quinta-feira, 30 de junho de 2011

O passo mais significativo da nacionalização do vestibular


A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) vai acabar com seu vestibular e preencher 100% de suas vagas por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) que seleciona candidatos a partir da nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). No último vestibular, a instituição ofereceu 9.060 vagas, sendo que 40% delas foram destinadas ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada). Na visão do reitor Aloísio Teixeira, a adesão da UFRJ consolida a visão de que o conjunto das universidades públicas se constituam num sistema com as outras instituições federais. Do total de vagas, 30% serão destinadas a alunos oriundos de escola pública. Além disso, os candidatos precisam atender um critério salarial, ou seja, a renda familiar não pode ultrapassar um salário mínimo por integrante da família.
Caminhamos, assim, com passos largos para a nacionalização do processo de acesso à universidade brasileira. Um grande passo. Não há motivos para a privatização do conteúdo que um país acredita ser essencial para os jovens adquirirem. Não há motivos pedagógicos e nem políticos para que cada universidade dite o que é essencial se saber, desmontando qualquer projeto pedagógico pelo ensino médio, que fica refém ao interesse de cada universidade.
Agora, temos que abrir um importante debate se o currículo que o ENEM sugere e se necessita adequações e melhoras.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Teófilo Otoni e o abando no do PT aos seus governos locais


Estou há dois dias em Teófilo Otoni, região do Mucuri (MG). Tive dificuldades para atualizar o blog porque tive uma agenda bem pesada.
Teófilo Otoni é um bom exemplo dos governos municipais petistas. Por força dos contatos com o governo federal, instalou-se aqui a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, a primeira estação de tratamento de esgoto, a construção de uma barragem. O governo local também conseguiu trazer uma mega construção, a Expominas. Alguns bairros, como o São Jacinto, vivem uma expansão visível.
Contudo, o governo patina. Ouvi muita gente por aqui, de todas colorações políticas, e a opinião unânime é que o PT não faz o sucessor nas eleições de 2012. Um analista local me disse que se fez muito no plano macro (das grandes obras) e foi um desastre no plano micro (da gestão cotidiana).
O PT abandonou os governos locais. Não há nenhum apoio do partido, nenhuma estrutura de socialização de experiências de gestão. Os prefeitos ficam à mercê das ajudas de parlamentares, como ocorre com todos outros partidos. Mais um outsider que capitula à lógica dominante da política tupiniquim.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O modelo finlandes de educação, segundo Rosa Maria Torres


Texto da autora:
Todos quieren entender "el milagro finlandés" en educación. Y muchos - tanto en los países ricos como en los empobrecidos - quieren parecerse a Finlandia. Lo que muchos parecen no saber o no comprender cabalmente es que "el milagro finlandés":

a) tiene lugar y se explica en un país con condiciones históricas, culturales y socio-económicas muy particulares: país pequeño (poco más de 5 millones de habitantes); bastante homogéneo lingüística y culturalmente (la población inmigrante constituye 3% del total); con una lengua nacional ortográficamente sencilla (hecho que facilita, según algunos expertos, el aprendizaje y desarrollo de la lectura y la escritura); y con un Indice de Desarrollo Humano de los más altos del mundo, es decir, una sociedad igualitaria, con necesidades básicas satisfechas y altos niveles de bienestar general de la población.

Foto: El País
b) se basa en políticas y principios que van contracorriente de muchas ideologías y políticas dominantes en el campo educativo en la actualidad. Entre otros: sistema escolar público (apenas 3% es de gestión privada) y gratuito desde la guardería hasta el fin de la universidad; profesores altamente calificados, seleccionados, respetados y valorados socialmente y con grandes márgenes de libertad; protagonismo de los alumnos; autonomía escolar; menos (no más) tiempo de enseñanza y de estudio; menos (no más) tests; cero ránkings escolares y competencia entre escuelas; resistencia a la estandarización; flexibilidad del currículo; enseñanza personalizada; énfasis en el aprendizaje; grupos pequeños en el aula; combinación esmerada entre tradición y modernidad; mucho juego y diversión, mucho esfuerzo, mucha flexibilidad, mucho contacto con las familias y con el medio.

El "Glosario Mínimo" que hemos elaborado y que presentamos a continuación busca juntar y resumir algunos de los rasgos del sistema escolar finlandés que confluyen en su buen desempeño, según la literatura internacional sobre el tema, buena parte de ella basada en fuentes finlandesas (visitas, conferencias, entrevistas, investigaciones, etc.) Confío tener pronto la oportunidad de una visita de estudio a Finlandia para poder aportar mis propias impresiones.

Para ler o glossário produzido por Rosa Maria Torres, clique AQUI

Classe C continua crescendo

Entre 2010 e maio de 2011, a classe média é a única do estrato social brasileiro que continuou em expansão, segundo estudo divulgado nesta segunda-feira pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). No período, 3,6 milhões de pessoas migraram para a chamada classe C, apontou a entidade, que usou como base os dados da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostras a Domicílio), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A classe C recebeu a maior parte de sua população de classes mais pobres: 1,4 milhão saíram da classe E e 356 mil saíram da classe D. No entanto, as classes A e B apontaram um pequeno recuo no período, o primeiro desde 2003. Segundo a FGV, 237 mil pessoas deixaram as camadas mais abastadas rumo à classe média. As classes A e B representam atualmente 11,76% da população brasileira, ou 22,5 milhões de pessoas.

Nova nota de 5

O conceito de cidade criativa


Um dos conceitos instigantes da atualidade nos estudos sobre cidades é o de cidades criativas. A criatividade, no caso, é concebida como algo transversal à economia e sociedade, motor de potencial criativo nas economias atuais. Alguns autores sugerem um conceito mais restrito às “atividades criativas”. O fato é que é comum, nesta linha analítica, a articulação entre vitalidade, criatividade e competitividade urbanas para descrever fenômenos desta natureza.
Novamente, disseminação de informações, envolvimento cívico participativo, construção conjunta de estratégias coletivas, processos descentralizados, cooperação público-público (cooperação vertical e horizontal) e sistemas de monitoramento contínuo aparecem como elementos centrais de motivação e sustentação da criatividade urbana. Como afirmam João Seixas e Pedro Costa (da Universidade de Lisboa e do Instituto Universitário de Lisboa):
Os “bairros criativos” são valorizados pelo seu elevado capital simbólico, pela forte componente cultural, e ainda pelas vertentes do turismo e da boemia. Os espaços alternativos/emergentes são ocupados por classes sociais ou grupos que detêm uma elevada diferenciação (artistas, imigrantes), e na maioria das situações existem em espaços intersticiais/expectantes da cidade institucional e urbanística, com rendas baixas.

Participação em regiões metropolitanas da América


Acabo de ler um ensaio intitulado "Governança metropolitana nas Américas" escrito por Robert H. Wilson, Peter K. Spink e Peter M. Ward sobre desafios metropolitanos e arranjos de governança na Argentina, Brasil, Canadá, México, EUA e Venezuela. O artigo é interessante porque parte da constatação que ações coletivas em regiões metropolitanas.
O processo de urbanização na América Latina, como se sabe, é um fenômeno relativamente recente, chegando a 5% a partir da década de 1950. Recentemente, os padrões migratórios se alteraram em todo continente, e as regiões metropolitanas deixaram de atrair os fluxos. O que alterou, em consequência, as preocupações centrais dos governos das metrópoles (envelhecimento de suas populações, recuperação de áreas residenciais e enfrentamento da perda de atração para investimentos produtivos). Somente nas regiões metropolitanas menores, alvos de crescimento industrial, estão ocorrendo elevadas taxas de crescimento sustentado.
Com este pano de fundo, os autores analisam os processos de organização política das regiões metropolitanas:
1) Canadá, EUA e Brasil têm sistemas mais descentralizados e, apesar da variabilidade, as regras institucionais e as possibilidades são relativamente claras, com responsabilidades concentradas principalmente no nível estadual;
2) No México, na Argentina e na Venezuela, o governo é mais centralizado, e assuntos metropolitanos são mais politizados, sendo menos no México e muito mais na Venezuela;
3) Nos EUA, as prefeituras das cidades grandes são criações de governos estaduais. Muitos estados permitem que as cidades se anexem ou se incorporem por acordo;
4) O Brasil foi o único país que sistematicamente criou regiões metropolitanas como parte de sua estrutura constitucional durante o período do governo militar. Estendido por cerca de 25 regiões metropolitanas após a Constituição democrática de 1988, aqui também a governança metropolitana ficou sob a égide dos governos estaduais.
A partir daí, o estudo apresenta uma análise das mais importantes para compreendermos como o centralismo se reproduz no interior de uma região metropolitana. Começam por destacar como os municípios do núcleo urbano central têm níveis muito mais altos de renda per capita do que os municípios que se encontram no entorno. Nos casos dos EUA como do Canadá, há exemplos de ricas jurisdições suburbanas, mas, em todos os países, as disparidades de renda dentro das áreas metropolitanas são a regra.
Desta constatação, surge uma segunda, ainda mais significativa: há poucos incentivos para a promoção de redistribuição metropolitana de recursos em favor dos governos locais mais desfavorecidos.
E, finalmente, chegam aos aspectos políticos que relevam o papel das regiões metropolitanas como entes políticos. Afirmam que historicamente poucos líderes políticos ascendentes adotaram iniciativas metropolitanas como parte de sua agenda; suas carreiras tendem a seguir os caminhos já estabelecidos local, regional e nacionalmente. Uma exceção é a do Presidente Chávez, em Caracas, que parece ter um forte interesse em construir uma estrutura de governança metropolitana. Por razões semelhantes, partidos políticos raramente levantam bandeiras defendendo a governança metropolitana.
No caso brasileiro, destacam o papel das agências de desenvolvimento metropolitano como obstáculos para a construção de governanças democráticas. "Em contraste com eleições diretas para aprovação de novas estruturas", sugerem, "um passo totalmente coerente com as normas de governança democrática, a imposição de agências metropolitanas pela ditadura militar no Brasil parece ter criado uma significativa barreira política para iniciativas metropolitanas com o retorno à democracia. Muito raramente são realizadas eleições diretas para cargos de liderança metropolitana."
O texto é objetivo e esclarece em parte os motivos para o tema da democratização da gestão de áreas metropolitanas, tão discutida no meio acadêmico nos anos 1980 e início dos 90, ter sido permanentemente relegado aos ensaios teóricos (se tanto).

