu dou o exemplo do Padilha, que há alguns anos era dirigente da UNE, era médico voluntário social no Pará, estava fazendo trabalho social como médico, e hoje é ministro de um dos ministérios mais importantes que tem. O Orlando, do PC do B, Orlando Silva para não ficar só no PT, que aliás é nosso, era presidente da UNE alguns anos atrás... O Lindberg, que vai ser senador agora. Então, nós temos que voltar a transformar o PT em uma instituição política. Uma instituição política tem valor, programa, instrumentos, sedes, atividades cultural, social, tem recursos que auto sustentam, com o fundo partidário, porque nós temos que defender que existe o fundo partidário. O fundo partidário brasileiro teria que ser duas, três vezes maior, que é a média do mundo. Então, nós temos que transformar de novo o partido, para o que ele foi criado. É lógico que o PT é um grande partido político, tem força político-eleitoral, social. Nós já temos um acúmulo de políticas públicas, de experiência. Então, nós temos que fazer essa mudança no partido. Essa é a principal. E consolidar as nossas organizações populares, porque eles estão consolidando a deles. Você viu que agora eles criaram, eles estão criando através das empresas instituições para fazer disputa político-cultural e político-eleitoral, fundações, centros de estudo. Fora o que eles têm da mídia, do poder econômico. Podem observar. E estão mandando as pessoas para o exterior. Agora mesmo tiveram uma série de bolsistas, jornalistas, que vão para os Estados Unidos, inclusive este que escreveu essa última matéria da "Veja". Nós temos que fazer isso também. Mas nós temos que fazer sempre com alianças. Uma coisa que eu sempre defendo: nós vamos criar um jornal do sindicato, do partido? Não. Porque quando nós falamos aqui dos grupos econômicos, do empresário brasileiro, nós temos que lembrar a etapa que nós estamos vivendo, o momento histórico que estamos vivendo. Nós não podemos fazer política sem olhar a história do Brasil e o acúmulo de forças e o crescimento nosso. Nós não vivemos um período em que nós somos hegemônicos na sociedade, que nós temos maioria na sociedade, muito menos um período ou ciclo revolucionário no mundo. Nós vivemos um ciclo no mundo de grande defensiva, de grande (inaudível) do movimento socialista internacional. de repensar o socialismo, nós temos Vietnã, China, Cuba nós temos que olhar para tudo isso. Quando nós pusemos o Alencar como vice do Lula, nós ganhamos a eleição. Como nós ganhamos essa eleição quando o PMDB não ficou com o PSDB. Aquele movimento anti-Renan Calheiros, anti-Sarney... vocês não vão acreditar que eles são éticos, né? Eles, evidentemente, o que queriam era romper a aliança nossa com o PMDB. Um mês depois, o Serra estava fazendo aliança com o PMDB. O presidente estava indicando o vice, porque em 2002 a Rita Camata foi a vice dele. Nós criamos uma distensão no PMDB, foi o Jarder, o Sarney, o próprio Quércia em São Paulo, o Itamar em Minas Gerais, foi um trabalho que nós fizemos, o Eunício no Ceará. 30%, 40% apoiou o Lula já no primeiro turno e, depois, no segundo turno, ampliou isso. O Rigotto no Rio Grande do Sul. Nós colocamos uma cunha dentro do PMDB. O que eu quero dizer é o seguinte: as alianças não são político-partidárias, não são parlamentares. As alianças são na sociedade. O parlamentar é a expressão. Nós, quando fizemos a aliança com o Zé Alencar, nós fizemos a aliança com (inaudível), empresário. O Zé Alencar, apesar de ser um grande empresário, de ter sido presidente da Federação da Indústria de Minas várias vezes, vice da CNI, e de ser um líder - ele é um líder, não era um burocrata sindical - porque também tem os pelegos sindicais, não é só nós que temos esse problema. Eles também têm as burocracias sindicais deles, poderosíssimas. Aqui vocês conhecem no Nordeste muitas federações e confederações que têm muitos empresários. O Albano Franco, por exemplo. O nosso aliado, Armando Monteiro Neto está saindo agora, vai se eleger senador, tudo indica. Como aqui, nós vamos eleger os dois lá. Qual era a aliança? Aliança produtivista, nacionalista, desenvolvimentista e aliança de voltar para dentro, para o mercado interno, de decolar o Brasil no mundo, e a sociedade entendeu isso. As alianças são, no fundo, expressão de programas econômicos e de políticas de investimento. E o estágio que nós vivemos no Brasil é de reorganização do Estado nacional. Porque ele foi desmontado durante 20, 30 anos. Ele sempre foi golpeado pela direita. Tudo o que o Getúlio fez, o Dutra assumiu e desmanchou. Tudo o que nós tínhamos construído em 40 anos, a ditadura militar começou a desmanchar. Mas aí dentro das Forças Armadas assume uma ala do governo que tem uma visão nacionalista estatal também, que foi o governo Geisel, que é um governo ditatorial, mas não antinacional, não é um governo privativo. O BNDES está consolidando, fundindo a base dos setores, senão nós não conseguimos competir no mundo, como foi (inaudível). Nós temos que fortalecer o Brasil, o estado, a política econômica e distribuir renda, acabar com a pobreza e resgatar de novo o papel do estado no Brasil. E vamos ter que reformar a burocracia brasileira que nós só começamos. Não é verdade essa "discursera" do Serra. Fomos nós que voltamos a fazer planos de cargos e carreiras, que voltamos a valorizar o servidor, a dar condições de novo. Eles falam: os sindicalistas dirigiam as empresas estatais. É verdade, nós indicamos sindicalistas mesmo. Agora, vamos ver o balanço da Funcef nos oito anos do Fernando Henrique e nos oito anos do Lula, vamos ver a Petrobras nos oito anos do Fernando Henrique e nos oito anos do Lula, o Banco do Brasil nos oito anos do Fernando Henrique e nos oito anos do Lula. Saneamos a empresa, recuperamos a gestão e a eficiência, não fizemos nenhum investimento como eles fizeram vários absolutamente desastrosos. (..) (...)Reforma política e educação, quer oportunidades, evidente que é um pouco mistificação dizer que você vai dar igualdade oportunidade na educação você viabiliza uma maior igualdade social na sociedade. Depende das outras condições. Mas é evidente que a educação é fundamental. Nós estamos mal nisso. Nós fizemos muito no nosso governo, mas vocês sabem, nós temos filhos nas escolas, nós sabemos disso. Nós conhecemos, somos professores, muitos de nós e sabemos da situação. É como policial militar, um agente da PF ganha inicial quase 9 mil reais, agente, não o delegado, que ganha 13, 14 mil. Quanto ganha uma professora de fundamental? Agora nós demos um piso de 1.200 reais. Na verdade, esse piso tinha que ser 2.500, para começar. Então, olha como nós temos que mudar. Lógico que nós mudamos muito. O orçamento da educação multiplicou por três, que é o dobro tirando a inflação. Mas como a Dilma diz tem que investir 7% do PIB na educação. Como nós vamos ter que reestruturar a saúde pública também, consolidar o SUS e aperfeiçoar, porque a situação ainda é muito difícil na saúde pública. Você vai num posto de saúde, o Brasil tem melhorado muito nestes dez anos, mas tem muito o que melhorar. A política, o que a direita faz? Quem pode ter poder? Primeiro o poder econômico, as forças armadas. As forças armadas estão hoje profissionalizadas, o poder econômico se aliou com qual poder? Com a mídia. E qual é o poder