quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Minha avaliação dos resultados das eleições municipais (Faixa Livre, Band RJ)

Dois livros e dois olhares sobre a cultura

Leio a biografia de Matisse, escrita por Hilary Spurling, que vários críticos reputam como "definitiva". Tenho desconfiança deste tipo de julgamento tão.... definitivo. Mas é uma leitura rica e deliciosa. Ainda estou no começo (página 71) das quase 600 páginas, mas a redação é quase um romance da vida tortuosa, cheia de dúvidas e certezas, de Matisse. Leio, em paralelo, outro livro delicioso, este, como momentos de genialidade que causa perplexidade ao leitor: "A Outra Face da Lua", escrito por Lévi-Strauss. Decidi ler os dois livros porque falam da produção cultural ousada do ocidente e da cultura oriental (lida por um ocidental, antropólogo apaixonado pelo Japão). Vou comentar mais adiante o conteúdo dos dois livros. Strauss, como não poderia deixar de ser, procura retomar alguma linha de continuidade (além de ressaltar as diferenças) entre as culturas do Japão e França. Faz parte do esforço estruturalista. Mas, como
sempre, a riqueza da descrição e análise dos detalhes que compõem a cultura japonesa supera qualquer enquadramento teórico. A maneira como relativiza a "recusa do sujeito" ou do indivíduo que estaria cravada na identidade japonesa faz um belíssimo contraponto com a biografia (por si só, centrado na persona ou nas idiossincrasias do sujeito) de Matisse.
Fica a dica e o comentário introdutório.

Excelente Entre Aspas com Roberto Romano e Vladimir Safatle

O último Entre Aspas discutiu o novo quadro político do país pós-eleições municipais. Vale a pena conferir.
Ver AQUI

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Furacão Sandy em Atlantic City

Fotos divulgadas pelo Huffington Post








Entrevista sobre imprensa brasileira ao jornal Impressão (Uni-BH)


P: Pesquisa recente do Ibope, que tomou por base a região metropolitana de São Paulo, apontou um aumento na desconfiança do brasileiro nos veículos de comunicação: rádio, TV e jornais impressos. A que você atribui essa percepção do brasileiro perante a mídia? 
R: São dois fatores principais. O primeiro, a emergência da denominada Classe C que tem histórico familiar onde o hábito de leitura é praticamente nulo. Embora não constitua uma classe, mas um segmento de renda que aumentou seu poder aquisitivo, possui características próprias, como o profundo ressentimento em relação ao tratamento que os mais abastados dispensavam aos seus membros no passado (incluindo sua família). A imprensa e os políticos são vistos como parte constitutiva desta rejeição de classe. Portanto, desconfiam da maneira como projetam e interpretam a realidade. O segundo fator é a maneira como a grande imprensa vem se partidarizando que se choca justamente com os valores deste segmento (que, hoje, representa 53% da população brasileira). Grande parte dos editores da grande imprensa ainda focam sua linha editoral a partir dos valores da classe média tradicional, que antes formava opinião no Brasil. Estes emergentes do consumo de massa não se identificam com esta visão de mundo. Daí que os jornais mais vendidos no Brasil são os que adotam uma linha popular, como o Extra, do RJ.

P: Como o senhor avalia o jornalismo que é feito no Brasil? O que os veículos precisam fazer para mudar essa opinião dos consumidores de notícia? 
R: Os veículos se partidarizaram radicalmente, principalmente nos últimos dez anos. As linhas editoriais são claras e disseminam certo rancor com as mudanças que o Brasil sofreu na última década. Tenho a impressão que, muitas vezes, a linha editorial se choca com o fato, com a notícia. As opinião ganham mais relevo que a reportagem. Basta falar com jornalistas de campo para ouvir queixas sobre cortes e mudanças de pauta pelos editores. A famosa editoração. Falta matéria de rua, de leitura sobre o país real. Os jornais estão muito enfornados nos gabinetes. Até 1980, os jornalistas especiais cumpriam esta pauta de ler o Brasil como ele é. Hoje, isto custa caro e se prefere divulgar release de agências de notícias ou emitidas pelo poder executivo.

P: Até que ponto o desenvolvimento do jornalismo na internet pode ter afetado nessa perda de credibilidade dos veículos tradicionais? 
R: O jornalismo na internet não parece ter afetado muito. Mas as redes sociais, sim. Porque as redes são movimentos de construção de notícias  e interpretações. Na prática, se multiplicam instantaneamente e são, quase sempre, acompanhadas de opiniões, perplexidades, novas notícias, rejeições, enfim, o sujeito está ali compondo um mosaico que vai se desenhando a cada acesso novo. Isto, nem mesmo o jornalismo na internet faz. Em outras palavras, a linguagem jornalística é vertical, cujo comando e interpretação já estão embalados na redação. As redes sociais operam de maneira distinta pois disseminam notícias que são checadas e interpretadas como um jogo de quebra cabeças. É muito mais participativo e reflete algo com mais frescor e menos manipulado.

P: O senhor acha necessária a criação de um órgão que fiscalize o trabalho da imprensa, de modo a evitar distorções e propagação de notícias inverídicas? 
R: Tenho profundo receio de controle do trabalho da imprensa, mas nem tanto em relação às empresas. Porque sabemos como muitas redações são cerceadas pelos editores e diretores de jornais. Portanto, a questão é como defendemos a liberdade de imprensa e coibimos a libertinagem de empresas tentarem forçar uma interpretação de uma notícia para formar opinião. É chegada a hora de impormos mais rigor sobre manipulação de informações, censura nas redações pelos quadros superiores da gestão do negócio jornalísticos, substituição da notícia pela opinião de colunistas escalados para disseminar uma leitura comercial. Sou, portanto, contra todo tipo de censura, do Estado ou dos empresários.

Ainda sobre o fechamento do JT

Deixei de comentar um outro impacto sobre a grande imprensa: a perda de importância do consumo da classe média tradicional. Com a emergência do mercado consumidor de massas no Brasil contemporâneo (fenômeno acentuado na última década), os editoes entraram em parafuso. Um investidor teria qual ganho com as publicações tradicionais? Atinge o consumidor de elite com jornais diários? Ou arrisca ampliar seu mercado e conquistar o consumidor de baixa renda que se revela mais voraz e fiel? Se opta pelo consumidor popular de massas, os impressos perdem interesse porque este consumidor não lê. Rádio e TV ou mesmo contato direto nas ruas são mais promissores. Nos anos 1990 (em especial, no final da década), parte da grande imprensa já tentava dar uma guinada para uma linha editorial mais popular, caso do Extra (RJ), Agora São Paulo (SP), Folha de Pernambuco (PE), Primeira Hora (MS), Notícia Agora (ES), Expresso Popular (SP), Diário Gaúcho (RS). Super Notícia e Agora surgiram em Minas Gerais. Dez jornais populares de grande ciruclação lideram as vendas no Brasil. Segundo a Marplan, Extra lidera com 3 milhões de leitores. O JT tentou entrar nesta fatia, mas capitulou.
Enfim, sem verbas publicitárias e se limitando ao leitor tradicional da grande imprensa que não é mais tão atrativo aos investidores privados como no século passado, a grande imprensa escrita morde seu próprio rabo. Parafraseando a mensagem implícita da ilustração desta nota, a elite dos 500 jornais impressos do país se cristaliza como o "eterno imutável".

