segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Os intelectuais e a política

Nos anos 1980, intelectual tinha que ser engajado. Fui do CEDEC, que fazia dobradinha com o CEBRAP na elaboração de uma pauta que cruzava política e sociologia. Os dois centros de pesquisa eram celeiros de sociólogos-políticos: FHC, Weffort, Eder Sader, José Álvaro Moisés, para citar alguns. Sempre me chamou a atenção desta quase obrigação.
Aí, leio Bolaño apresentar uma análise cáustica em seu 2666, lá pela página 126:
A relação com poder dos intelectuais mexicanos vem de longe. Não digo que todos o façam de má-fé. E tampouco que esta entrega seja uma entrega em regra. Digamos que é só um emprego. Mas um emprego no Estado. Na Europa os intelectuais trabalham em editoras ou na imprensa ou são sustentados pela mulher ou seu país têm condições e lhes dão uma mesada ou são operários e delinquentes e vivem honestamente de seus trabalhos. No México, e pode ser que o exemplo seja extensível para toda América Latina, menos à Argentina, os intelectuais trabalham para o Estado.

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