quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Greve: de partido para partido

A greve da PM da Bahia revela um novo quadro político no país. Trata-se de uma greve liderada por um tucano, que já foi do PCdoB e do PSOL. Não se trata de gente sem experiência ou elite tentando se passar por sindicalista, como alguns militantes estão twittando. E os oficiais da PM ameaçam engrossar a greve. Mais: hoje a PM do RJ pode decidir pela greve, em assembléia marcada. E DF, ES, vários outros estados. Em jogo, a PEC 300, que criaria o piso salarial nacional da categoria.
Não há nenhuma semelhança com as greves de professores lideradas pela CNTE? As greves de professores lutavam justamente pela observação do piso salarial nacional, com a diferença que já era uma lei. Não é uma diferença irrelevante, mas a essência é a mesma.
Alguns dirão que não se trata de greve, mas motim, ou ainda, que seria vandalismo. Estranho. Acredito que tais argumentos encobrem uma disputa partidária.
O sindicalismo brasileiro fez uma inflexão importante nos últimos anos. Ficou mais partidarizado. As centrais sindicais têm vínculos diretos com PT, PSDB, PDT e assim por diante. Mais: a disputa foi se deslocando da base de trabalhadores da indústria privada para o serviço público. Este é o filão que vem dando mais recuros para as centrais sindicais.
Assim, a prisão de Marcos Prisco e a decisão de continuação da greve da PM da Bahia podem ampliar a arena de disputa partidária-sindical do país. Obviamente que para os militantes mais antigos, pode significar divisão do oligopólio. Mas para analistas políticos, é sinal de pluralidade. A escolha da partidarização foi feita antes. Portanto, quem se irrita deve pensar que este é fruto da semente plantada tempos atrás.

Um comentário:

SENÔ BEZERRA disse...

A prisão do líder foi uma estupidez, a invasão da Assembléia outra estupidez.Aquele negócio de queimar ônibus ou sei lá o que na Rio-Bahia, um crime hediondo(não há informaçoes de que isso tenha ocorrido); ademais a partidarização dos sindicatos não é fato novo. Todas as classes profissionais devem ter seu direito de greve garantido.E sobre a eterna luta dos professores e policiais militares por uma legislação moderna que contemple a valorização do profissional, com salários compatíveis e condições dignas de desenvolvimento da atividade já passou da hora de isso acontecer.Repudio a conotação sensacionalista que a Rede Globo tentou dar ao fato, tentando 'vender" à população a idéia de que o que estava acontecendo era inaceitável e ia contra os interesses da população. Ora bolas, policiais militares tem famílias e essas também compõem o bolo populacional.A Globo pisou na bola.