Day After

Nem Woody Allen, nem Parada Gay


Cheguei em São Paulo sob chuva. Minha irmã mora muito próximo da Avenida Paulista onde se concentra a Parada Gay. Ela me informa que no primeiro ano, a Parada ocupava meia pista na Paulista, na altura do Gazeta. No ano seguinte, já eram mais dois quarteirões, ainda em meia pista, sendo que a pista contrária era ocupada por "simpatizantes", o título que ganham os heteros que se divertem com a festa gay. Ontem, contudo, quando entramos na Alameda Santos, as ruas que afluem para a Paulista já estavam ocupadas. E bem ocupadas. Nem na passagem de ano (tive o azar de passar uma passagem de ano em São Paulo e fiquei meio perdido na Paulista, sem saber se estava indo ou vindo, de tanta gente que ocupa a avenida) tinha tanta gente. Um mar de gente colorida, mais que alegre (nem precisava citar, não?) e beijoqueira.
Bom, o fato é que ficamos meio que ilhados pela chuva e pela Parada. Pensei em ver a Parada, mas nem dava para atravessar a rua. Ficamos parados (já sei, o trocadilho é péssimo).
Vou ter que ver Woody Allen aqui em BH.

domingo, 26 de junho de 2011

Obrigado, São Paulo e Palmeiras!!!


Gente! Deus é brasileiro, mesmo! Goleamos o São Paulo e ainda veio a sobremesa com a derrota do Parmera...

Paulo Renato não errou por omissão


O ex-ministro da Educação faleceu neste início de domingo. Foi economista que auxiliou na construção da metodologia adequada para a compreensão da dinâmica do mercado de trabalho latino-americano. Quando entrei na Fundação SEADE, na primeira equipe técnica de implantação da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED, que confrontaria com a metodologia do IBGE), Paulo Renato era leitura obrigatória. Num livreto publicado pela Editora Brasiliense, explicava que em países com frágil estrutura de mercado de trabalho, o que se considerava inativo era, muitas vezes, desemprego oculto. Explicando: havia intenção de conseguir emprego mas a precariedade da renda do desempregado (que o impedia de gastar com transporte para procurar emprego) e a parca oferta de empregos o jogava na letargia, na espera de melhores tempos. O desemprego, como conceito, ficou mais complexo. Bastava esta contribuição. Mas Paulo Renato ficou mais conhecido pelo engajamento como gestor educacional. Errou, mas não se omitiu. Como reitor da Unicamp fez a sugestão polêmica de que cursos de ponta não poderiam abrir vagas no horário noturno. Uma concepção das mais elitistas num país que sempre sofreu com a dificuldade de acesso à educação. Como ministro, inovou mais que todos outros que o sucederam. O foco foi o ensino fundamental e médio. Introduziu o ENEM. Sua intenção era nacionalizar o vestibular e chegou a divulgar no site do MEC o mecanismo de acesso universitário dos EUA, onde o processo de seleção era nacional, através do SAT. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) colocaram o Brasil na rota do que havia de mais inovador na área pedagógica. Superamos a tradicional concepção anglo-saxônica focada nos resultados finais e não na pluralidade da existência e das inteligências. Paulo Renato importou da Espanha as "cajas rojas" e os temas transversais. Foram muitas inovações importantes que parecem abatidas pela atual política reducionista do MEC de hoje. Errou ao patrocinar a abertura de cursos superiores em profusão. É verdade que este erro rebaixou a qualidade, mas possibilitou o acesso de mulheres e trabalhadores ao ensino universitário em função da abertura de cursos em cidades do interior do país. Chegamos, ao final de sua gestão, com 80% das vagas universitárias sendo concentradas no ensino privado. Também alcançamos a quase universalização do ensino fundamental no Brasil. Errou e acertou, mas não se omitiu. E foi mais latino que os atuais gestores educacionais do país, que copiam sem culpa os erros já cometidos pelos EUA e Inglaterra.

sábado, 25 de junho de 2011

Clubes do livro e cinema do século XX



Meu pai me dá o Estadão para ler (ele foi correspondente deste jornal durante anos). Duas matérias me chamam a atenção. A primeira, um artigo do José Arthur Gianotti sobre os Grundrisse de Marx. Acho que meu gosto pelos textos de Marx revelam um pouco de minha personalidade. Eu gosto dos Manuscritos Econômicos-Filosóficos e dos Grundrisse. Eles são mais empolgantes e é possível acompanhar a aventura da escrita de Marx. Menos acabados, mais românticos, mais filosóficos, mais humanos. Não gosto de grande parte d´O Capital, principalmente os capítulos mais técnicos e econômicos. São muito burocráticos e pouco hegelianos.
De qualquer maneira, o outro artigo é tão ou mais interessante. Um artigo de Sérgio Telles, intitulado "Hemingway e Allen em Paris". Vou assistir o filme de Woody Allen sobre Paris e a vida amanhã, quando estiver em São Paulo (estou aqui abaixo das raízes, em Tupã, onde nasci). O filme, pelo que li nas críticas e pela "leitura psicografada" de meu pai (ele não assistiu mas, pelo visto, inspirou Allen pelo grau de elogios que vem destilando nesses dois dias que estou com ele) tem uma relação direta com o que faz gostar de alguns textos de Marx: a paixão pelo presente e pela compreensão de que a vida é mais tortuosa que uma fórmula matemática.
A leitura dos dois artigos provocou uma conversa com meu pai. E nos lembramos dos clubes culturais que invadiram as cidades interioranas na primeira metade do século passado e que reverberaram anos depois, até sumirem engolfadas pela internet do final do século. Os clubes do livro e do cinema não eram raros. Principalmente em cidades universitárias ou que acolheram recém formados em universidades. Eu peguei a rebarba final desta experiência. Criei um cineclube aqui em Tupã com outros da minha idade que também viviam com um pé aqui e outro nas cidades universitárias. Os cineclubes, nos anos 1980, pareciam progredir. E havia a rede de Clube do Livro, inspirado na lógica norte-americana, mas que se reportava aos clubes do livro de algumas cidades do interior.
Imaginem jovens intelectuais, formados na USP ou UNESP, e que não tinham uma livraria à sua disposição nas cidades interioranas. Não tinham nem mesmo com quem conversar sem parecer pedantes. Tomar vinho, comer queijos e discutir um livro seria uma quase ofensa, um tapa na cara daqueles que raramente ultrapassavam os limites de uma porteira ou cujo momento mágico era encostar na lateral do carro com um cigarro entre os dedos e ficar olhando quem passava na principal avenida, construindo aquele estranho corredor polonês que alguns denominavam de "footing" (olha a tentativa de esconder a busca intelectual, gente!).
Nos anos 80 eu presenciei alguns exemplos de clube do livro em Assis, onde minha esposa estudava. Professores da UNESP de lá se encontravam em junho e julho para beber um vinho e discutir um livro ou tese recém lançado ou defendida.
Fiquei pensando se esta era a motivação do famoso seminário sobre O Capital que envolveu Gianotti, Fernando Henrique Cardoso e Roberto Schwarz, entre outros. Não sei se uma iniciativa como esta - tão próxima da lógica parisiense - se repete nos dias atuais. Imagino que a solidão virtual inibe associações intelectuais desta natureza.
O que faz da solidão intelectual algo que se espraia pelas comunidades acadêmicas e destrói a possibilidade da extensão universitária informal.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Hoje é festa de São João!!!


