sábado, 11 de junho de 2011

BNDES e a concentração dos investimentos

Do Monitor Mercantil:

Ano passado, 28% dos empréstimos do BNDES foram absorvidos pelo setor de alimentos, seguido das empresas de etanol (15%) e as multinacionais fabricantes de veículos (10%). A concentração se repetiu no que tange ao número de empresas. A Vale, com R$ 4,6 bilhões, liderou a lista, seguida da Usina Santo Antônio (R$ 3 bilhões); Valepar (R$ 1 bilhão), Siderúrgica Barra Mansa (R$ 865 milhões) e Braskem (R$ 780 milhões). Somadas, as cinco primeiras empresas sozinhas abocanharam cerca de 7% dos financiamentos do banco em 2010. Esta semana, chamou a atenção a aprovação de mais um financiamento bilionário: R$ 2,7 bilhões para a Eldorado Celulose e Papel, ligada ao frigorífico JBS, de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Os recursos serão destinados, segundo o BNDES, "à construção da maior fábrica de celulose do mundo, com produção de 1,5 milhão de toneladas por ano de celulose branqueada de eucalipto".O banco calcula que o empreendimento como um todo vai gerar mil empregos diretos e quatro mil indiretos. Em 2008, o JBS pegou R$1,1 bilhão de empréstimos com o BNDES. Em 2009, foram mais R$ 3,5 bilhões, e, em 2010, R$ 200 milhões.

No entanto, o economista Maurício Dias David tem dúvidas se essa é a melhor estratégia: "Apoiar as empresas chamadas pelo banco de "campeãs nacionais", tudo bem. Mas que expertise a JBS tem nesse setor?", pergunta, questionando se a localização do empreendimento é adequada à exportação. "O BNDES prefere financiar grandes projetos, em vez de parcelar em muitos outros pequenos. Não aposta na inovação e põe um caminhão de dinheiro numa empresa que nunca plantou um eucalipto. É quase como emprestar para a área financeira. E se houver reviravolta no câmbio, por exemplo?", indaga.


2 comentários:

Marcelo Manzano disse...

Caro, a crítica que você faz ao BNDES resulta a meu ver de um equívoco no entendimento da dinâmica capitalista mais geral e se atém. Desde Marx (O Capital, Livro II, capítulo 23) sabemos que a incorporação da força de trabalho no processo de produção será tão maior quanto maior for a massa de meios de produção mobilizada pelo capital. Nesse sentido, a ação do BNDES é pertinente, pois permite ampliar o potencial de crescimento dos meios de produção e, consequentemente, da força de trabalho utilizada.
Quanto aos suposto desconhecimento do JBS, diria que nessa escala de aplicação capitalista, a administração é sempre profissional (contratata) e, portanto, não há requisitos técnicos que possam constituir um entrave.

SENÔ BEZERRA disse...

BNDES sigla de Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. É isso mesmo?Nada contra emprestar para grandes conglomerados. Mas o fato é que quem mais gera empregos nesse País são as micro e pequenas empresas que são ao longo da históra alijadas da participação desse imenso bolo, só desfrutado pelos convivas e comensais amigos de reis e rainhas.Alegam para isso de que os micro e pequenos empreendedores não possuem garantias para a liberação de empréstimos(eles querem dizer patrimônio)e os projetos dos micro e pequenos ficam engavetados e não recebem nem a chancela de "Empréstimo Negado", o que significa que muitas vezes nem analisados foram. É preciso e necessário que faça-se uma revisão dos conceitos e permita-se a oportunidade de crescimento de icros e pequenos através da efetiva liberação de empréstimos aos mesmos.Falando nisso o Sebrae é uma piada.