terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A Pele que Habito

Fui assistir este novo filme de Almodóvar. Já tinha achado o título muito bonito. Mas não imaginava o impacto. É um dos filmes mais inteligentes que assisti nos últimos anos. Instigante. Há uma linguagem não verbal e uma moral que não são nada nítidas. Em determinado momento, me veio à memória um filme de Roman Polanski, de 1965, intitulado Repulsa ao Sexo. Porque o filme de Almodóvar parece um dilema pessoal. Diria que é quase um discurso angustiado de um diretor que sempre tomou o tema das relações sexuais como base de suas tramas. Em determinado momento, a mãe-governanta do médico (interpretado por Antonio Banderas) afirma que seus filhos são loucos. Não entendi se foi uma concessão de Almodóvar para atenuar a trama. Mas o fato é que a "punição" do médico àquele que teria estuprado sua filha, transfigurando o seu rosto (e corpo) no da sua ex-esposa morta em acidente de carro (quando o traia com seu irmão) cria uma argumentação vertiginosa, um jogo de espelhos com imagens invertidas.

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