VI Encontro Nacional de Educação Social


Bob Fernandes: "opinião pública derrotou opinião publicada"

Jornal da Tarde não resiste e fecha

A crise vivida pelo Jornal da Tarde, do grupo Estado, revela os motivos da linha editorial agressiva anti-lulista de parte da grande imprensa brasileira. Em queda livre em número de assinantes e vendas em bancas de jornal, a grande imprensa escrita perdeu recursos importantes durante o período lulista. O governo federal decidiu pulverizar as verbas publicitárias pelo país afora, injetando recursos em rádios e jornais do interior.
Interessante que os dois jornais que inovaram em termos de layout e linha editorial no país contemporâneo (JT e JB) fecharam suas portas recentemente. O JT focava sua linguagem no consumidor de classe média paulista, traduziu o economês para uma leitura das condições de consumo do leitor. A própria arquitetura da redação do JT inovou ao banir as divisórias que formavam "aquários" por editoria e instalou mesas em formato de meia lua. Fui "foca" do JT e aprendi, entre outras coisas, que muitas vezes anotar a cor da gravata de um entrevistado é mais atrativo que só descrever o que ele dizia. Estes detalhes "impressionistas" faziam da redação deste veículo uma joia que se cuidava com muito respeito. As matérias especiais eram ainda mais cortejadas pelos editores. Lembro, inclusive, de um fotógrafo do JT que fez campana durante dias para tentar tirar uma foto de um novo modelo de carro que estava fechado a sete chaves por uma montadora até que conseguiu o furo.
Tenho impressão que somente na Era Getúlio a grande imprensa e a política estiveram tão entrelaçadas como hoje. O fechamento do JT pode explicar o porquê.

Jornal da Tarde não resiste e fecha
Depois da Gazeta Esportiva e do Jornal do Brasil, que migraram para a internet, o Jornal da Tarde também não resiste e sua última edição circulará nesta quarta-feira (31), após 46 anos de fundação
.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira (29) pelo Grupo Estado, que edita o diário, fundado há 46 anos. O objetivo da decisão é “o aprimoramento do foco estratégico” da empresa, diz nota publicada no site do grupo.
De acordo com o Grupo Estado, o objetivo é investir na marca Estadão com uma estratégia multiplataforma integrada (papel, digital, áudio e vídeo e mobile), para levar maior volume de conteúdo a mais leitores, sem barreira de distância e custos de distribuição (clique AQUI).
O Jornal do Carro, suplemento publicado pelo JT, será incorporado pelo Estadão. A partir de 7 de novembro, o novo Jornal do Carro será a nova marca dos Classificados de Autos do Estadão. A seção será publicada também às quintas, sábados e domingos, e será uma plataforma multimídia de alcance nacional.
Nas últimas semanas, rumores davam conta do fim do jornal e desde a semana passada um abaixo-assinado circula na internet contra o encerramento do diário.
O fechamento do JT não é o primeiro caso de jornal que deixa de circular por problemas de custo. Em novembro de 2001, a Gazeta Esportiva anunciou o fim de sua edição impressa e publicação de todo seu conteúdo no site do jornal. Em agosto de 2010 foi a vez do Jornal do Brasil anunciar o fim de sua edição impressa, em setembro daquele ano. Seu conteúdo passou a circular na internet, com cobrança de assinatura mensal.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Mapa das prefeituras, por partido (2008-2012)

Mapa produzido pelo Estadão. Como é possível perceber, os partidos de oposição regrediram. PSDB possuía 791 prefeituras e agora passa a governar 702; PPS possuía 129 e governará 123 e DEM cai de 496 para 278 prefeitos.
Para quem desejar acessar a tabela toda, que possibilita verificar progressos ou retrocesso dos partidos em termos de número de prefeituras que governam, clique AQUI


Nulos e brancos no segundo turno


As manchetes distintas dos jornais de MG e SP

Se compararmos as manchetes de hoje dos jornais paulistas e mineiros, fica perceptível o quanto a sombra de Aécio Neves atinge as redações dos jornais das Minas Gerais.
No Hoje em Dia, a capa, após citar os quatro eleitos no segundo turno, destaca no subtítulo que o PSDB apoiou três dos quatro eleitos. À página 03, a manchete é ainda mais direta: "PSDB ´vence´ no 2o turno em Minas, mesmo sem disputar". Uma manchete para ficar nos anais da história do jornalismo. Noticiaram timidamente que a vitória de Paulo Piau (PMDB) em Uberaba derrotou diretamente o PSDB.
Não se fez cômputo similar em nenhum outro jornal da grande imprensa brasileira.
Do outro lado, a UOL divulga dados sobre a fatia do orçamento público que o PT passa a governar após o segundo turno das eleições.
A diferença de postura editorial pode revelar regionalismos. Mas pode revelar mais.
Os jornais mineiros fincaram pé nos resultados do segundo turno e esqueceram os do primeiro turno. No cômputo geral, o PSDB não disputou o segundo turno em Minas Gerais, ao contrário do PT, que disputou e perdeu em três dos quatro municípios que tiveram este retorno às urnas. Também se ignorou, na imprensa mineira, que o PSDB ficou mais nordestino e nortista a partir destas eleições municipais e menos sulino. É evidente que o futuro de Aécio Neves depende, hoje, muito mais de outros partidos que o seu.


29/10/2012 - 04h00

PT vai administrar maior parte do orçamento municipal do país

Terceiro lugar no número de prefeitos eleitos, com 634 vitórias entre o primeiro e o segundo turno, o PT é o partido que irá governar municípios para o maior número de eleitores: 27,6 milhões, ou 20% do eleitorado do país.
Será responsável também pela gestão da maior parte das receitas orçamentárias municipais: R$ 76,2 bilhões.
Em relação aos resultados das eleições de 2008, o total de eleitores governados por prefeitos petistas crescerá 29% em 2013, quando os eleitos ontem e no primeiro turno deverão assumir.
O aumento considerável do eleitorado sob o PT é fruto da vitória em um único município, São Paulo, maior e mais rica cidade do país, com 8,6 milhões de eleitores e R$ 32,1 bilhões de orçamento (2011).
Sem a capital paulista, o PT teria crescido da mesma forma em número de prefeitos eleitos. Mas governaria para 2,4 milhões de eleitores a menos na comparação com 2008.
Além do PT, o PSB é a única legenda que cresceu no grupo das dez maiores siglas do país. Em número total de prefeitos eleitos, os socialistas pularam de 308 para 441, um avanço de 43%. Ficaram atrás do estreante PSD (500 prefeituras) e do PP (467), mas irá governar para mais gente que esses dois partidos, pois suas vitórias estão concentradas em cidades maiores.
Já os partidos que fazem oposição ao governo Dilma Rousseff saem da eleição menores do que entraram. Na comparação com 2008, PSDB, DEM e PPS, os três principais oposicionistas, terão 309 prefeituras a menos. Puxados para baixo principalmente pelo DEM, irão governar para 10,5 milhões de eleitores a menos.
A partir de 2013, prefeitos tucanos irão governar para 18,4 milhões de eleitores, queda de 3% sobre 2008. Em número total de prefeituras, o PSDB caiu de 787 para 698, mas continua sendo o segundo maior do país por esse critério, atrás do PMDB, que ganhou em 1.027 municípios.
Chama a atenção o avanço do PSDB na região norte. Os tucanos Arthur Virgílio e Zenaldo Coutinho venceram em Manaus e Belém, as duas maiores capitais da região.

domingo, 28 de outubro de 2012

Resultado das eleições no segundo turno

Neste segundo turno, PT venceu em 8 municípios (4 na Grande São Paulo) e perdeu em 14 (com destaque para MG, onde perdeu nos 3 que disputou). 
O PSDB venceu em 9 e perdeu em 8 (destaque negativo para São Paulo, onde perdeu em 4).
Em Minas, a direção estadual do PSDB foi muito mais profissional e organizada que a do PT.


