quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Dilma com economia e Lula com a política


A montagem do ministério está sendo feito com muito cuidado. Dilma anunciou a área econômica e deu um chega-prá-lá em Lula. Focou o desenvolvimentismo e abandonou o "equilíbrio dinâmico" lulista, que sempre deu uma no cravo e outra na ferradura. Mas logo veio os ministros da área política. E aí Dilma cedeu às vontades de Lula. A palavra correta, possivelmente, não é ceder. Gilberto Carvalho e Palocci são operadores lulistas. Mas Palocci, desde ministro, circula como embaixador do alto clero empresarial. Na Casa Civil gerenciará a ação do conjunto de ministérios, perdendo o controle sobre o PAC e Minha Casa, Minha Vida. Aqui parece repousar certo maquiavelismo de Dilma. Porque se aproximou do empresariado ao deixar claro que vai é a "sua" área de controle e que adotará pulso firme. Daí o discurso coeso dos ministros da área, todos apontando para controle dos gastos públicos. Justamente uma relação (com o empresariado) que poderia despertar insegurança. Já a área política, das mais tensas (na relação com organizações populares que já se preparam para a dança da guerra e com governadores, partidos aliados e Congresso Nacional), será creditada (ou debitada) na conta de Lula. Se for crédito, nada acrescenta ao bônus lulista. Mas se for débito... Dilma terá um trunfo nas mãos.

2 comentários:

Luiz Henrique Mendes disse...

Dilma está te surpreendendo, Rudá?

Rudá Ricci disse...

Muito, Luiz Henrique. Ela parece muito mais séria e objetiva que Lula. Lula é um político matreiro e sugeriu o tal equilíbrio (entre Meirelles e Mantega, por exemplo) que foi abandonado por Dilma. Vamos ver se terá jogo de cintura e um mínimo de carisma. Mas tenho a impressão que ela fai pacificar a oposição. Lula é leitor mais fiel à Maquiavel. Dilma é gestora.