que pode se contrapor ao poder econômico e ao poder da mídia no Brasil? É o poder político, que tem problemas graves de fisiologias, de corrupção, tem desqualificação, mas eles não fazem contra o poder econômico e da mídia, quando surgem problemas de corrupção, de problemas graves, o tipo de campanha que eles fazem contra o parlamento e contra os partidos políticos. Mesmo levando em conta os graves problemas de nosso sistema político, problema de caixa 2, os graves problemas de corrupção que têm na administração pública, em grande parte para financiar campanha eleitoral, porque o sistema está apoiado nisso, no poder econômico. Não tem campanha de menos de 3 ou 5 milhões de reais, 7 ou 8 milhões hoje no Brasil. Campanha de governador é 40,50,60. Campanha de presidente é 200, 300 milhões. Ora, quem vai financiar isso? As pessoas físicas? Não, as empresas. Aí começa: nomeação dirigida, licitação dirigida, emenda dirigida, superfaturamento, tráfico de influência. Não é que vai acabar, mas o financiamento público, o voto em lista, mandato talvez de seis anos para senador. Nós temos que repensar o sistema político brasileiro. E nós somos o maior interessado porque a direita está usando isso para desqualificar a política e para afastar o povo da política. (...) As outra reformas, a tributária, a democratização dos meios de comunicação, o problema da terra, das forças armadas, que são questões que não estão equacionadas no Brasil ainda hoje, elas dependem da nossa maioria, depende do pais se consolidar porque o país só resolve problemas quando são maduros (...) Nós somos um partido e uma candidatura que coloca em risco o que eles tão batendo, todos articulistas da Globo escrevem e falam na TV, todos os analistas deles: a noção das garantias individuais e da constituição, que nós queremos censurar a imprensa, que o problema no Brasil é a liberdade de imprensa? Gente do céu. Como alguém pode afirmar do Brasil é(...). Não existe excesso de liberdade. Pra quem já viveu em ditadura(...) Dizem que nós queremos censurar a imprensa. Diz que o problema é a liberdade de imprensa. O problema do Brasil é excesso, bom, é que não existe excesso de liberdade, mas o abuso do poder de informar, o monopólio e a negação do direito de resposta e do direito da imagem. Que está na Constituição igualzinho a liberdade, a Constituição não colocou o direito de resposta e de imagem, a honra, abaixo ou acima da proibição da censura e da censura prévia, corretamente, ou do direito de informação e da liberdade de imprensa, de expressão. São todas cláusulas pétreas. Mas os tribunais brasileiros estão formando jurisprudência, se vocês lerem os discursos do Carlos Ayres Britto, que aquilo não é voto é discurso político, a liberdade de imprensa está ameaçada no Brasil que é um escândalo. Mas eles estão preparando a agenda deles para o primeiro ano de governo. Como a imprensa já está pressionando pela constituição do governo, já está disputando a constituição do governo. Pode começar a ler nas entrelinhas, quem quer que ela empurra para ser ministro disso, ministro daquilo, e já está disputando para fazer ajuste fiscal.... Como a gente está vendo, a mídia como está se comportando com a Dilma, já dá para imaginar como vai ser comigo no dia do julgamento. Estou até fazendo dieta, mantendo os 80 quilos para me preparar para o debate.(...) Já começou a apresentar uma série de ideias e de propostas do PMDB, que nós necessariamente não concordamos com o partido. Não que elas sejam incompatíveis com o nosso programa, mas são abordagens diferentes que nós temos para a questão da educação, do ajuste fiscal, da política macroeconômica.