Municípios onde há disputa de segundo turno neste domingo

Para anotar e conferir daqui a pouco:

Acre: Rio Branco (PSDB X PT)

Amazonas: Manaus (PSDB X PCdoB)

Amapá: Macapá (PDT X PSOL)

Bahia: Salvador (DEM X PT), Vitória da Conquista (PMDB X PT)

Ceará: Fortaleza (PSB X PT)

Espírito Santo: Cariacica (PMDB X PPS), Vila Velha (DEM X PR), Vitória (PSDB X PPS)

Maranhão: São Luís (PSDB X PTC)

Minas Gerais: Contagem (PCdoB X PT), Juiz de Fora (PMDB X PT), Montes Claros (PRB X PT), Uberaba (PMDB X PSB)

Mato Grosso do Sul: Campo Grande (PP X PMDB)

Mato Grosso: Cuiabá (PSB X PT)

Pará: Belém (PSDB X PSOL)

Paraíba: Campina Grande (PSDB X PMDB), João Pessoa (PSDB X PT)

Piauí: Teresina (PSDB X PTB)

Paraná: Cascavel (PDT X PT), Curitiba (PSC X PDT), Londrina (PP X PSD), Maringá (PP X PT), Ponta Grossa (PPS X PT)

Rio de Janeiro: Belfort Roxo (PCdoB X PRTB), Duque de Caxias (PSB X PMDB), Niterói (PDT X PT), Nova Iguaçu (PMDB X PDT), Petrópolis (PMDB X PT), São Gonçalo (PDT X PR), Volta Redonda (PMDB X PT)

Rio Grande do Norte: Natal (PDT X PMDB)

Rondônia: Porto Velho (PV X PSB)

Rio Grande do Sul: Pelotas (PSDB X PT)

Santa Catarina: Blumenau (PSDB X PSD), Florianópolis (PSD X PMDB), Joinville (PSD X PMDB)

São Paulo: Campinas (PSB X PT), Diadema (PV X PT), Franca (PSDB X PP), Guarujá (PMDB X PDT), Guarulhos (PSDB X PT), Jundiaí (PSDB X PCdoB), Mauá (PMDB X PT), Ribeirão Preto (PSD X PSDB), Santo André (PTB X PT), São Paulo (PSDB X PT), Sorocaba (PSDB X PMDB), Taubaté (PSDB X PT)

sábado, 27 de outubro de 2012

ACM Neto eleito em Salvador

Com 10% de vantagem sobre o PT, o DEM tem, com ACM Neto, um fôlego que dá alento no seu pior momento, desde sua fundação. Também abre alguma possibilidade para Aécio Neves que não consegue entrar no nordeste.

Datafolha: Haddad eleito


Haddad será eleito prefeito de SP neste domingo, mostra Datafolha


DE SÃO PAULO
O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, deve vencer a eleição neste domingo (28). Pesquisa Datafolha concluída hoje, véspera da votação, mostra o petista 16 pontos à frente, com 58% dos votos válidos, ante 42% do tucano.
No cálculo dos votos válidos são excluídas as respostas de quem diz que votará em branco, nulo e eleitores indecisos. Esta é a forma que a Justiça Eleitoral divulga o resultado final da eleição.
A pesquisa de hoje mostra uma pequena variação em relação ao levantamento anterior, divulgado na quarta-feira (24) --Haddad tinha 60% dos votos válidos e Serra aparecia com 40%.
Editoria de Arte/Folhapress
No total de votos --considerando brancos, nulos e indecisos--, Haddad tem 48% e Serra tem 34%.
No primeiro turno, Serra terminou à frente com 30,75% dos votos válidos. Haddad seguiu ao segundo turno após obter 28,98% dos votos.
INDECISOS
O levantamento do Datafolha mostra que 7% dos eleitores ainda não decidiram em quem vão votar amanhã. Os votos em brancos ou nulos somam 11%.
A pesquisa realizada ontem e hoje ouviu 3.992 eleitores e foi feito em parceria com a TV Globo. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos
O registro no Tribunal Regional Eleitoral é o SP-01928 / 2012.

Comentário sobre o artigo de Sérgio Dávila

Um breve comentário sobre o artigo de Sérgio Dávila, na Folha de hoje. Acho que o autor, ao afirmar que a bipolaridade partidária seria sinal de amadurecimento político no Brasil, assim como ocorre nos EUA, incorre em alguns equívocos:
1) O mais complicado: o autor parece confundir estabilidade política com democracia. Democracia sugere dissenso;
2) A polarização converge para o centro e para o fim da inovação programática. Em virtude da disputa acirrada, ambos partidos buscam capitalizar o maior número de votos com baixo risco. Um erro, pequeno que seja, desequilibra o jogo. Sem riscos, não há inovação;
3) Assim, o programa é substituído por marketing e pesquisas quantitativas e qualitativas. O papel pedagógico da política é substituído pelo cálculo e leitura dos interesses setoriais. A política se rebaixa às demandas circunstanciais e se esquiva de projetos de médio e longo prazos.

