quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A disputa em SP, por Gaudêncio Torquato

Do Porandubas Políticas:


Canibalização
Entende-se por canibalização o esmaecimento de um perfil de baixa visibilidade perante outros, de alta visibilidade. Canibalizar - comer, devorar, superpor, ultrapassar, esmaecer. Ou seja, Russomanno, com pequena exposição, tende a ser superposto por Serra e Haddad. Esse é um princípio consagrado da comunicação. O mais forte massacra o menor. O sistema cognitivo do povão acaba substituindo nomes e perfis visíveis por nomes e perfis muito visíveis. O que não impede a pergunta : mas Russomanno não poderia consolidar sua posição com uma exposição de dois minutos ? Pode, sim. Principalmente se fizer um bom programa de TV e rádio. Campanha política, porém, abriga outros componentes : estruturas administrativas, peso das máquinas municipal, estadual e Federal. Essas estruturas comportam milhares de funcionários, muitos ligados aos partidos e políticos. Daí a inferência : Serra contará com as máquinas da prefeitura e do Estado. Haddad, com a máquina Federal. Russomanno não terá esse apoio.
Cenários
Russomanno teria condições de enfrentar essas frentes poderosas ? Difícil. Mas ele conta com o apoio de uma banda evangélica, representada pela Igreja Universal, cujo dirigente maior é dono da TV Record. Ou seja, conta com um eixo comunicativo forte, apesar do controle rígido que a Justiça Eleitoral impõe às redes. Pelos vetores acima delineados, é possível apontar este cenário : Serra, mantendo cerca de 30% : Haddad subindo para alcançar 25%. Os dois se posicionariam para o segundo turno. Mas, como em política, não existem regras, tudo é possível. Russomanno, nesse caso, teria condições de fixar seu perfil como o anti-Serra; e disputar com ele o segundo turno, deixando Fernando Haddad para trás.
E Lula ? E o PT ?
Essa é outra grande dúvida. Lula, com todo seu carisma, não puxará Haddad ? Em SP, Lula não tem tido tanto sucesso. É o que diz a história. Os paulistanos sabem dar a cada um o seu peso. E decidem conforme suas conveniências. Vejo certa autonomia na decisão do voto paulistano. A micropolítica - as demandas das regiões e dos bairros - é mais importante que a força dos líderes e a imagem dos partidos. Acrescente-se que as siglas estão combalidas, desgastadas. Lula também não poderá fazer a campanha dos seus sonhos. Por mais recuperado que esteja, precisa ter muitos cuidados. O PT tem históricos 30% em SP. Será, porém, que o eleitorado não está saturado da polarização entre tucanos e petistas ? Essa polarização também pega o Serra, que sofre da doença - desgaste de material. Serra é cara de ontem. E os paulistanos gostam de testar novas experiências, novos atores. Foi assim com Pitta. Foi assim com Marta. Foi assim com Kassab.
E os outros ?
Quem também tem condições de um bom avanço é Gabriel Chalita. Que disporá de um programa de mais de quatro minutos, ou seja, uma grande exposição. É fluente, simpático, conta com grande apoio dos católicos e poderá sair-se muito bem dos debates. Soninha e Paulinho da Força deverão oscilar em torno dos 5%.

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