Dizem que Santa Isabel era muito amiga de Nossa Senhora e, por isso, costumavam visitar-se. Uma tarde, Santa Isabel foi à casa de Nossa Senhora e aproveitou para contar-lhe que, dentro de algum tempo, iria nascer seu filho, que se chamaria João Batista. Nossa Senhora, então, perguntou-lhe:
- Como poderei saber do nascimento do garoto?
- Acenderei uma fogueira bem grande; assim você de longe poderá vê-la e saberá que Joãozinho nasceu. Mandarei, também, erguer um mastro, com uma boneca sobre ele.
Santa Isabel cumpriu a promessa.
Um dia, Nossa Senhora viu, ao longe, uma fumacinha e depois umas chamas bem vermelhas. Dirigiu-se para a casa de Isabel e encontrou o menino João Batista, que mais tarde seria um dos santos mais importantes da religião católica. Isso se deu no dia vinte e quatro de junho.
Começou, assim, a ser festejado São João com mastro, e fogueira e outras coisas bonitas como: foguetes, balões, danças, etc… Antes de São João nascer, seu pai, São Zacarias, andava muito triste, porque não tinha um filhinho para brincar. Certa vez, apareceu-lhe um anjo de asas coloridas, todo iluminado por uma luz misteriosa e anunciou que Zacarias ia ser pai. A sua alegria foi tão grande que Zacarias perdeu a voz, emudeceu até o filho nascer. No dia do nascimento, mostraram-lhe o menino e perguntaram como desejava que se chamasse. Zacarias fez grande esforço e, por fim, conseguiu dizer:
- João!
Desse instante em diante, Zacarias voltou a falar.
Todos ficaram alegres e foi um barulhão enorme. Eram vivas para todos os lados. Lá estava o velho Zacarias, olhando, orgulhoso, o filhinho lindo que tinha… Foi então que inventaram as bombinhas de fazer barulho, tão apreciadas pelas crianças, durante os festejos juninos.
Do site: http://www.arteducacao.pro.br/Cultura/junina.htm

Artigo da semana: Um Santos para a Política

Um Santos para a Política

POR Rudá Ricci

Tenho orgulho de ser corinthiano. Não vou dizer que é desde criancinha porque não é verdade. Comecei a torcer pelo Timão em 1977, quando ganhamos o campeonato paulista e quebramos o jejum de 23 anos. Acho que virei torcedor pelos mesmos motivos que a grande maioria da Nação Corinthiana: tinha algo de mágico tanta gente torcer por um time que não vencia. Porque torcer para quem ganha é fácil, até óbvio. Mas torcer pelo Timão é puro ato de amor, de garra, de gratuidade. Aí não tem para ninguém: “é nóis na fita, mano!”. Nem flamenguista, nem nada.
Bom, tem uma pedra no sapato desta história toda: o Santos.
Raios! Já não bastava o Pelé? O fato é que duvido que quem goste de futebol tenha ficado sem assistir um jogo do Santos deste time de Ganso, Neymar e Arouca (para não citar os outros, que aí já é pedir muito). No último jogo da Libertadores, me vi gritando gol quando Neymar abriu o placar. Logo olhei para os lados para me certificar que não havia espião tirando uma foto reveladora. O Neymar é mascarado e tudo o mais. Mas o cara dá uns cortes para fora e para dentro que nem em pensamento eu me vi fazendo algo igual. E confesso que muitas vezes me vi sonhando cobrar uma falta que fez a bola morrer na gaveta. O interessante é que o resto do time também dá uns cortes desconcertantes. Fora os passes a lá Zico do Ganso. Não tem jeito: acho que vamos ter que ouvir o narrador dizer que Ganso passou a bola para Pato durante um jogo da seleção. Vai ser um mico, mas vai valer a pena.
Acabou o jogo, Santos é tricampeão e fiquei pensando: e se este time estivesse na política?
Comecei pelo óbvio: eles são jovens. Mas jovens que jogam como jovens. Porque os jovens políticos são mais velhos que João Havelange. Pensam, se vestem e falam como velhos. Basta ver e ouvir o ACM Neto. Ele nem consegue conter o sorriso maroto (talvez o seu único traço jovem, que ainda não consegue conter). Parece Chapolin Colorado dizendo: “não contavam com minha astúcia!”
Os meninos do Santos jogam como jovens. Brincam com a bola, mas querem a vitória. Acho que é daí que nasce a criatividade. Porque jogam toda semana e sempre criam algo novo. É que todo jogo é novo para eles. E eles adoram ganhar. Como todo adolescente. Os jogadores adultos também gostam de ganhar. Mas eles se matam para ganhar, se levam muito a sério, querem o dinheiro e a sua valorização. Os meninos do Santos querem ganhar. E ponto final. Então não basta a vitória. O que dá gosto é o risco, é a humilhação que impõem ao adversário. E, além de tudo, vem até com gol. Por este motivo o marcador uruguaio de Neymar não comentou o drible, mas o sorriso irônico do astro do Santos. Gol e drible ainda engolem. Mas sorriso irônico... aí é demais! Coisa de garoto que dá um tapinha no rosto do outro só para provocar.
O time do Santos ainda tem objetividade. Vai em linha reta para o gol. Político jovem no Brasil é ensaboado desde criancinha. É que tem como exemplo este tipo de jogo em que o bastidor é que vale. O jogo na arena aberta é só para inglês ver. E se aparecer como o esperto da vez, melhor ainda. Porque dribla com aquela famosa frase: “rouba, mas faz”. Não que todos roubem. Mas esta frase expõe a filosofia reinante, já que não basta ser objetivo por vocação. O importante é ser esperto. Se vier o gol, melhor. Mas não é essencial.
O time do Santos tem outro atributo que não temos nos jovens políticos: talento. O time encanta, enche os olhos, nos faz esquecer para que time torcemos. Os jovens políticos não encantam porque são previsíveis. Tempos atrás, ouvi o professor da USP Nilson José Machado (o verdadeiro inventor do ENEM) desfechar uma frase desconcertante. Ele dizia: “você já ouviu alguém dizer que gostaria de ser um desiludido? Não, não é? Porque o ser humano vive de ilusão, aquela luz que brilha adiante e que nos move”.
Pois bem, esta é a ilusão que faz brilhar nossos olhos quando vemos os garotos do Santos em campo. Eles encantam o mundo. Por algumas horas o mundo fica mais mágico. Aguardamos por aquele lance mágico. Sabemos que ele vai ocorrer, mas não temos noção alguma de qual será. Acredito que nem eles, os jogadores, sabem ao certo. Porque se soubessem, não seria tão mágico. Repetiriam no lance seguinte. Acho até que esta é a maior perda do Ronaldinho Gaúcho: ele treina para fazer um lance novo. Pode até sair, mas não será mágico. Será burocrático. Como nossos jovens políticos.
Depois do Santos de Pelé, agora temos o Santos de Neymar e Ganso. Resta a esperança de termos algo parecido no futuro de nossa política tupiniquim.

River Plate X Belgrano


A batalha do River Plate (contra o rebaixamento) e Belgrano (que pode subir para a primeira divisão do futebol argentino) parece uma luta histórica. Não só pelo possível rebaixamento do River, mas em função do nome dos dois times. O Clube Atlético Belgrano é da cidade de Córdoba e foi fundado em 19 de março de 1905. É a terceira vez que - possivelmente - subirá para a primeira divisão (conseguiu em 1991, mas foi rebaixado em 1996; e em 2007, sendo rebaixado no ano seguinte).
O pitoresco é que Manuel Belgrano foi um dos fundadores da Nação e autor, inclusive, da bandeira da Argentina. Contudo, em 1829 surgiu o caudilho Juan Manuel de Rosas, defensor do federalismo (contra o Estado Unitário) que instituiu um reinado na província de Buenos Aires e criou a organização secreta La Mazorca. Esta organização secreta recrutava espiões e formava esquadrões da morte para acabar com seus oponentes.
Quase dois séculos depois, os nomes e algozes se invertem.
Enfim, futebol é cultura, mano!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Mandato de dois anos para prefeito


Passou no CCJ do Senado a proposta de unificação das eleições no Brasil. Eu sou crítico às eleições a cada dois anos, que fazem com que os prefeitos administrem de dois em dois anos (eleição para seu padrinho federal ou estadual e, depois, a sua reeeleição). Mas a proposta do Senado é incômoda: em 2016 o prefeito eleito teria apenas um mandato tampão, de dois anos, voltando a ter mandato de quatro anos em 2018.
Interessante. Não entendi porque não propõem isto para senadores, governadores e presidente. Prefeito sofre neste país!