Os riscos do julgamento do mensalão

Não sou dos que ficam destilando ódios contra ministros que julgam o mensalão. Trata-se de um poder. Mas me vejo no direito de expor meus temores e receios. Como já citei neste espaço, havia dois caminhos para se analisar a ação em curso. A primeira, proposta pelo MP, de juntar todas acusações a partir de uma narrativa, com começo, meio e fim. Se didática, tal metodologia indicaria um curso lógico que induziria a um resultado previsto. Foi o caminho adotado pela maioria e facilitou a vida de analistas e imprensa, tanto que muito antes do julgamento do "núcleo político" (a noção de núcleos já induzia ao relacionamento entre acusados) já se anunciava a sentença, que se confirmou logo depois das manchetes serem publicadas.
O outro caminho era justamente o inverso: cada acusado seria julgado em si, analisando cada prova. A narrativa seria montada a posteriori.
O que me leva a certo temor é como a adoção de uma trilha de julgamento levou a deduções que não me parecem muito sólidas. Quando ouvi um ministro perguntar se seria razoável uma liderança partidária nacional desconhecer a trama ilícita engendrada por militantes do andar de baixo do poder hierárquico quase pulei da cadeira. A pergunta já é uma declaração, em si, de dúvida. É como afirmar que um pai sabe de tudo o que ocorre na vida dos filhos adultos, que já não residem no seu lar. Dever saber não é saber. Para tanto, é preciso ter provas. Não se trata, aqui, de defesa de algum dos acusados das práticas do mensalão. Trata-se de defender a noção de direito. Porque, se tal metodologia vingar pelo judiciário tupiniquim, qualquer narrativa lógica começará a substituir provas concretas de ilícito. Mesmo a mais plausível das narrativas, em termos de acusação judicial, precisa estar fundamentada em provas incontestáveis. Mas a pergunta do ministro deixa claro que tais provas não eram tão incontestáveis, lançando mão da dedução lógica.
No mais, o julgamento vai entrando nos trilhos. Vários juristas apostam que terminará próximo do carnaval de 2013. Terminará num total anticlímax. Não apenas porque o carnaval é festa catártica, que lava alma e memória, mas porque é bem provável que muitas penas sejam revistas para baixo.
Logo depois, virá a revanche, com o julgamento do mensalinho mineiro. Se o judiciário adotar a mesma lógica da narrativa, continuaremos com o banho de sentenças vindas da dedução lógica. E o país mergulhará no marketing do ranking dos mais ou menos sujos.
O sistema partidário estará ainda mais naufragado em suas mazelas e o próprio tema da corrupção será ainda menos aceito como valor a distinguir o voto. Porque todos serão iguais e, portanto, corrupção não será indicador adequado para distinguir.
Enfim, este julgamento parece selar a sorte da política brasileira nos próximos anos. Aumentam as chances dos temas morais e éticos serem escanteados para o folclore político ou manchetes sensacionalistas da grande imprensa. Como tema nacional, é muito provável que interfira em percentual marginal dos votos colhidos nas próximas eleições.

Pesquisas apontam virada em 22 das 50 cidades com 2º turno


Candidatos que ficaram em 2º lugar no 1º turno lideram em 8 municípios…
…outros 14 estão empatados com adversário e têm chances de vencer.
A eleição municipal de 2013 poderá terminar com inédita reviravolta em 22 das 50 cidades que farão 2º turno da votação para prefeito amanhã (28.out.2012), mostra levantamento feito pelo Blog com as pesquisas de opinião mais recentes sobre as eleições.
O número de viradas possíveis neste ano é muito maior do que o registrado em eleições passadas. As eleições de 1996 e 2000 tiveram 7 viradas cada uma entre o 1º e o 2º turno. Em 2004, foram 12. Em 2008, apenas 5. Esses dados estão no post do Blog sobre o histórico de viradas em eleições municipais.
Segundo os estudos de opinião, pelo menos 8 viradas deverão acontecer em 2012. Este é o número de cidades em que o candidato que terminou o 1º turno em 2º lugar já passou o adversário e é líder isolado das pesquisas. Estão neste grupo 4 capitais –São Paulo (SP), Belém (PA), Curitiba (PR) e Porto Velho (RO)– e 4 cidades do interior –Diadema (SP), Montes Claros (MG), Petrópolis (RJ) e Ponta Grossa (PR).
Nos outros 14 municípios onde pode haver virada, os concorrentes estão tecnicamente empatados (a diferença entre eles nas pesquisas é pequena e não supera a margem de erro). Ou seja: ambos têm chances de vencer. Fazem parte deste grupo Fortaleza (CE), São Luís (MA), Teresina (PI), Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), Macapá (AP), Rio Branco (AC), Campinas (SP), Cascavel (PR), Londrina (PR), Nova Iguaçu (RJ), Sorocaba (SP), Uberaba (MG) e Volta Redonda (RJ).
O quadro abaixo mostra dados das pesquisas nas cidades em que pode haver virada com relação ao 1º turno:
O levantamento do Blog considerou pesquisas sobre o 2º turno disponíveis até a noite de ontem (26.out.2012). Das 50 cidades, 2 não foram incluídas porque não dispõe de pesquisas públicas sobre suas eleições: Duque de Caxias (RJ) e Vitória da Conquista (BA). As outras 48 contam com estudos atualizados e que podem ser acessados neste Blog.
Os partidos
O mesmo levantamento usado pelo Blog foi usado para a produção de reportagem publicada na edição de hoje (27.out.2012) da “Folha de S.Paulo” (disponível aqui). O texto informa que PT e PSDB devem manter a hegemonia nas maiores cidades do país. Os dois partidos comandam hoje 37 dos 85 mais relevantes municípios brasileiros (22 do PT e 15 do PSDB). Amanhã, petistas poderão ficar, no máximo, com 20. Tucanos, com 17.

Se me permitem sonhar, texto de Chico Whitaker sobre as eleições deste ano

Chico é um incansável lutador pela radicalização da democracia em nosso país. Arquiteto, católico militante da Comissão Justiça e Paz, foi líder do governo de Luiza Erundina na Câmara Municipal de São Paulo. Em 2006, no auge da crise do mensalão, foi um dos que se frustrou com os rumos pragmáticos do partido. Mas, a partir daí, aumentou sua militância social, seja na condução do Fórum Social Mundial, seja na discussão da construção de maior controle social na política brasileira. O texto que reproduzo foi escrito no final desta semana. Chegou agora, via email, para mim. É continuação de um texto famoso que ele escreveu quando da eleição de Dilma. Agora, escreve sobre as eleições municipais, sobre o autoengano promovido pelos marketeiros e sobre a necessária participação popular na gestão.


