domingo, 21 de agosto de 2011

Thiago Camargo comenta meu artigo sobre MG


Thiago Camargo:
Concordo com a análise que você faz da política mineira. Mas não sei se concordo com as mudanças que aponta.
Na verdade, me parece que está em curso uma mudança política nacional e que esta mudança permeia as questões que aponta em Minas. Os conflitos estão aumentando e acredito que isto tem sido consequência do aumento da competição política.
Estamos diante - cada vez mais - de um conflito entre duas forças centrais (com semelhanças do acontecia na democracia pre-64, embora com diferenças institucionais profundas). Com o crescimento das máquinas partidárias, os conflitos nacionais acabam alimentando os conflitos locais (e que por sua vez se retroalimentam).
O caso de Minas é interessante.
Todos estão interessados na disputa em Minas por conta da repercussão no projeto político do Aécio Neves. Fortalecer o PT mineiro e induzi-lo ao conflito com o Aécio é parte da estratégia nacional petista. Não vejo outra justificativa para o endurecimento repentino, cujas manifestações principais podem ser sentidas nas greves dos servidores (em especial do Sindute) e na articulação e atuação das forças politicas de oposição.
De forma estratégica, a Presidente Dilma resolveu os problemas internos do PT de Minas deixando claro quem está "mandando". Ou seja, ao colocar Fernando Pimentel como único ministro, decidiu o jogo interno do PT.
Agora as atenções estão voltadas ao Aécio (em nível nacional) e no desenlace da aliança Lacerda-PT e PSDB. O normal - especialmente se sua visão de mudança da política em Minas estiver correta - seria ou o PT ou o PSDB sairem sozinhos da disputa. Lacerda com PSDB ganha. Lacerda com o PT ganha. Porque Lacerda não sai candidato a governador em Minas e deixa um vice do PSDB governando (caso fosse reeleito)? Uma estratégia deste tipo abriria um conflito local, com repercussões na aliança Dilma-Lula.
Ao que parece o jogo político está cada vez mais amarrado, daí a impossibilidade de uma ação ousada como esta. Serve apenas para barganhas, mas no fim e ao cabo, não vejo modificações do "jeito mineiro de fazer política".
Ao pensar em quase todos os políticos mineiros atuais não vejo nenhuma modificação, com exceção do Pimentel (mas este sempre teve um comportamento mais forte e pragmático e que na verdade remonta sua origem - saiu da máquina e não dos movimentos sociais, das igrejas ou dos sindicatos).
Enfim, acho que a chave explicativa está no aumento da competição política e na influência do jogo nacional nos rumos da política em MInas.
Queria explicitar um aspecto importante. De fato, não há no pensamento político mineiro (se é que podemos dizer que isto existe) uma construção a respeito do desenvolvimento. As experiências anteriores que você cita são realmente relevantes e parecem distantes do que ocorre hoje. Não temos um grupo político e/ou técnico que pense os rumos do desenvolvimento de Minas. É já existiram vários.
Os programas para o governo de Minas espelha um pouco isto. Parece que não há "massa critíca".

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