sábado, 11 de fevereiro de 2012

Kassab no evento do PT

A presença de Gilberto Kassab no evento de comemoração dos 32 anos do PT me fez recordar de um outro evento similar. Em abril de 2007, o partido que um dia tinha sido o PCI realizou seu 4o e último congresso em Florença. Eu tive a honra de estar presente. No Congresso da Democratici di Sinistra, Piero Fassini (na foto) anunciava a fusão com um partido liberal, a Margherita. Fabio Mussi, outro dirigente importante deste histórico partido da esquerda italiana, liderou a oposição à fusão. Foi derrotado e não se incorporou ao novo partido que nascia ali, o Partido Democrático.
O mais impressionante, contudo, foi a entrada de Silvio Berlusconi no local do evento. Chegou com seu staff. Muitos militantes da DS, como eu, ficaram absolutamente surpresos, embora já se anunciasse a presença do líder da direita italiana. Não fez por menos ao se sentar na primeira filieria e ouviu, entre sorrisos, Fassino agradecer sua presença, seguida da frase espetacular: "sua presença demonstra que não somos inimigos, mas advesários... e adversários se respeitam".
Kassab também foi vaiado ao aparecer em Brasília, no evento de comemoração do aniversário dos petistas. Foi aplaudido, contudo, pelos dirigentes que presidiam o encontro.
Fiquei traçando paralelos entre os encontros do PT e DS. O PT está mais para provocar fusões (do DEM com PMDB, entre outros) que ser protagonista de sua dissolução. Mas havia algo que se assemelhava. Pensei quem seria o Fassini do PT atual. Ao menos, quem seria o Fabio Mussi petista. Pelas vaias e pelas reações começo a imaginar. É possível que o Mussi petista seja, neste momento, Marta Suplicy. Rui Falcão, presidente nacional do PT, esteve na convenção do PSD.
Estaríamos, assim, assistindo a meros afagos entre adversários que se respeitam ou seria uma virada de página, ao sabor do jeitinho brasileiro, de mais uma quadra da trajetória da esquerda tupiniquim?



Um comentário:

SENÔ BEZERRA disse...

Rudá gostei do termo esquerda tupiniquim. E essas metamorfoses que de uns anos para cá começaram a ocorrer no PT, que era tido como um lídimo representante da esquerda no Brasil,pois tinha forte aceitação popular por não ter-se divorciado do capitalismo e um projeto que contemplava aquilo que o povo estava e está desejando até hoje.Já ouvi uma vez o ex presidente Lula falar em governo de coalisão, o que para mim cheirou a:"vamos chamar os adversários para ajudar no governo e damos um pedacinho do bolo".Isso formou uma base aliada que permitiu as condições do que está ai hoje.É claro que isso não é "ad eternum", porque a fome dos pequenos partidos também aumenta no mesmo ritmo da fome insaciável dos partidos mais fortes.Então uma hora a coisa quebra na emenda e dai vai cada um pro seu lado,abandonando a teta que antes tinha leite em fartura . O PT é forte o bastante para sustentar-se sem os partidos da base aliada?Não creio.Outra coisa,concordo com o ex ministro Delfin Neto: não existe mais esquerda no Brasil, o que existe é quem está no poder e os que gostariam de estar no poder, os rótulos que definem o matiz ideológico não dizem mais nada, já viu comunista mais direitista do que o Aldo Rebelo?