SE ME PERMITEM SONHAR II
Chico Whitaker

O grande argumento dos que são favoráveis ao voto obrigatório é o fato das campanhas eleitorais criarem uma ocasião para a formação política de todos nós, cidadãos e cidadãs, sobre nossos problemas e as alternativas para resolvê-los - contando até com horários especiais na TV e nas rádios. Mas no Brasil quem manda no conteúdo e na forma das campanhas não são os candidatos, nem os dirigentes políticos, mas os marqueteiros. Os candidatos a vereador podem conduzir suas campanhas como queiram, quando não têm dinheiro para pedir o auxilio de publicitários. Mas quem postula o cargo de Prefeito está condenado – até pelo seu partido, que paga as despesas - a seguir à risca as instruções destes profissionais.[1]
E eis que chegamos ao final de mais uma campanha, agora para Prefeitos e Câmaras Municipais com o sentimento de frustração de sempre.
As campanhas dos marqueteiros
O mundo dos profissionais da publicidade é o da concorrência, da impiedosa competição entre empresas. Para vender sabonetes necessariamente têm que dizer que o que propagandeiam lava mais branco. Se baixarem as vendas, perdem o emprego, e as empresas - e os que nelas investiram - vão para o brejo. A luta é de vida ou morte. Os marqueteiros também competem pelas maiores remunerações. Seu sucesso não tem muito a ver com objetivos propriamente “políticos”. Ganha o mais “milagroso” – ainda que use propaganda enganosa – que eleja o candidato mais “difícil”.
Os “bonecos manipulados” – e suas gravatas ou lenços bem combinados, a roupa impecável, os óculos e os cabelos que convém à imagem a transmitir – não podem parecer desagradáveis, nem dizer coisas de que uns e outros não gostem ou que os amedrontem, ou “dividir” a população. Para acertar a pontaria pode-se usar as pesquisas de opinião, que modificam até enredos de novelas em pleno curso. As campanhas eleitorais se transformam assim em campeonatos de promessas e juras de fidelidade. Especialmente aos setores sociais em que se aninhe o maior número de votos.
As promessas são necessárias, é óbvio. E tem que ser realizáveis, aparentemente pelo menos, para ganharem credibilidade. Mas é incogitável levantar dúvidas sobre o que se vai fazer. Nunca se pode admitir que o candidato (ou seu partido) tenha cometido algum erro. A memória, por sua vez, tem que parecer prodigiosa, sem falhas em números, sem demonstração de insuficiências de conhecimento.  Assim como é inimaginável um candidato modesto... A simpática expressão “afinal, ninguém é perfeito” até pode ser usada, mas em tom de brincadeira, para que o “boneco” pareça humano. O “sabonete” de vez em quando não lava assim tão branco? Dizer isso seria um autêntico suicídio comercial - e eleitoral. Imagine-se então um candidato humilde... E de fato se há algo que exigiria muita humildade é aceitar mandatos para resolver os problemas de um país, de um Estado, de uma grande cidade... O que é para ser realçado nas campanhas é o enorme poder daquele que está pretendendo “comandar” uma maquina administrativa às vezes imensa.
Nesse quadro, qual candidato teria a coragem de dizer que as coisas são um pouco mais complicadas do que parecem ser? Somente aqueles que entrem no páreo só para aproveitar a tribuna... Em plena 2ª. Guerra mundial Churchill disse um dia aos ingleses, cujo governo chefiava, que só podia prometer “sangue, suor e lágrimas”. Mas naquele momento aviões e bombas zuniam sobre as cabeças em seu país. Em nossas terras – nem tão pacíficas assim - não é preciso ir tão longe, por mais dramáticos que sejam os problemas. Mas basta prometer por exemplo uma inversão de prioridades – ainda que seja em nome da justiça social, algo que ninguém se atreve a contestar - para já criar resistências eleitorais. É preciso ser corajoso mas também maneirar...
Deseducação e passividade 
Não há portanto espaço em nossas campanhas para ingênuas pretensões de formação política dos cidadãos e cidadãs. Nem mesmo para esclarecimentos sobre as funções e responsabilidades dos poderes políticos, para que se possa exigir que cada um cumpra efetivamente sua função. Com isso, em vez de educativas, como deve ser toda atividade política, as campanhas eleitorais se tornam deseducativas. E são extremamente prejudiciais à democracia porque levam à passividade dos cidadãos.
Em texto escrito ao final da campanha presidencial de 2010[2], lembrei uma imagem usada entre os que sonham com o “outro mundo possível”, frente ao desafio da superação do sistema capitalista: nenhum David terá uma funda tão certeira para desequilibrar o gigante de um só golpe. O que precisamos é da infinita multiplicação de enxames de abelhas atacando continuamente o monstro, por todos os lados. Se alimentarmos a passividade nunca teremos abelhas em quantidade suficiente – ainda que seja somente para resolver os problemas por exemplo de São Paulo, outro monstro que nos esmaga.
Na campanha que agora termina a frase mais ouvida foi: vou fazer isto, vou fazer aquilo. Vou fazer muito mais que os outros e coisas muito mais importantes que as dos outros. Garanto, com base no que já “fiz”! Na verdade a postura básica de quem postula cargos de “comando“, como se diz, é fundamentalmente paternalista, no estilo do “deixa prá mim que eu resolvo”. Ela mantém a dependência dos cidadãos e cidadãs. Eleja-me que você terá casa, emprego, transporte, médico, comida. As coisas acontecerão porque quem comandará serei eu. E ninguém mais. Há até os que dizem: serei “durão” – por exemplo com malfeitores, bandidos violentos, corruptos, aproveitadores da desgraça ou da fraqueza alheia.
Quem tem filhos ou filhas sabe que não podem mantê-los sempre na sua dependência ou proteção. A solidariedade familiar é necessária, mas eles têm que transmitir critérios que os ajudem a crescer e se tornarem autônomos, em vez de ficarem sempre agarrados, infantilmente, à barra da saia da mãe. 
Ora, nossos políticos parecem preferir que fiquemos permanentemente agarrados à sua onipotência, como cidadãos passivos – que participam da política como espectadores e esperam pelas autorizações e concessões que virão de cima. Sua postura é a de quem quer manter a sociedade infantilizada. Pagarão um preço por isso: o agravamento dos problemas que têm que resolver e o surgimento de cada vez mais problemas. E o sentimento de impotência dos cidadãos levará cada vez mais gente a sonhar com mudar-se daqui, no caso de nossa cidade de São Paulo. Ao mesmo tempo em que, kafkianamente, desesperançados (e iludidos) de outros lugares sonham em vir para cá.
Mas o que está por detrás da obediência dos candidatos aos marqueteiros, para que procurem nos enganar sobre sua onipotência? Talvez seja também o seu medo de que nos emancipemos, se descobrirmos que o candidato não pode tudo e nós temos força política como sociedade. Essa força pode se tornar maior do que a dos outros com quem ele compete pelo poder. Com estes - inclusive seus adversários - ele pode se “acertar” depois de eleito, para juntos tentarem evitar, tristemente, algo que lhes parece um mal maior: uma sociedade capaz de exigir que cada um cumpra seu papel - até como oposição. Cidadãos ativos, com capacidade de criticar, reagir, resistir, são de fato uma ameaça ao poder conquistado ou a conquistar, na medida em que assumam corresponsavelmente seus deveres e, criativamente, funções que não estão sendo assumidas, ao mesmo tempo em que  exijam o respeito a seus direitos.
O autoengano
Nossas campanhas eleitorais têm outro efeito igualmente danoso: a armadilha do autoengano.  Campanhas conduzidas por marqueteiros levam os candidatos, à força de fazê-los repetir mil vezes “sou o maior e o melhor” - como dizem todos os sabonetes - a passarem a acreditar que podem mesmo tudo, que tudo sabem, que sabem tudo o que querem, e que suas ordens serão sempre e inteiramente obedecidas. Todos conhecemos a vaidade como uma das fraquezas humanas.