Os tribunais de contas são anacrônicos


Tribunal de Contas é falado como juiz de futebol. É verdade que se fala muito de juiz de futebol sem grandes fundamentos. Mas vejam o caso do TCE de Minas Gerais. O deputado estadual Mauri Torres (PSDB) foi indicado para preencher uma vaga no TCE mineiro. Para tanto, é necessário possuir notório conhecimento jurídico. Acontece que Mauri contratou assessoria jurídica (Mendonça, Urbano e Paula Advogados Associados) de 20 mil reais com verba indenizatória da Assembléia Legislativa. Pelo visto, uma contradição. Mauri não possui curso superior. Questionado pelo jornal Hoje em Dia, o deputado não soube responder quais serviços a tal consultoria presta para seu mandato.
Mais interessante ainda é que Mauri disputava a vaga com o deputado Doutor Viana, do DEM. Segundo o jornal, o deputado democrata foi "convencido" (está assim no jornal, entre aspas) a desistir por livre e espontânea pressão do governo estadual.
Pelo menos esta história dá algum argumento para se falar dos tribunais de contas do país.

O PT não é mais o mesmo... mesmo! (2)


O negócio está feio. A Câmara Municipal de Caratinga vai investigar o prefeito João Bosco Pessine (do PT) por possível fraude na apresentação de documentação ao MP. Em 90 dias a comissão parlamentar processante (CPP) dará seu veredito. As notas apresentadas totalizam 629 mil reais, mas a prefeiura pagou à Associação dos Municípios da Vertente Ocidental do Caparaó (aquela da guerrilha) 1,2 milhão de reais. Os bens do prefeito já foram bloqueados em novembro de 2010, assim como a do presidente da associação, prefeito de Inhapim (pelo PMDB). A associação teria alugado máquinas para a prefeitura de Caratinga.
Enfim, uma história desta no pré-lulismo seria escândalo nacional no PT.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dica do Ed Motta

Sou peixe... só hoje


Não tem jeito. Vou pedir licença para a Nação Corinthiana. Hoje sou Santos.

O PT e a saúde

Artigo de Carlos Neder para a militância petista. Percebam que logo de início este importante médico petista de São Paulo faz uma pergunta que tempos atrás seria constrangedora:

Será que esta aparente hegemonia do modo peessedebista de governar reserva ao PT apenas a alternativa de fazer o mesmo, diferenciando-se pela qualidade do controle exercido sobre o uso das verbas públicas?
por Carlos Neder, vereador de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores

1. Pesquisas de opinião atestam que hoje a saúde se constitui na maior preocupação dos brasileiros e no principal indicador de avaliação negativa dos governos, o que inclui alguns sob gestão do PT. Por outro lado, recente pesquisa nacional do IPEA mostra ser favorável ao SUS a avaliação dos que foram por ele atendidos, por seu caráter gratuito, universal e estar voltado ao atendimento integral das necessidades de saúde da população.

2. Também na saúde suplementar, que inclui os planos privados de saúde, as coisas não andam bem, se tomarmos por base o julgamento de seus profissionais e clientes. Contrastando com a crescente adesão a esses planos privados daqueles que ascenderam socialmente nos Governos Lula e Dilma, há insatisfações que se traduzem em greve de médicos, ações na Justiça e nos órgãos de defesa dos consumidores.

3. Há, em decorrência, a expectativa de que o nosso partido aprofunde o diagnóstico do que ocorre no setor, de modo a identificar responsabilidades de cada ente da Federação e a estabelecer estratégias republicanas que se traduzam em ações articuladas em torno de pactos de solidariedade, buscando afirmar o papel dos gestores públicos em cada nível do sistema. Urge promover maior integração das direções do SUS com as agências reguladoras, como é o caso da ANS, e um posicionamento mais claro do nosso partido acerca de temas como a reforma do Estado, a relação público-privado, o financiamento do SUS, as alternativas de gestão de políticas e os mecanismos de controle público.

4. A sistematização e divulgação das medidas que decorrem do planejamento estratégico e das opções políticas feitas no governo federal, em especial nos Ministérios do Planejamento e da Saúde, ajudam a qualificar esse debate entre nós e a lançar luz sobre o caminho que estamos trilhando. Ajuda a formar opinião na sociedade e a colocar as coisas em seus devidos lugares, nesse aparente descontrole sobre o que fazer em nossos governos. Se não há uma única resposta para esta questão, também não é possível que cada gestão do PT desconsidere a importância de conhecer e analisar as experiências de outras administrações do nosso partido.

5. Isso se torna ainda mais necessário em estados como São Paulo, em que a gestão das políticas é fortemente influenciada pelo viés partidário, pela tentativa de criar modelos a serem seguidos pelos municípios e pela omissão do governo estadual do PSDB no co-financiamento em áreas essenciais, como é o caso da saúde. Assim, precisamos articular nossas ações no ambiente partidário, nos governos e parlamentos para contornar essa dificuldade adicional de não podermos contar com a colaboração do governo estadual em São Paulo.

6. Devemos levar, de modo organizado, nossas experiências e propostas para os fóruns metropolitanos ou regionais, consórcios intermunicipais e outros espaços de articulação de políticas que vão progressivamente se constituindo por pressão dos municípios paulistas. Nossa defesa do pacto interfederativo, da descentralização, da regionalização e da municipalização do SUS tem sido obstaculizada também pela opção dos sucessivos governos do PSDB em São Paulo pela gestão privada por meio de Organizações Sociais (Lei n.º 846/98), de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIPS e outras modalidades de parcerias sem o devido controle público. No que tem sido seguido por muitos municípios, inclusive sob gestão do PT.

7. Será que esta aparente hegemonia do modo peessedebista de governar reserva ao PT apenas a alternativa de fazer o mesmo, diferenciando-se pela qualidade do controle exercido sobre o uso das verbas públicas? Estudos do Ministério do Planejamento sobre um novo marco legal para a administração pública brasileira, experiências em curso em governos do PT e de partidos aliados, iniciativas de nossos parlamentares e propostas vindas de entidades e dos movimentos sociais mostram que há outras possibilidades a serem exercitadas em nossos governos. O que demanda outro enfoque na organização partidária.

8. A par do esforço de colocar em prática o Código de Ética, de investigar e punir práticas que denunciamos em outros partidos, de atualizar o Estatuto do Partido, de valorizar o debate e a formação política e de democratizar o funcionamento das instâncias partidárias, tornando o partido mais atuante nos temas da conjuntura, devemos criar e fortalecer os setoriais do partido, como é o caso do setorial de saúde, em todos os municípios.

9. Setoriais esses que poderiam discutir uma agenda comum e outras específicas, colaborando sobremaneira para a produção democrática e participativa do nosso programa de ação imediata e de outro com vistas às eleições de 2012 e 2014. Na agenda comum, entre outros pontos, incluiria a compreensão das opções feitas pelos Governos Lula e Dilma, as estratégias em debate no plano federal e sua comparação com as adotadas pelo PSDB em São Paulo, características definidoras de um governo do PT e as ações desenvolvidas pelos nossos governos no sentido de reforçar o pacto interfederativo, o combate à miséria e a promoção da cidadania.

