domingo, 27 de março de 2011

O fim da reeleição e o controle social


Em seminário realizado pelo PT, em São Paulo, para discutir reforma política, o ex-ministro José Dirceu conclamou militantes e líderes do partido para barrarem a proposta que põe fim ao estatuto da reeleição. Na sua opinião, o principal alvo da mudança, já aprovada na Comissão de Reforma Política do Senado, é o PT. "Eles querem acabar com a reeleição porque esse é o momento do nosso ciclo histórico", disse no encontro de ontem à tarde, em São Paulo. "Vamos deixar de ser ingênuos. Nós é que temos iniciativa, hegemonia, ofensiva para poder nos reeleger."

Esta observação revela o quanto os partidos deixaram de sentir as ruas. O problema não é barrar um ou outro partido. O problema é o controle social sobre os mandatos. Como o orçamento público está absolutamente concentrado na União e como não temos recall ou qualquer possibilidade de controle sobre o mandato dos governantes, a possibilidade de reeleição (e, portanto, de um mandato de oito anos) é alta. A questão, portanto, não é o combate à corrupção (que se faz por outros meios), mas o cerceamento da idolatria, da transformação dos partidos em clubes de notáveis, de construção de uma máquina eleitoral a partir da figura do gestor do executivo, da necessidade de renovação da liderança política.

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