Assim, não serão somente os marqueteiros os culpados dessa autêntica distorção de nossas campanhas eleitorais, reduzidas a campanhas de vendas de ultra-produtos. Os próprios candidatos acabam se considerando ultra-produtos. Não fosse assim não falariam com tanta segurança diante de câmeras e de eleitores. Nem se entregariam, imediatamente depois de eleitos, ao afã de destruir tudo que seus antecessores fizeram - ainda que tenha sido benéfico para o povo.
Se não conseguirmos que os candidatos abandonem essa postura de onipotência, as eleições serão sempre uma pura repetição de promessas salvadoras. Até que ninguém mais vote em ninguém, por falta absoluta de credibilidade dos candidatos. Que nos alerte o alto número de abstenções, votos brancos e nulos, que em São Paulo e outros lugares não foi desprezível nestas eleições de 2012. As pessoas não são assim tão ingênuas para achar que para “fazer coisas” basta a vontade do Prefeito.
É preciso que seja dito, numa campanha, que o poder de um Chefe de Executivo eleito não será ilimitado. Ele terá que enfrentar muitas “vontades” diferentes da sua. Por exemplo, no caso municipal, a da Câmara de Vereadores, que deve, além de fiscalizar o Prefeito, dar-lhe as indispensáveis autorizações para agir, por meio das leis que aprove. Como atuarão os vereadores? Quais interesses os terão ajudado a serem eleitos? Serão os mesmos que o Prefeito se propôs a defender ou que o ajudaram a se eleger?  Como a mídia (e os interesses por trás dela) reagirá frente à “vontade” do Prefeito? E os partidos que perderam a eleição e utilizarão todos os meios que puderem para ganhar de novo o poder, até impedindo uma boa gestão ou pelo menos desgastando o Prefeito eleito? E os outros políticos que competem com o Prefeito - até dentro de seu próprio partido - em seus eventuais sonhos de voos mais altos? E os emperramentos da máquina administrativa, mal acostumada, recheada de filiados a partidos opositores? Que alianças terá que fazer para que ele mesmo ou pelo menos seu partido se mantenha no poder conquistado? Ou pelo menos para obter maioria na Câmara e esta não atravanque o exercício de sua ”vontade”? Nem falemos de probleminhas tipo corrupção... Que cercarão o Prefeito de todos os lados...  Nem da desilusão que pode criar, tanto maior quanto mais altas as expectativas criadas - o que não nos falta são exemplos disso. E isto é ainda mais perigoso na difícil construção da democracia.
 A pergunta a esta altura de nossa reflexão poderia ser: não dá então para explodir esse esquema, já que ele parece tão negativo? Ou seja, fazer com que os publicitários – respeitando-os como profissionais, desde que não se disponham a prestar outros serviços, como estamos vendo em tempos de julgamento do dito “mensalão” - desenvolvam campanhas eleitorais que justifiquem o  voto obrigatório?
Isso é evidentemente assunto para daqui a dois ou quatro anos, já que esta campanha terminou. Mas talvez possamos, no embalo da preocupação com nossa cidade de São Paulo, refletir um pouco sobre alguns dos conteúdos que poderiam ter sido abordados na campanha eleitoral de uma cidade imensa como São Paulo.
Para isso peço licença para retomar alguma coisa do artigo que escrevi no final da campanha presidencial de 2010, a que já me referi.
A relação Executivo-Legislativo
O titulo do artigo de 2010 - “Se me permitem sonhar” - indicava minha distância do que nos tinha sido impingido pelos marqueteiros. Falei das questões que gostaria que Dilma enfrentasse, se fosse eleita como eu esperava. Mas me parece que elas continuam válidas para o nível municipal de governo. Atrevo-me então a escrever “Se me permitem sonhar II”, com mais alguns “sonhos”, esperando agora que Fernando Haddad seja eleito.
A primeira questão foi a necessidade de “uma completa reviravolta” nas relações entre Executivo e Legislativo, para enfrentar distorções “que fazem parte da nossa cultura política há muitíssimos anos”. Surpreendentemente este tema ganhou espaço, na consciência nacional, durante o ultimo mês das campanhas municipais. Por uma coincidência forçada ou não, ele irrompeu em nossas televisões e jornais, com o julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, de crimes relacionados com essas distorções.
Ficaram de lado outras distorções de nossas práticas, já elencadas pelas propostas de reforma política que circulam[3]. E não sabemos se o STF julgará também outros “mensalões” e trocas de favores, consolidando sua jurisprudência. Sem duvida, no entanto, algo se avançou, embora tenha sido pena que o custo do avanço tenha sido pago por um partido criado para combater também tais práticas. Mas ele foi a “bola da vez”: caiu na armadilha em que estavam presos os demais partidos, para gáudio dos que o temiam.
Esse julgamento repercutirá nas relações Executivo-Legislativo ao nível federal. O usual “é dando que se recebe”, da ironia do finado Deputado Cardoso Alves, terá que ser mais cuidadoso... Mas ele repercutirá necessariamente também nas relações dos Prefeitos com as Câmaras Municipais, onde tais distorções também existem e muito, embora em escala menor.
A nível nacional, os interesses em jogo, nas decisões que o Executivo deve que tomar e o Legislativo autorizar, estão de fato em patamar mais alto. Como são por exemplo os das grandes empreiteiras de obras públicas, dos bancos, do agronegócio, dos “ruralistas” e desmatadores,  e até de esquemas internacionais.
Mas numa cidade imensa como São Paulo as grandes empreiteiras também se fazem presentes, já que as obras viárias são também de grande porte. Surgem até esquemas internacionais, como o da FIFA orientando nosso planejamento urbano, como já disse um professor da USP. E em São Paulo emergem com igual força os interesses imobiliários, que estão entre os que mais lucram nas grandes cidades. Seis vereadores da CPI da Câmara Municipal sobre os frequentes incêndios nas favelas, nos quais se suspeita da ação do setor imobiliário, tiveram suas campanhas eleitorais financiadas por esse setor...[4] Que poder terá o Prefeito para enfrenta-lo, quando se tratar de coibir a especulação e controlar a verticalização que ele impôs à cidade, através de leis a serem votadas pela Câmara?
Assim, nesta campanha eleitoral municipal bem que poderia ter sido enfocada a questão da relação entre Executivo e Legislativo – onde se situa, como eu disse em 2010, o ninho da serpente da corrupção, com o usual sistema de cooptação (para não dizer compra) de maiorias. Em vez disso, ela ficou como sempre centralizada na eleição do Prefeito, com os candidatos a vereador – e suas respectivas “éticas” - se agitando em torno dela como enfeites desnecessários.
A superação do capitalismo
Mas a segunda questão do meu texto de 2010 era bem mais atrevida. Já que se tratava de sonhar, porque não enfrentar a necessidade de superar o sistema capitalista em que o Brasil está inserido, dada a possibilidade, necessidade e urgência do “outro mundo possível”? “Nada mais nada menos”, escrevi então, pedindo perdão pela ousadia e tentando explicar longamente o porquê dessa ousadia.
Ora, a superação do sistema é algo que caberia muito bem discutir também em São Paulo, pelo menos pelos candidatos que também acreditam que esse “outro mundo” é necessário: outro professor da USP, dos meus velhos tempos, já disse que a cidade não era senão uma “lucrópolis”. Haveria questões cuja discussão na campanha elevaria o nível de consciência geral sobre as causas de muitos de nossos problemas. Como essa tendência a privatizar serviços públicos rentáveis, ou mesmo discutir se as parcerias publico-privado são melhores para o publico ou para o privado...