10. Quanto aos setoriais de saúde, a discussão de uma agenda mínima nos ajudaria a conhecer as iniciativas que vimos desenvolvendo nessa área, bem como a definir modelos de organização e alternativas de gestão de ações, serviços e políticas de saúde que consideramos compatíveis com as diretrizes do SUS e da Seguridade Social. Entre os pontos que poderiam constar dessa agenda sugiro:

Financiamento do SUS e participação dos governos federal e estadual
Diretrizes e iniciativas do Ministério da Saúde
Regionalização e demandas dos municípios
Modelos de saúde: organização e gestão dos níveis de atenção
Relação com os setores privados, filantrópico e lucrativo
Alternativas de gestão e gerência
Os trabalhadores do SUS
Participação social e controle público
Integração das políticas públicas
Conselho Municipal de Seguridade Social
Fóruns em Defesa do SUS e da Seguridade Social
PT, Centrais Sindicais e outros movimentos na defesa do SUS e da Seguridade
Democratização da comunicação e acesso a informações
Plano de ações imediatas na cidade e região
Contribuições para o programa de governo 2012

Controvérsia sobre dívida pública do Brasil

Recebo as informações que reproduzo abaixo:

O jornal Estado de São Paulo reproduz o dado divulgado pelo governo, de que a dívida pública (interna e externa) teria chegado a R$ 1,746 trilhão em maio. Porém, conforme Tabela do Banco Central (Quadro 35), apenas a dívida interna já alcançou R$ 2,371 trilhões em abril. Isto porque o dado divulgado pelo governo à imprensa não inclui os títulos do Tesouro em poder do Banco Central, dos quais grande parte é entregue ao setor financeiro privado por meio das chamadas “Operações de Mercado Aberto”, que também pagam os juros mais altos do mundo às custas do povo. O dado comumente divulgado pelo governo à imprensa vem de tabela do Tesouro Nacional que mostra que neste ano o governo já pagou antecipadamente US$ 1,202 bilhão em títulos da dívida externa, porém, ao preço de US$ 1,514 bilhão. Em bom português: o governo pagou um ágio de 26% para pagar antecipadamente uma questionável dívida, o que representa mais uma ilegitimidade. Além do mais, os dólares utilizados pelo governo neste pagamento antecipado são obtidos às custas de mais dívida interna, que paga os maiores juros do mundo. Em suma: toma-se uma dívida com altas taxas de juros para pagar – com ágio de 26% - uma dívida com juros bem mais baixos, o que representa grande prejuízo às contas públicas. Importante ressaltar que a CPI da Dívida recentemente concluída na Câmara dos Deputados identificou operações em anos anteriores nas quais o governo chegou a pagar até 69% de ágio. Conforme mostra o jornal Estado de São Paulo, o Brasil também pagou antecipadamente US$ 3,1 bilhões de dívidas com o Banco Mundial.
Com tanta generosidade aos rentistas, não é de se espantar que outra agência de classificação de risco tenha elevado a “nota” da dívida brasileira, ou seja, recomendou aos rentistas que comprem títulos da dívida pública brasileira. Conforme mostra o jornal Correio Braziliense, a agência Moody`s avaliou que o corte de R$ 50 bilhões em gastos sociais “permitiu alcançar, nos primeiros quatro meses, metade do superavit fiscal (economia para o pagamento dos juros da dívida) previsto para este ano.” Conforme mostra o “dividômetro” disponível na página da Auditoria Cidadã da Dívida, em 2011 (até 20 de junho) já foram gastos R$ 364 bilhões de juros e amortizações da dívida pública federal (interna e externa), o que representa nada menos que 51% de todos os gastos. Em resumo: “baixo risco” da dívida significa risco total para as áreas sociais.
Dr. Althen Teixeira Filho
Professor Titular Universidade Federal de Pelotas
althen@ufpel.tche.br / althent@gmail.com

O PT não é mais o mesmo... mesmo!

A prefeita Beatriz Fagundes Alves (PT) foi afastada na terça-feira (21) do cargo, em ação cautelar concedida pela juíza Gisélia Milene Santos, da comarca de Monte Azul, norte de Minas Gerais que acatou ação impetrada pelo Ministério Público. A prefeita e seu filho, Renato Fagundes Alves, tesoureiro da prefeitura, são acusados de formarem um esquema que causou rombo de R$ 2 milhões aos cofres municipais, com a criação de uma construtora que usava "laranjas" e ainda com a contratação de servidores fantasmas.

A eterna saída de Marina Silva


Quando estive com Marina aqui em Belo Horizonte, num debate organizado pela Fundação Dom Hélder Câmara, tive a nítida impressão que ela estaria de saída do PV. Mas deixou outras impressões. Embora subjetivas, tive a nítida impressão de fragilidade e certo academicismo. Entendo que estivesse numa instituição acadêmica, mas não havia necessidade de tantas citações, grande parte sem uma articulação nítida e muito menos relação direta com a ação política. A figura de Marina não é a de uma intelectual, mas de uma ativista política. Somente ao final de sua exposição avançou sobre os temas da ação política e conjuntura nacional. Fiquei pensando se Marina vive este dilema ou se foi apenas um erro de cálculo na preparação de sua exposição. Qualquer das duas alternativas demonstra fragilidade. Mas se for o dilema de viver uma vida não tão desejável (a de liderança política), estaríamos presenciando um conflito ou transição pessoal. Transição que se iniciou com a vida de filha de agricultores, analfabeta, que se engajou e ingressou na vida universitária e daí por diante, traçou seu destino na vida política.
De qualquer maneira, o quase-anúncio de sua saída do PV já começa a bater em sua porta. Parece uma migrante permanente. Uma outsider que não se sente a vontade na nova roupa, mas que não tem força suficiente para criar sua própria confecção.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Mais um livro de José de Souza Martins


José de Souza Martins nos brinda com este livro que apresenta o "Brasil lúmpen e místico, secularmente confinado, reprimido, silenciado e desacreditado, emergiu nos interstícios do cerceamento partidário durante a ditadura e ganhou vida própria após a cessação do autoritarismo".
Enfim, este país que emerge como nova classe média ou como um ator acanhado.

Acordos salarias e empregos criados em 2011 indicam desaquecimento


O Valor Econômico de ontem publica duas matérias que sugerem desaquecimento da economia brasileira. A primeira analisa os acordos salariais de 20 categorias com data base em maio e junho. Destas, quatro não tiveram ganho real, apenas três tiveram aumento real (construção civil e metalúrgicos de montadoras) e 13 tiveram aumentos reais abaixo do obtido no ano passado.
Numa segunda matéria ficamos sabendo pelos dados do CAGED que os empregos criados em 2011 estão concentrados na faixa de até dois salários mínimos, sendo a maior parte entre meio (316 mil empregos) e um e meio salário mínimo (489 mil). Na verdade, este está sendo o padrão de contratação dos últimos anos, a despeito dos empresários propagandearem a falta de mão-de-obra qualificada.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Dados sobre democracia participativa no Brasil


Matéria assinada por Simone Biehler Mateos sugere que mais de cinco milhões de brasileiros ajudaram a formular, implementar ou fiscalizar as políticas públicas no Brasil. A matéria, que adota um tom excessivamente otimista, lista políticas que se relacionam diretamente com as 73 conferências nacionais realizadas em nosso país nos últimos nove anos: políticas de desenvolvimento, geração de emprego e renda, inclusão social, saúde, educação, meio ambiente, segurança pública, defesa da igualdade racial, dos direitos das mulheres ou de minorias sexuais, dentre outras. As 73 conferências representam 64% do total desses encontros (114) realizados no Brasil nos últimos 60 anos.
Esses encontros nacionais, em sua maioria realizados em Brasília, costumam reunir entre 600 e cinco mil pessoas anualmente ou a cada dois ou quatro anos, dependendo do tema. Até brasileiros que vivem no exterior já puderam participar de duas conferências, de Comunidades Brasileiras no Exterior, realizadas em julho de 2008 e outubro de 2009.
Conselhos
Dos 61 conselhos nacionais de políticas públicas existentes, 33 foram criados ou recriados (18), ou democratizados (15) desde 2003. Hoje, 45% de seus membros são do governo e 55% da sociedade civil, incluindo, dependendo do caráter do conselho, representantes do setor privado e dos trabalhadores em geral ou de dado setor, da comunidade científica, de instituições de ensino, pesquisa ou estudos econômicos, assim como por organizações de jovens, mulheres e minorias.
Processo Ignorado
Apesar deste tom mais que otimista, a reportagem admite o desconhecimento público da existência desses conselhos e conferências. Cita, como exemplo, o desconhecimento da conquista do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social pelo conselho e das conferências nacionais das cidades. O fundo contempla financiamento para a faixa de renda de zero a três salários mínimos e, pela primeira vez, abriu a possibilidade de projetos habitacionais autogestionados, nos quais os recursos para casas que serão construídas em mutirão são repassados a entidades comunitárias. A Caixa Econômica Federal conta hoje com uma subgerência social para fazer essa interface com os projetos dos movimentos sociais.
Segundo o ex-ministro Luiz Dulci, justamente para tornar irreversível o aprofundamento da democracia participativa foi elaborado o projeto de Consolidação das Leis Sociais. Reivindicação das próprias organizações populares, o projeto se propõe a institucionalizar - tornando-as políticas de Estado - os programas sociais e canais de participação existentes, mantendo, entretanto, sua flexibilidade política e organizativa.
Eu cheguei a ser convidado pelo CDES (assim como Luiz Mario, do FBO) a discutir em Brasília a inclusão de nossa proposta de Lei de Responsabilidade Fiscal e Social para ser incluída na Consolidação das Leis Sociais. O problema é que esta proposta de lei em chegou a ser enviada para o Congresso Nacional.
A matéria que cito é típica chapa branca, sem qualquer leitura crítica. Nem mesmo ouviu quem trabalha o tema profissionalmente ou entidades que participam de conselhos e conferências. Contudo, como avalia Moroni, trás informações organizadas. Por exemplo, ao final oferece um box sobre as origens da participação popular no Brasil. Termino esta nota reproduzindo excertos deste box:

