terça-feira, 2 de agosto de 2011

Eu falei, eu falei...


Do Terra:


Senadores do PR ameaçam deixar a base aliada do governo
A criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes pode não ser o único golpe que o governo sofrerá no Senado. O PR se reunirá no início da próxima semana para decidir se continuará apoiando a presidente Dilma Rousseff na Casa.







Para o senador Blairo Maggi (PR-MT), a tendência é que o partido assuma uma postura mais independente. "Acabei de acertar com o líder (do partido) uma reunião para a semana que vem. A gente não tem nada no governo, por que vai carregar (o governo)?", perguntou o senador, que chegou a ser convidado pela presidente para assumir o ministério depois da saída de Alfredo Nascimento (PR-AM).

O líder, Magno Malta (PR-ES), é favorável a deixar a base. "Vamos sair desse bloco, vamos fazer apoio crítico ao governo. O que é bom é bom, o que é ruim é ruim. Porque eu não quero ser levado para a vala comum de bandido não." A mesma postura foi adotada pelo senador Vicentinho Alves (PR-TO), que sugeriu que os membros do partido que têm cargos no governo abdiquem. "Vamos caminhar com nossas próprias pernas. E que quem tiver cargos, que entregue. Não podemos ficar a reboque."

Para a oposição, a saída do partido, que tem seis senadores titulares e três suplentes, pode favorecer ainda mais a criação de uma CPI. "Se o PR sair da base do governo pode ser uma grande contribuição na apuração da verdade", afirmou o líder do DEM, Demóstenes Torres (DEM-GO).

Os oposicionistas conseguiram as 27 assinaturas necessárias para protocolar o pedido de criação da CPI. O trâmite, contudo, ainda não está concluído. A Mesa Diretora irá checar as assinaturas e deverá ler o documento para a investigação em plenário só na quarta-feira. A partir daí, os senadores que assinaram o requerimento terão até a meia noite para voltar atrás e retirar seu apoio, o que pode derrubar a instalação da comissão de inquérito.

A crise no Ministério dos Transportes
Uma reportagem da revista Veja do início de julho afirmou que integrantes do Partido da República haviam montado um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por meio de empreiteiras dentro do Ministério dos Transportes. O negócio renderia à sigla até 5% do valor dos contratos firmados pelo ministério sob a gestão da Valec (estatal do setor ferroviário) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

O esquema seria comandado pelo secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto. Mesmo sem cargo na estrutura federal, ele lideraria reuniões com empreiteiros e consultorias que participavam de licitações do governo no ramo.

O PR emitiu nota negando a participação no suposto esquema e prometendo ingressar com uma medida judicial contra a revista. Nascimento, que também negou as denúncias de conivência com as irregularidades, abriu uma sindicância interna no ministério e pediu que a Controladoria-Geral da República (CGU) fizesse uma auditoria nos contratos em questão. Assim, a CGU iniciou "um trabalho de análise aprofundada e específica em todas as licitações, contratos e execução de obras que deram origem às denúncias".

Apesar do apoio inicial da presidente Dilma Rousseff, que lhe garantiu o cargo desde que ele desse explicações, a pressão sobre Nascimento aumentou após novas denúncias: o Ministério Público investigava o crescimento patrimonial de 86.500% em seis anos de um filho do ministro. Diante de mais acusações e da ameaça de instalação de uma CPI, o ministro não resistiu e encaminhou, no dia 6 de julho, seu pedido de demissão à presidente. Em seu lugar, assumiu Paulo Sérgio Passos, que era secretário-executivo da pasta e havia sido ministro interino em 2010.

Além de Nascimento, outros integrantes da pasta foram afastados ou demitidos, entre eles o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, o diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, Hideraldo Caron - único indicado pelo PT na direção do órgão -, o diretor-executivo do Dnit, José Henrique Sadok de Sá, o diretor-presidente da Valec, José Francisco das Neves, e assessores de Nascimento.




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