Mas a mudança do sistema econômico é um todo, que só é cogitável se atingir todo o país, ainda que seja por etapas. A dificuldade já é grande a nível nacional, quando se vê nossas “ekipeconomicas”[5] raciocinando somente “dentro” do sistema: suas “políticas anticíclicas” frente à crise mundial do capitalismo, por exemplo, empurram parcelas cada vez maiores do povo a mergulhar em outro sonho, o do consumo, cuja expansão é um dos principais meios usados para a retomada do crescimento econômico. Nem falemos que o próprio “crescimento econômico” é um dogma que parece inquestionável, em todo o mundo - para satisfação dos que concentram a riqueza produzida.
Como um pobre Prefeito poderia, num mundo totalmente dominado pelo capitalismo, interferir em políticas industriais e agrícolas, de importação e exportação, em questões cambiais, de inflação, de comercio, de energia, de financiamento, de acordos internacionais, para que a produção de bens e serviços no Brasil fosse desviada da busca insaciável do lucro e se voltasse para o atendimento das necessidades humanas?
Há noticia de prefeituras que fazem experiências no coração do sistema, por exemplo com “moedas sociais” que podem quebrar o domínio do dinheiro. Tais experiências no entanto só interfeririam na marcha do conjunto se pudessem se multiplicar milhares de vezes. O que parece meio longínquo.
Mas há questões da “grande cidade” em que poderia ser mais claramente mostrada a necessidade de superar o sistema. Tomemos um exemplo. Estamos todos absolutamente de acordo que a mobilidade urbana é um dos nossos grandes problemas. A dimensão da cidade, a verticalização e concentração provocada pelo setor imobiliário, assim como a total insuficiência do transporte coletivo tornam esta cidade um inferno cotidiano para a grande maioria de seus moradores – ricos e pobres. Estes gastam um quarto de seus dias indo de suas residências ao trabalho e vice-versa, apertados em ônibus e metrôs superlotados exatamente nas horas em que têm que se deslocar. E só a possibilidade de multas impede os ricos – entre os que não compram ou alugam helicópteros... – de buzinarem irritadíssimos, como se isto resolvesse as coisas, ao se verem praticamente bloqueados em enormes congestionamentos. Nos quais, alem do mais, têm que manter fechados os vidros de seus carros, blindados ou não, por medo de assaltos e violência. Um risco que também correm os usuários dos demorados trajetos dos ônibus, quando são obrigados a completá-los indo a pé até suas casas, pela periferia afora ...
 Será que a tarefa de um Prefeito é somente buscar dinheiro para aumentar o metro ou outros meios de transporte coletivo, ou para grandes obras viárias a serem rapidamente engolidas pelo “excesso de veículos”, como dizem a cada cinco minutos as informações das rádios sobre a situação do trânsito? Deve o Prefeito aceitar passivamente (ele também) que sejam despejados todos os dias mais e mais carros novos na cidade? Porque não reagir (e denunciar) a sede de lucro da indústria automobilística internacional - que se prepara para multiplicar o número de montadoras em nosso país - e as opções de política econômica que dão a essa indústria um papel central no crescimento econômico? Em vez de viajar para Brasília com o pires na mão para criar novas dividas para o Município, cobrando promessas de recursos sempre insuficientes, não poderia o Prefeito levar essas questões para um debate nacional, liderando um grito que venha de todos os moradores de sua cidade? Mas aí entra a questão: sabemos que esses moradores não lhe darão nenhum apoio. Para muitos o sonho de consumo é exatamente um carrinho, ainda que de segunda mão, sem nem perceber que ele submergirá nos congestionamentos...
Nessa perspectiva é que entra também a possibilidade de uma ação pedagógica do Prefeito, como deveria ser a de todo político, abrindo os olhos de seus concidadãos para o fato de estarmos todos aprisionados na roda de uma lógica implacável, que gira em torno da busca insaciável de algo impessoal como o dinheiro; e que devemos e podemos colocar um freio nessa roda, para recolocar nos trilhos a atividade econômica formatada pelo capitalismo. Ou seja, para um Prefeito Municipal não se trata somente de “fazer coisas”. Ele recebeu um mandato para resolver problemas. Mas ele pode conscientizar seus concidadãos, conversando com eles sobre as causas desses problemas, “para que se juntem com outras abelhas”.
A participação popular como uma necessidade
É nesta altura de minha reflexão que será útil abordar a questão da participação popular. Não a concedida de cima para baixo, como a de quem entrega os anéis para não perder os dedos – como na famosa “participação nos lucros”. Ou a de quem manipula a sociedade, para fazê-la crer que terá algum poder com as pequenas portas que lhe serão abertas no processo decisório da estrutura burocrática do governo, neste ou naquele “conselho”. Nem a de que é vista como um direito – que é de fato - mas só é usado numa perspectiva reivindicatória frente ao todo poderoso Prefeito, permanecendo portanto numa postura de dependência.
O que precisamos é da participação provocada, estimulada, alimentada - por políticos não paternalistas nem medrosos - que a vejam não como uma ameaça ao poder que pensam que tem, mas como um processo que pode lhes dar mais poder, porque será então um poder conjunto de toda a sociedade. Um poder social do qual eles é que participarão, e não o inverso, juntamente com cidadãos e cidadãs cada vez mais conscientes das causas dos problemas que enfrentamos e das reais possibilidades de superá-los. Um poder que poderá este sim, crescer o suficiente para enfrentar todos os interesses que estão contra os moradores da cidade, e que continuarão atuando tanto dentro da Prefeitura como na Câmara Municipal.
Esse tipo de Prefeito pedirá aos cidadãos que “controlem” sua administração e convidará a cidade a conversar com ele, a refletir com ele sobre as prioridades das ações da Prefeitura, descentralizando-a ao máximo para que todos tenham condições de se exprimir frente aos problemas que vivem concretamente e que eles conhecem muito mais do que ninguém; ele dará ouvidos de forma sistemática e continua a quem se organizar em associações e em movimentos de luta por direitos, ajudando toda a cidade a assumir a superação das desigualdades em suas condições de vida; consultará a população com os plebiscitos e referendos previstos na Lei Orgânica do Município, sempre que decisões com grande impacto na vida da cidade tenham que ser tomadas; fará dessas consultas vastos processos de discussão dos problemas e das soluções propostas, como se fossem campanhas eleitorais centradas em conteúdos e não pessoas; discutirá com toda a sociedade a Lei de Diretrizes Orçamentárias, para decidir sobre as opções do orçamento a ser elaborado para o ano seguinte, antes de levá-la à Câmara para votação, em vez de chamar a população – e os próprios vereadores – para uma discussão limitada de orçamentos já engessados; apresentará para a discussão de todos, nas associações de bairro, nas escolas, o Plano Diretor que deve orientar a ocupação do espaço urbano e a implantação dos equipamentos coletivos de que temos necessidade. Essas e muitas outras iniciativas serão possíveis, pela criatividade de uma cidadania ativa que sabe que detém um poder político.
Sei que é praticamente impossível - humanamente impossível... - que aconteça o que eu estou imaginando: que o Prefeito, depois de terminada a campanha eleitoral em que se mostrou firme e forte, passe a conversar com seus concidadãos. Modestamente. Humildemente. Mas o titulo deste texto não é “se me permitem sonhar”?