Origens da participação popular
O Conselho Nacional de Saúde, da década de 1950, é o mais antigo a ter representantes da sociedade civil que, durante longos períodos, foram escolhidos pelo governo entre entidades e personalidades. A participação deu um salto na década de 1980, quando diferentes setores da sociedade se mobilizaram pela defesa de seus interesses,
multiplicando comitês de fábrica, de bairro, de luta contra a carestia, além das comunidades eclesiais de base. Nessa época tem início o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a Luta por Eleições Diretas. Essa ampla mobilização origina várias formas de participação local, com destaque para a experiência do orçamento participativo, implementada em Partido dos Trabalhadores (PT) em Porto Alegre a partir de 1989 e, posteriormente, estendida para 192 cidades, nem todas administradas pelo PT. Com a Constituinte, a participação popular na elaboração, acompanhamento
e fiscalização das políticas públicas ganha institucionalidade, já que a Carta prevê a criação de instâncias específicas com este fim, obrigatórias no caso de setores onde existem fundos a serem geridos, como saúde e educação. Ao longo dos anos 1990, firma-se a ideia da participação em conferências e se multiplicam os conselhos municipais de políticas públicas, com a eleição de representantes da sociedade civil e indicação dos representantes municipais, primeiro nas principais capitais, logo nas
cidades médias.
Participação impacta Legislativo e melhora acesso a serviços públicos
Um estudo do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj) que procurou medir o impacto da participação popular na atividade legislativa constatou que um quinto dos projetos de lei e quase metade das propostas de emenda constitucional que tramitavam no Congresso em outubro de 2009 apresentavam forte convergência com deliberações de alguma conferência. A convergência é mais intensa durante o governo Lula: mais de dois terços das leis e 90% das emendas constitucionais que foram aprovadas com convergências com diretrizes das conferências concentram-se nos oito anos dessa gestão. As deliberações das conferências que não se transformaram em decretos ou projetos de lei, no mínimo, se incorporaram à agenda de discussões do governo. Uma segunda etapa da pesquisa do Iuperj, conduzida por Thamy
Pogrebinschi, mostra que a criação de conselhos e realização de conferências específicas sobre políticas públicas pelos direitos humanos e de grupos tradicionalmente discriminados também se refletiram no legislativo. Resultados preliminares do estudo mostram que projetos de lei com este foco correspondiam a 18% do total que tramitava no Congresso no final de 2009.
Outro estudo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o aumento da participação popular na elaboração das políticas aumenta sua eficácia, ampliando o acesso aos serviços públicos e melhorando o desempenho administrativo. O estudo analisou o acesso a serviços públicos de saúde e educação em cidades com mais de 100 mil habitantes e constatou que aquelas com maior participação popular apresentaram, em proporção à população, um número três ou quatro vezes maior de creches e
de matrículas no ensino fundamental, além de um número de consultas e de leitos do SUS 10% superior às outras. Seu desempenho administrativo também era melhor: com uma receita corrente 70% superior às dos municípios com baixos níveis participativos, os mais participativos tinham uma receita tributária 112% maior. Este levantamento mostra que, entre 1998 e 2008, o número de conselhos municipais de políticas públicas saltou de 274 para 490 e que em todas essas cidades hoje existem mais conselhos do que os que são obrigatórios por lei.

80 anos de FHC


Realmente não parece ter 80 anos. Fala com segurança. A entrevista à Folha de São Paulo publicada ontem demonstra claramente sua lucidez política. Tenta afirmar que é mais intelectual que político. Parece polir seu currículo, o que faz da sua recente militância pela regulamentação do uso de drogas leves um carro-chefe.
Que balanço pode ser feito de sua atuação como político?
1) Teve sorte. Quase caiu nos braços de Collor, mas foi contido por Mario Covas. Era cotado para ser chanceler e demonstrava interesse publicamente. Finalmente, se tornou ministro de Itamar. E se cercou de economistas brilhantes e engajados. Daí por diante, foi colher frutos;
2) Mas não teve a sorte e a ousadia de Lula. Ficou preso nas sucessivas crises internacionais (Rússia, México, Argentina, sudeste asiático). Naufragou no segundo mandato. Poucos querem lembrar que o risco-Brasil havia explodido no final da sua gestão e a inflação batia às portas;
3) Tem razão ao afirmar que não foi neoliberal. Não foi mesmo. Foi uma derivação, uma mescla de social-democracia com neoliberalismo, que no Reino Unido ganhou a alcunha de Nova Gestão Pública. Aqui foi apelidado de Estado Gerencial. Por didatismo ou algo mais, a oposição quer rotular sem grande rigor teórico;
4) Acertou em relação ao seu último texto em que afirma que ao PSDB resta tentar envolver a nova classe média. Exagerou ao utilizar o conceito de povão. Não se conteve. FHC é vaidoso ao extremo. Não consegue engolir o destino da sua biografia e a de Lula como governantes. Terá sido um dos Presidentes do Brasil. Aquele que atacou a inflação. Lula será muito mais que isto.

domingo, 19 de junho de 2011

Desigualdade regional em queda


Mais um dado confirmando a arrancada do país nos últimos dez anos. A folha divulgou, com base nos dados do Censo Demográfico do IBGE, que a desigualdade social entre regiões caiu. Reportagem de Antônio Gois, Pedro Soares e Simon Ducroquet na edição deste domingo mostra que investimentos regionais, Bolsa Família e salário mínimo explicam redução das disparidades na última década.
A comparação da renda média domiciliar per capita em 2000 e 2010 revela, por exemplo, que municípios do Nordeste tiveram os maiores ganhos na renda por pessoa, enquanto cidades paulistas lideram a lista das que menos avançaram na década.
Considerando apenas os municípios com mais de 100 mil habitantes, entre os 50 que mais avançaram, metade são nordestinos e um paulista (Franco da Rocha).
É interessante como os dados continuam reforçando a imagem do lulismo como ruptura na política republicana, em especial, no período pós-regime militar. Os dados de aprovação de Lula, os dados recentes em que a maioria dos brasileiros desejam a interferência de Lula na gestão Dilma e este dado sobre queda da desigualdade regional corroboram o que já parece um fato e não uma mera interpretação.
O que me assusta é a resistência de assimilação dos editores da grande imprensa e parte considerável dos intelectuais brasileiros. Tentam diminuir os méritos de dois governos que mudaram o rosto do país. Sem dúvida, poderia muito mais. Mas não tem como negar que fez muito mais que o restante da grande maioria dos governos tupiniquins.

Setores que puxarão emprego no Brasil no próximo trimestre

Os setores de finanças, seguro e imobiliário, construção, serviços e transportes devem ser as estrelas do emprego no Brasil nos próximos três meses, segundo pesquisa de uma consultoria de recursos humanos divulgada nesta terça-feira. De acordo com o Panorama Global do Emprego da Manpower, que realizou uma comparação internacional entre 39 países e territórios, mais de quatro em cada dez empregadores brasileiros (41%) preveem um aumento no seu quadro de funcionários entre julho e setembro.

sábado, 18 de junho de 2011

Cão grego militante

Aécio caiu do cavalo


Título forçado, mas é real:
O senador mineiro Aécio Neves, do PSDB, sofreu um acidente enquanto montava um cavalo, nessa sexta-feira (17), na fazenda de um primo, em Minas Gerais. Quebrou a clavícula e cinco costelas. Sente muita dor ao respirar. Precisará ficar, no mínimo, 10 dias em repouso total.

Tucanos mineiros revelam fragilidade política


É aquela coisa: você grita truco e espera que o outro lado não devolva um 6! Mas se o outro devolve, o que fazer?
Pois este é o dilema dos tucanos mineiros, mais especificamente, os de BH.
Fizeram uma proposta pública ao prefeito Marcio Lacerda para que ele expulsasse o PT da aliança que o elegeu prefeito e se tornasse aliado exclusivo do PSDB na tentativa de sua reeleição em 2012. Em troca, ofereceram a candidatura ao governo do Estado. A resposta de Lacerda foi: "nunca me confrontaria com Fernando Pimentel". Pimentel, ministro, é sabidamente candidato petista à sucessão do governador Anastasia.
Daí o dilema tucano: qual a sequência que darão ao jogo?
Porque agora todos sabem que os tucanos não têm candidatura forte para sucessão de Anastasia. E ainda que Pimentel tem força junto ao prefeito de BH.
Esqueceram as lições do filósofo Garrincha? Tem que combinar antes com o adversário para a jogada dar certo!!!

