segunda-feira, 28 de março de 2011

Sindute Ipatinga tenta melar a Constituinte Escolar


O movimento sindical precisa se reciclar. Em alguns lugares, se transformou em "sindicalismo do não". Pelo não, não reivindica, mas apenas dequalifica. E, assim, dá a entender que é forte. Mas força, em política, é nobre quando atinge objetivos coletivos. O que acontece com o Sindute de Ipatinga? Um exemplo é a postura em relação à Constituinte Escolar, organizada pela Secretaria Municipal de Educação.
A Constituinte foi instalada para ouvir todos os membros das comunidades escolares. Não começou definindo eixos ou orientações temáticas. Começou com pesquisas, que foram divulgadas e socializadas amplamente para professores, pais, alunos e funcionários. Foi além, procurou as organizações da sociedade civil, que não foram procuradas em outras constituintes escolares do país. Tudo foi divulgado no site www.constituinteescolar.com.br . Os professores foram privilegiados. Receberam, em primeira mão o resultado das pesquisas e foram convidados a corrigir ou acrescentar, em vários encontros realizados ao longo de uma semana, pelas manhãs e tardes.
Mas o Sindute Ipatinga não se contenta em não ser protagonista. O tempo todo mobilizou pela correta demanda do piso salarial da categoria. E deixou a Constituinte correr. Conclusão: perdeu o bonde da história.
Após o diagnóstico, foram realizadas novas pesquisas, perguntado a todos segmentos quais as diretrizes que a prefeitura deveria adotar para solucionar os principais problemas observados nas pesquisas anteriores. Tudo publicado no site, novamente. Mais: tudo publicado numa revista distribuída amplamente no município.
Sindute Ipatinga quieto.
Finalmente, várias conferências regionais, em dois finais de semana, amplamente divulgadas e com ampla participação. Foram apresentadas propostas, sem qualquer censura. Foram eleitos delegados ao Congresso Constituinte.
A prefeitura foi ainda mais democrática. Primeiro, ao final de cada grupo de trabalho, imprimiu as propostas aprovadas e entregou ao coordenador eleito, que assinou uma ata, juntamente com o representante da secretaria de educação. Publicou, no mesmo site, todas as atas e propostas aprovadas. Enfim, não teria como alguém dizer que havia ocorrido uma fraude ou manipulação.
Foi além: pediu para cada segmento escolher um representante para compor a mesa diretora do Congresso Constituinte. Uma das líderes do Sindute Ipatinga se candidatou e foi eleita (são quatro membros, representando professores, pais, alunos e sociedade civil).
De repente, não mais que de repente, o Sindute Ipatinga voltou atrás. Realizou às pressas, sem aviso prévio, uma tal conferência municipal da educação. Louvável, não? Aparentemente. Na verdade, resolveu criar um fato político. Convidou meia dúzia de expositores e criou grupos de trabalho que, imaginem, apresentaram as mesmas propostas que já haviam sido registradas nas conferências regionais organizadas pela prefeitura. Nada mais natural, já que o público era o mesmo, com a diferença que as conferências organizadas pela prefeitura foram muito mais amplas e participativas. Na saída desta "conferência" diretores do Sindute Ipatinga atacaram a Constituinte e disseram que ela não se abriu para o debate. Mesmo o sindicato realizando um evento de dois dias e a prefeitura organizando debates por meses.
Mas o Sindute Ipatinga não publicou nada em site, não houve transparência e resolveu atacar o processo organizado pela Prefeitura. Por qual motivo? A pista está em 2012, ano das eleições municipais. E dou uma dica: a tal representante do Sindute Ipatinga que se candidatou à Mesa Diretora do Congresso Constituinte ficou sem saber se fica ou não fica. Enfim, um pé em cada canoa.
E os professores nesta história? O de sempre, quando se tornam joguetes nas mãos de quem está tanto tempo na direção do mesmo sindicato e se tornaram políticos profissionais.
Enfim, Lênin teria um bom caldo de cultura para atualizar aquela sua obra que falava do esquerdismo como doença infantil.

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