25/10/2012


[1] Nem por isso - ou talvez também por isso - escapam de outras duas práticas negativas: a partidarização exacerbada, que impede análises objetivas das propostas, e o tiroteio que visa destruir a vida política e pessoal dos oponentes.

[2] Procurei reunir nesse texto meus argumentos sobre a necessidade de sair do sono hipnótico em que o sistema capitalista nos mantém. Para quem tiver paciência de o ler – é meio longo - ele está transcrito no blog senospermitemsonhar.wordpress.com.
[3] Sobre uma dessas distorções, a do financiamento das campanhas, ler o artigo “Propaganda eleitoral, máquina cara e nebulosa”, do Padre Virgilio Leite Uchoa, publicado no número 237 (setembro de 2012) do Boletim “Rede” do Centro Alceu Amoroso Lima.
[4] Dados da Justiça Eleitoral, publicados em Brasil de Fato de 11-17/10/1012.
[5] Termo usado por Elio Gasperi, em tempos de FHC.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Cultura e Política PARTE 2

Cultura e Política I (Roda de Ideias em 24 de out)

Aqui, a primeira parte da minha exposição e debate ocorrido ontem, no Clube Mineiro da Cachaça, organizado por Fernando Leite.

Relatório do Fórum Econômico Mundial sobre mulheres e igualdade de gênero


Acesse o documento de 371 páginas AQUI 
Vejam a tabela que reproduzo abaixo. 
O Brasil aparece na posição 62 no ranking mundial de igualdade de gênero, mas muito bem nas áreas da saúde e educação.





São Paulo: só uma hecatombe tira a prefeitura do PT

Na origem, hecatombe significava o sacrifício de 100 bois. Um sacrifício tão monstruoso que passou a ser sinônimo de catástrofe. Serra tem quatro dias para juntar a manada. Será muito difícil. Segundo o Datafolha divulgado ontem, Haddad está 15 pontos à frente de Serra. Para o IBOPE, a vantagem do candidato lulista é de 13 pontos.
Esta situação merece uma análise um pouco mais apurada.
Em primeiro lugar, o erro do PSDB insistir com uma promessa que não se realiza nos últimos tempos. Serra já possui recall e, portanto, não se trata de um candidato que amplia, aos poucos, seu capital eleitoral. É justamente o inverso. Serra está sendo banido pelas urnas, em eleições sucessivas. Seu índice de rejeição parece coincidir com sua guinada para o fundamentalismo ultraconservador, tática eleitoral que revela desespero todas as vezes que este personagem se vê em apuros, em adversidade. Possivelmente se relaciona com um convencimento pessoal de que possui preparo muito superior aos seus adversários. Mas também se relaciona com os inimigos que colhe para se fazer candidato. Inimigos que são, muitas vezes, ex-aliados. Em outras palavras, Serra não agrega, não soma, ao contrário, faz do PSDB de São Paulo uma sigla em transe, que perde identidade.
A proposta descabida de FHC em levar Serra à Presidência do PSDB é, ao mesmo tempo, uma estocada no coração do candidato (ainda em plena tentativa de não se humilhar ainda mais neste segundo turno), e uma ofensiva sobre Aécio Neves. Se esta tentativa se prolongar, não vejo como distante a possibilidade de Aécio se transferir para o PSB, agora turbinado pelas urnas e liderado por um governador nordestino com história e apetite político. O que desmontaria toda estrutura de poder dos tucanos e jogaria a sigla numa crise sem fim.
Em outras palavras, estou sugerindo que o PSDB deve sair das urnas menos paulista.
E é aí que o julgamento do mensalinho mineiro pode se constituir em fonte de pesadelos daqui por diante.
A situação é ainda mais crítica porque o DEM sai destas eleições com metade da musculatura que tinha até aqui, que já não sustentava o corpo. Resta ACM Neto para salvar algo. Mas se perder, será derrotado justamente pelo PT.
A situação do PSDB parece realmente problemática. Ainda é forte, mas começa a se desidratar perigosamente a cada embate eleitoral. E o erro vem, sempre, de São Paulo.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

As três fatias do bolo

Sabe aquele texto que você lê e fica com raiva porque gostaria de ser o autor? Pois bem, aí abaixo está um texto que provocou este sentimento em mim. Foi publicado na Folha de hoje.

As três fatias do bolo eleitoral
Elio Gaspari

Faltam poucos dias para o desfecho da eleição municipal e são fortes os sinais de que o PT terá o que comemorar. Qual a explicação para o desempenho dos companheiros se a economia vai devagar, quase parando, e a cúpula do partido de 2005 está a caminho do cárcere?

Aqui vai uma tentativa: desde 2002, quando Lula assinou a Carta aos Brasileiros e venceu a eleição incorporando pilares da política econômica de Fernando Henrique Cardoso, o PT move-se livremente sobre o campo adversário (quem quiser, pode dizer que ele vai à direita, mas essa imagem é insuficiente).

Já a oposição, petrificada, não consegue sair do lugar. Em alguns momentos, radicaliza-se, incorporando clarinadas do conservadorismo europeu e americano.

O tema do aborto, do "kit gay" e a mobilização do cardeal de São Paulo ao estilo da Liga Eleitoral Católica dos anos 30, exemplificam essa tendência. (Registre-se aqui a falta que faz Ruth Cardoso. Com ela, não haveria hipótese de isso acontecer.)

Admita-se que o eleitorado se divide em três fatias. Uma detesta o PT e tem horror a Lula. Outra, no meio, pode ir para qualquer lado. O terceiro bloco gosta de Nosso Guia e não se incomoda quando ele pede que vote em seus postes. Se um bloco se move e o outro fica parado, sempre que houver eleição, o PT prevalecerá.

Some-se à paralisia da oposição uma ilusão retórica. Desde 2010 suas campanhas eleitorais estruturam-se como pregações aos convertidos. O sujeito tem horror a Lula, ouve os candidatos que o combatem e fica duas vezes com mais raiva. Tudo bem, mas continua tendo apenas um voto. Já o PT segue uma estratégia oposta. Sabe que os votos de esquerda vêm por gravidade e vai buscar apoios alhures.

A crença de que o julgamento do mensalão seria uma bala de prata para a oposição revelou-se falsa. Já as crendices petistas segundo as quais o Supremo se tornou um tribunal de exceção ou que o impacto de suas sentenças seria irrelevante são um sonho maligno.

As condenações podem ter sido eleitoralmente insuficientes para derrotar os companheiros, mas não foram irrelevantes. O PT deve prestar atenção à voz do Supremo, pois a corte não é uma mesa-redonda de comentaristas esportivos. Ela é o cume de um Poder da República.

Eleição não absolve réu, assim como o Supremo não elege prefeito. Se Lula e o PT acreditarem que o eleitorado respondeu ao Supremo, estarão repetindo o erro dos generais que viam nos resultados dos pleitos da década de 70 uma legitimação indireta do que se fazia, com seu pleno conhecimento, nos Doi-Codi.

O comissariado deveria ter a honestidade de admitir que acreditou na impunidade dos mensaleiros. Resta-lhe agora o vexame de reformar o estatuto do partido, que determina a expulsão dos companheiros condenados em última instância.

A oposição tem dois anos para articular uma agenda que lhe permita avançar sobre a plataforma petista. Ela não precisa se preocupar com a turma que detesta Lula, essa virá por gravidade, assim como os adoradores de Nosso Guia continuarão seguindo-o.

Fazendo cara feia para os programas sociais do governo, para as políticas de ação afirmativa nas universidades e para a expansão do crédito popular, ela organizará magníficos seminários. Eleição? É coisa de pobre.