Crescem as exportações: o balanço da agricultura comercial

STF para Presidente!


As últimas decisões do STF são muito mais progressistas que qualquer político de peso do Brasil. É surpreendente. União gay e liberdade de expressão é a alma de qualquer sociedade plural e democrática. O que não impede união heterossexual (no meu caso, continuo firme com a minha) e passeata contra a maconha (no meu caso, prefiro uma passeata pelo consumo de vinho). Isto sim é país desenvolvido.
STF prá Presidente!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Editorial do El País retrata crise européia


O editorial do El País de hoje revela o temor da Espanha e de muitos países europeus. Afirma que o confronto da Alemanha com o Banco Central Europeu e a Comissão Européia coloca em perigo a estabilidade financeira do zona do euro. Cita explicitamente que a Espanha é um dos países em risco que sente a sua dívida explodir e a subida gradativa da avaliação de risco-país. Conclui que não só para a Espanha, mas para vários países que vivem à beira do caos (reproduzo exatamente a frase publicada), quase todo problema se resume a um nome: Grécia.

Na mesma edição de hoje, o El País publica (P. 6) um interessante artigo sobre a privatização da guerra, onde retrata como ex-militares (como os da Colômbia) recebem convites, pela internet, para trabalhar como mercenário em várias guerras. Cita o caso de John Edward López, colombiano de 24 anos, que recebeu convite semelhante para servir aos Emirados Árabes por um ano. Isto é que é Parceria Público-Privado.

PNE e o artigo que saiu ontem na Folha


O artigo do Claudio Moura Castro, João Batista Oliveira e Simon Schwartzman publicado na Folha de ontem com o título "PNE é lista de Papai Noel" é frustrante. Daria para escrever um contraponto com o título "De Papai Noel ao Lobo Mau". Acho que vou escrever neste final de semana. O artigo faz uma contra-proposta das mais estranhas. Algumas delas eu até acho interessante (como exigir todas crianças alfabetizadas ou permitir que o ensino médio se diferencie na pluralidade de opções curriculares). Mas fazem outras propostas que são um verdadeiro atraso ou delírio. Por exemplo: adotar o modelo de gestão público-privado para escolas é cópia do que deu errado nos EUA (aliás, especialidade de João Batista Oliveira). Definir clareza dos currículos é uma boa carta de intenções. A questão é como fazer isto. Também parece uma boa intenção exigir que professores dominem conteúdos a partir de certificação. Mas o problema do professor não é qualificação, mas condições de trabalho. Talvez os autores do artigo devessem dar uma passadinha numa sala de aula de escola pública, a verdadeira escola brasileira, a mais democrática e que efetivamente estampa a diversidade do nosso país.
Enfim, mais do mesmo. No Brasil, o velho sempre aparece com roupagem nova.

Dalva e Dito não é mais o mesmo


Fui ontem no Dalva e Dito, restaurante do premiado Alex Atala. Não gostei. Fui com meu amigo Rogério Leibovitz e acabamos comendo um frango de televisão muito mais ou menos. Já saí mais feliz de lá.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Antonio Nóvoa em São Paulo


O SINESP, sindicato dos diretores e especialistas de escolas municipais da cidade de São Paulo, trará Antonio Nóvoa para dar uma palestra em São Paulo no dia 24 de agosto. Nóvoa é o maior especialista do mundo em formação de professores.
A palestra ocorrerá às 13h30, no Teatro Gazeta.
O telefone do SINESP (11) 3255-9794

quarta-feira, 15 de junho de 2011

PT Mineiro na TV


Acabo de assistir um spot do PT de Minas na TV. Começa afirmando que o PT mineiro realiza e faz a diferença. Em seguida, o deputado Durval Ângelo diz que Contagem (ele é candidato a prefeito da cidade, procurando suceder a atual prefeita Marília Campos, também petista) está vivendo uma revolução com milhares de pessoas conseguindo realizar o sonho da casa própria (está citando obras do Minha Casa, Minha Vida e PAC). A âncora chama Fernando Pimentel, ministro de MG, afirma.
Em suma, em poucos segundos, as realizações do PT mineiro são.... do governo federal.
Precisa dizer mais?

Risco Brasil é menor que Risco EUA


Pela primeira vez na história, os investidores enxergam mais risco de calote dos Estados Unidos que do Brasil. O Credit Default Swap (CDS) de um ano – instrumento de proteção contra o risco de um devedor não cumprir suas obrigações – do Brasil tem sido negociado abaixo do norte-americano.
“Ainda que circunstancial, trata-se de algo inédito na história ou mesmo um fato impensável que pudesse ocorrer em algum momento”, diz o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros.
No dia de ontem, o CDS do Brasil estava em 41,2 pontos-base, enquanto o norte-americano estava em 49,7 pontos.“As dificuldades enfrentadas pela economia americana e as tensões no Congresso americano em relação ao teto para o endividamento que será atingido em julho geram incertezas nos mercados”, completou Octavio de Barros.

Histórias de Gleisi, a ministra

Recebi este email assinado por Valmor Stédile:
A revista IstoÉ desta semana apresenta reportagem intitulada 'O casal mais poderoso da República', tratando das vidas pública e privada dos ministros Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, que eu nem estaria ligando se não fosse por um detalhe estampado no canto superior esquerdo do fac símile ao lado, sobre a iniciação política da atual ministra-chefe da Casa Civil na juventude, em 1983: "Filia-se ao PCdoB e é eleita presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes) e, em seguida, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes)". Para os leitores entenderem o nó da questão repito, a seguir, mensagem que encaminhei à revista em três tópicos porque o espaço só recebia em média 300 caracteres: 1. O currículo apresentado está incorreto onde diz que Gleisi Hoffmann presidiu a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), em 1983, época em que eu presidia a entidade e inclusive fui reeleito no mês de outubro daquele ano, com o apoio dela... 2. Gleisi exercia a presidência da UMESC (União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas) e fazíamos política estudantil no mesmo bloco, eu era ligado ao PDT e ela desempenhava importante papel junto à tendência "Viração" – vinculada mesmo ao PCdoB... 3. Só nos dividimos na minha sucessão no 36º Congresso realizado na cidade de Coronel Vivida, em outubro de 1984, quando o candidato situacionista Élio Resende de Oliveira (de Toledo) venceu a chapa opositora, por 26 votos. O nosso grupo ganhou também os congressos seguintes, ocorridos em 1985, 1986 e 1987.

terça-feira, 14 de junho de 2011

A insustentável leveza de Ideli Salvatti


Um deputado petista me contou, hoje, o estilo Ideli Salvatti de ser ministra. Quando ainda dirigia o Ministério da Pesca, Ideli recebeu este deputado que sondava sobre um programa a ser desenvolvido numa região do seu Estado. Nem mesmo começou a falar, foi interrompido por Ideli que disse: "nem venha com discurso. Só discuto projeto. Traga logo uma proposta concreta". O deputado colocou a viola no saco e voltou para sua região. Dias depois, estava lépido e solto no gabinete de Ideli. No colete, o indefectível projeto, cheio de números. Começo a apresentar à ministra, mas foi novamente interrompido. A ministra disse: "nem precisa apresentar. Não tenho um tostão".
E lá se foi o deputado petista, se achando o menor peixe que teria pisado naquele ministério.

Confeitaria Tartaruga


Nasci em Tupã, oeste paulista, numa região marcada pela migração japonesa. O que me lembro mais da presença japonesa na minha infância era o ritual familiar dominical, quando escolhíamos os doces na confeitaria Tartaruga. A confeitaria tinha um manjar branco (com uma ameixa no topo e uma calda deliciosa), um pudim, um canudo de massa folhada com recheio de creme que daria uma tese sobre memória afetiva.
O proprietário da confeitaria era Giichi Maeda, mas sua presença era tão significativa quanto de sua esposa, Mitsue. Escolhíamos os doces e eles nos entregavam numa bandeja de papelão, coberta com um papel manteiga e outra bandeja de papelão, tudo embrulhado num papel um pouco mais grosseiro e amarrado com barbante. Consigo lembrar nitidamente desta manobra torturante que era o embrulho dos doces.
Giichi era imigrante japonês que chegou ao Brasil nos anos 30. Chegou à Tupã nos anos 40 e logo conquistou a cidade. E se instalou na minha memória (assim como os sanduíches do Paulinho).
Viúvo há quatro anos, Giichi morreu no domingo passado, aos 99 anos.
Mais uma parte da minha vida que vai junto.

