sábado, 2 de julho de 2011

Psicologia da literatura argentina



Estou lendo Borges, Uma Vida (de Edwin Williamson, Cia das Letras) e As Teorias Selvagens (de Pola Olixarac, Benvirá). Interessante como há uma linha torta que liga os dois autores argentinos. Borges fugia de si, se achava inadequado desde a infância e daí vinha sua ligação por espelhos (a imagem que não é exatamente o real) e o onírico. Uma critatividade literária irônica e, muitas vezes, vertiginosa. Pola, a bola da vez da literatura argentina, é tão vertiginosa quanto Borges. A escrita é mais áspera, os temas aparentemente mudanos (tal como Borges, que era criticado pela bricolage de elaborações de outros autores) cedem lugar para uma mescla de narração, crítica literária e de comportamentos e algo de difícil definição. É muito mais agressiva que Borges (mas Borges não era nada pacífico), mas tão irônico quanto. Há algo de fuga nos dois autores. Fuga do presente e fuga de si. Pola já disse - e eu registrei neste blog - que ela é uma marxista de direita. Ironia, dissimulação, fuga, tergiversação. Há algo na alma da literatura argentina que a faz outsider. Com nobreza, que ninguém é de ferro.

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