Então, sim. O governo sempre é disputado. E nessa disputa do governo, as forças políticas de oposição, elas pesam também. Por que com o apoio da imprensa, eles tentam formar a opinião pública forçando determinadas definições ou tentar impedir que nós apliquemos determinadas políticas. Ou paralisando no Congresso ou criando um clima na sociedade contrário, basta ver a ação já que nós estamos aqui numa casa das estatais, participação ampla dos petroleiros. O que a Folha de S. Paulo fez com a capitalização da Petrobras em qualquer país do mundo poderia dar um processo contra o jornal. Poderia dar uma intervenção da Comissão de Valores Imobiliários (CVM), ou de organismo de regulação que existe no país. Mas ela fez a campanha. Da mesma maneira, que eles estavam contra o pré-sal. Toda a mídia se posicionou contra a nova regularização do pré-sal. O Fundo, a empresa, a apropriação da receita do petróleo, da nova forma que nós vamos fazer, por partilha e não por concessão. O governo é sempre disputado e é disputado entre os aliados e dentro do PT também. A melhor maneira de nos preparar é agora eleger uma grande bancada do PT de deputados e senadores, que você começa sendo um partido majoritário na Câmara e tendo uma bancada que garante com mais um partido maioria simples no Senado. O ideal é que o PT e o PMDB fizesse maioria de 41 no Senado, mas não vai acontecer isso. Nós vamos fazer entre 32 a 36 senadores, os dois partidos. Mas com PDT, PSB e PC do B talvez a gente faça. Depois do pós, o 1º de janeiro, durante o governo, a força do partido e a presença do partido se expressa muito pela participação do partido na vida política do país. Um partido com 30% de votos não pode ser desprezado por nenhum presidente da República. Nós temos que chegar para discutir com propostas. As decisões tem que ser acertadas. Tem uma disputa contra nós na comunicação.
Vejam a campanha que eles fizeram esses anos todos contra o Bolsa Família. Eles não combatiam a política externa do presidente. Porque eles não tinham ideia do peso dela, da integração sul-americana a ferro e fogo. Nós temos que nos preparar para a disputa dessa fixação da mídia comigo. Primeiro é que eu disputo, eu enfrento. Eu não deixo nada sem resposta. Eu faço a disputa política na sociedade, no meu blog, dentro do PT. Segundo é que eu continuei participando da vida política do país, da vida do PT. Terceiro que eles querem que eu seja condenado, eles querem me banir da vida política do país. Eles tentaram, inclusive, me impedir de exercer minha profissão. Eles me caçaram, eu saí do governo, fiquei inelegível, depois começaram uma campanha contra minhas atividade de advogado e consultor. Fizeram durante esses cinco anos, e no ano de 2008, quatro vezes em conluio com a PF, com o MP e o Poder Judiciário, eles tentaram me prender. Sendo que não há nada contra mim.
Isso faz parte da disputa política. Como eu representava o PT, eu fui alvo. Quem tem que provar é o MP, que não conseguiu provar nada. O processo já terminou. Só falta ser julgado. Eu pelo menos nunca senti ou me programei em ser candidato. Eu nem ia ser candidato em 2006. Eu combinei com o Gushiken. Felizmente teremos nossa candidata que vai ser eleita. E nós vamos fazer isso com prazer. Eu pelo menos vou votar com prazer. E depois falar para eles: Ó, não adiantou nada. Estamos aí mais quatro anos(...) Quando se fez o balanço da agenda, a maioria dos companheiros que estão dirigindo a campanha e a própria candidata cancelaram vários compromissos. Na minha avaliação foi um erro o cancelamento, mas ele é justificado. Mas a nossa candidata estava num momento muito difícil, muito cansada, tendo que se dedicar aos programas de televisão. Tendo que ir aos estados, porque a campanha estava em crise em MG, em SP, PR, SC, a presença dela era importantíssima. Ela praticamente não foi ao Norte do país, vocês já perceberam isso? Do Maranhão até o Acre alguém aqui tem notícia de que a Dilma tenha ido a esses estados? Isso é inédito em campanha eleitoral no Brasil. Porque, primeiro nós temos mais de 40 anos de idade, segundo que ela passou por um câncer. Ela sente muito isso ainda. E a tensão dessa campanha foi muito grande. Se vocês observarem a responsabilidade dela é enorme. Tomamos com dor essa decisão. Infelizmente aconteceu isso, o cancelamento da agenda. Várias agendas. Ela, por exemplo, ela não tinha ido a SC. A Ideli (Salvatti) estava sendo ridicularizada pelos adversários. O Lula ainda não tinha gravado para ela, pro Lessa, pro Iberê(...) Imagina governar o país e fazer campanha? E com essa pressão toda que nós estamos sofrendo. Por que o pau tá comendo em cima de nós. Eles não estão recuados, né? Eles estão lutando.