Projeções do agronegócio brasileiro


O Ministério da Agricultura acaba de divulgar o relatório Brasil Projeções do Agronegócio (2010/2011 a 2020/2012). O relatório indica que:

1) Os produtos mais dinâmicos do agronegócio brasileiro deverão ser o algodão, soja, carne bovina, carne de frango, açúcar, papel e celulose. Esses produtos são os que indicam maior potencial de crescimento da produção e das exportações nos próximos anos.
2) A produção de grãos (soja, milho, trigo, arroz e feijão) deverá passar de 142,9 milhões de toneladas em 2010/2011 para 175,8 milhões em 2020/2021.
3) O crescimento da produção agrícola no Brasil deve continuar acontecendo com base na produtividade. Deverá ser mantido forte crescimento da produtividade total dos fatores
4) As estimativas realizadas até 2020/2021 são de que a área total plantada com lavouras deve passar de 62 milhões de hectares em 2011 para 68 milhões em 2021. Um acréscimo de 6,0 milhões de hectares. Essa expansão de área está concentrada em soja, mais 5,3 milhões de hectares, e na cana-de-açúcar, mais 2,0 milhões
5) Apesar do Brasil apresentar, nos próximos anos, forte aumento das exportações, o mercado interno continuará sendo um importante fator de crescimento. Em 2020/2021, 64,7% da produção de soja devem ser destinados ao mercado interno, e no milho, 85,4% da produção devem ser consumidos internamente.
6) Do aumento previsto na produção de carne de frango, 67,0% da produção de 2020/2021 serão destinados ao mercado interno; da carne bovina produzida, 83,0% deverão ir ao mercado interno, e na carne suína, 81,0% serão destinados ao mercado interno.
7) Finalmente, as projeções regionais estão indicando que o maior aumento de produção, 42,1%, e de área, 41,8% da cana de açúcar, deve ocorrer no Estado de Goiás, embora este ainda seja um estado de produção pequena. Mas São Paulo como maior produtor nacional, também, projeta expansões elevadas de produção e de área desse produto. Mato Grosso deve continuar liderando a produção de soja no país devendo responder por quase 30,0% da produção. A região denominada MATOPIBA, por estar situada nos estados brasileiros de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, deverá apresentar aumento elevado da produção de grãos assim como sua área deve apresentar também aumento expressivo.

Marina de saída


Agora parece que é para valer.A ex-senadora Marina Silva deu um ultimato à direção do PV e retomou a ameaça de deixar o partido caso o presidente José Luiz Penna não aceite abrir mão do cargo, que ocupa há 12 anos. Como Penna não deixará de ocupar o trono de monarca, é evidente que se trata da cartada final para Marina sair pela porta da frente.Aliados voltaram a falar abertamente na criação de uma nova legenda para abrigá-la numa nova candidatura ao Planalto em 2014. Aí começam as dúvidas. Quem irá com Marina? Sirkis? Gabeira? Nenhum cacique importante?
Criará novo partido? Será este com o nome inviável de Partido da Causa Ecológica (que parece um plágio torto do Partido da Causa Operária)?
Minha intuição é que Marina começa a perder seu capital eleitoral, conquistado bravamente nas eleições passadas. Sem um fato político relevante, começará a assumir o papel de Maria Madalena, que chora pela perda do seu guia moral.


Miguel Gontijo

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Nem com a queda de Palocci a oposição aparece


O mais intrigante deste momento político é que a queda do Palocci foi obviamente uma derrota política do governo federal. Ora, era de se esperar que a oposição crescesse e que alguns de seus líderes avançassem no ataque, fazendo contraponto ao governo enfraquecido. Mas não foi isto o que ocorreu. A oposição continua em seu mesmo lugar, limitada ao seu tamanho original. Continua fiel à sua Síndrome de Tribuna. Não consegue ocupar outro espaço.

A festa da Ritalina na cidade de São Paulo


Divulgo os dados oficiais da
Secretaria Municipal da Saúde
da cidade de São Paulo
(documento de 20/5/2011)sobre
as quantidades compradas de
"cloridrato de metilfenidato"
(Ritalina) de 2009 a 2011
(comprimidos de 10 mg).
2009 - 110.300 comprimidos
2010 - 180.000 comprimidos
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Pesquisa indica perfil do jovem brasileiro

Pesquisa radiografa o jovem brasileiro

Estudo da Box1824 aponta que 92% daqueles que têm entre 18 e 24 anos acreditam que pequenas ações cotidianas podem mudar a sociedade

Nada do ímpeto revolucionário de outrora. Pesquisa da Box1824 divulgada nesta segunda-feira, 13, e antecipada na edição impressa de Meio & Mensagem que circula na mesma data, aponta que “90% dos jovens concordam que a transformação da sociedade acontece aos poucos” e “92% concordam que a soma das pequenas ações do dia-a-dia pode mudar a sociedade, e resultar em macro-transformações”. Intitulado “Sonho Brasileiro”, o estudo é o primeiro conduzido pela consultoria — que foi fundada há oito anos e especializada na faixa etária que lhe dá nome (gente com idade entre 18 e 24 anos) — que foca especificamente o comportamento voltado para as questões nacionais, não de consumo.

A Box1824 chama seus mais de mil entrevistados da fase qualitativa de “transformadores”. A empresa afirma que essas pessoas representam 8% da faixa etária analisada, e que elas estão pensando sobre o País e o futuro da nação; têm uma consciência coletiva mais apurada e já estão atuando em projetos voltados à comunidade; são otimistas, por já enxergarem os resultados das próprias ações; e são disseminadores de questões coletivas.

62% dos participantes da pesquisa acreditam que os governantes são os responsáveis por mudanças na sociedade — a maior parte desses jovens está no Norte e no Centro-Oeste, onde o índice de crença nos políticos é de 70%; a menor parte está no Nordeste (59%).

A quantidade de pessoas que atribuem o papel de mudança às escolas e universidades gira em torno de 35%, enquanto os que veem a mídia como forma de transformar o mundo são 29% — entre os que têm ensino superior, esse índice é de 41%, contra 24% dos que completaram apenas o Ensino Fundamental.

Além disso, 70% dos jovens afirmaram ter vontade de participar de projetos comunitários (ou de participar de mais algum, nos casos dos que já participam). Destes, a maioria (31%) tem interesse por projetos voltados para cultura e arte, seguidos de 29% interessados em programas pró-meio ambiente e 26% que querem contribuir na área da educação.

A fase qualitativa contou com gente das classes A, B e C, de 18 a 24 anos, das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. Depois, o Datafolha fez a fase quantitativa, com 1.784 entrevistas, com jovens das classes A, B, C, D e E, em 173 cidades de 23 estados.


"Menas", Kotscho


Ricardo Kotscho, este excelente jornalista que já foi membro do governo Lula, escreve um artigo em que afirma que Dilma retomou o presidencialismo em nosso país, após a experiência de tipo parlamentarista de Lula. Na sua opinião, sem consultar PMDB ou PT, mudou o ministério e provou que o país não tem oposição e que tem governo.
Uau! Acredito que mãe de Dilma assinaria este artigo (o título do artigo é "Sem Palocci, Dilma restitui o Presidencialismo"). Mas dificilmente um cientista político assinaria. Porque Dilma não fez nenhuma reforma ministerial de monta. Na verdade, nomeou uma ministra, Ideli Salvatti. A ministra Gleisi faz um belo casal com Paulo Bernardo. E o ministro Luiz Sérgio possivelmente se tornou um peixe ornamental. A fragilidade política deste "novo ministério" poderá ser confirmada em pouco tempo. Em breve começa uma batalha santa: a negociação para aprovação do orçamento de 2012. Será este o momento crucial para se analisar a verdadeira capacidade política do governo Dilma, seu "deadline": ou se firma ou Lula assume quase explicitamente. Alguém terá que ceder.

Hoje é dia de Santo Antônio


As festas juninas remontam às festividades dos povos arianos e os romanos. Na Idade Média, a festa foi cristianizada. Surgem neste momento os santos padroeiros vinculados às mudanças de estação: Santo Antônio, São João e São Pedro. Os rituais ligados ao fogo (balões, fogueira, foguetes)
passaram a significar um ataque aos demônios. A partir de meados da década de 1970, as festas juninas começaram a ser introduzidas nas escolas paulistas.
Um dos textos que mais me impressionaram a respeito foi um breve ensaio escrito por Carlos Rodrigues Brandão em que relacionava o ciclo da colheita às festas juninas. O Santo casamenteiro aparecia, assim, como o padroeiro vinculado à colheita, ou seja, só se casava a partir da fartura da colheita e daí emergir o padroeiro do casamento. Junho é o mês logo após as colheitas clássicas da agricultura familiar das regiões do centro-sul do país.
Entender a complexidade cultural de nosso país exige esta articulação entre natureza, religiosidade e interesses grupais.