quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A crise do PT mineiro


Vou dar minha contribuição para o debate a respeito da crise do PT de Minas Gerais, talvez a mais grave de toda sua existência.

1) A disputa entre Fernando Pimentel e Patrus Ananias dividiu o partido e bloqueou a emergência de novas lideranças. O partido está esclerosado, sem espaço para representação a partir das diversas regiões do Estado;
2) A disputa criou um falso dilema entre os dois estilos: o pragmático e o comunitarista. Assim, esvaziou a capacidade de formulação do partido em MG. O partido, hoje, mais reage ou faz somatória de problemas/reivindicações sociais;
3) Não há organicidade da militância. O partido gira ao redor de parlamentares. E os parlamentares adotaram lógica de feudo, esquadrinhando todo o Estado em áreas de reserva eleitoral;
4) Esta lógica acabou por polarizar e interferir nas disputas internas do movimento sindical. Lembremos que é o sindicalismo de funcionalismo público que mais cresce e se fortalece no país. As disputas entre chapas para conquista da direção desses sindicatos estão diretamente associadas às disputas no interior do partido.

Enfim, o método político é o mais equivocado possível. E nenhum petista chama para si a responsabilidade de alterar tal lógica.

3 comentários:

@Limarco disse...

Vamos repercutir.
Abs

Wagner Eustáquio de Souza disse...

Artigo é fiel a realidade que se resume a PERDA da IDENTIDADE do PT-MG, que de afto, precisa procurar pq nunca teve.

Álbano disse...

A distribuição de feudos políticos em torno de parlamentares é real. Mas não é só em Minas. E isso engessa o partido.
Poucos deputados, prefeitos ou vereadores se colocam partidariamente além dos seus mandatos e suas bases eleitorais.

Mas, há excessões. O próprio Patrus, André Quintão, Gilmar Machado e alguns poucos são lideranças que pensam e militam no partido, incentivando diálogo com as bases sociais e partidárias mais diversificadas.

Uma saída para o PT é a retomada de Núcleos de Base, a partir de 9 militantes, com reuniões periódicas, com participação de não filiados convidados a oxigenar a estrutura partidária e sua inserção na sociedade.

O PT, para ser diferente dos outros partidos como se propôs, deverá retomar alguns ideários, fazendo auto-crítica permanente das suas teses e práticas, indo muito além dos governos que comanda ou que participa como aliado e não temer criticá-los.