segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Dilma é novo ciclo do lulismo?

No último pitaco enviado por Cesar Maia (o boletim "ex-blog" que criou) sugere uma dúvida: Dilma seria um novo ciclo do lulismo ou sofrerá o desgaste natural de mais de 10 anos de gestão lulista?
A pergunta tem algum sentido, visto que é natural que os governos de longa duração se acomodem, comecem a defender o status quo e percam contato com os problemas reais do cotidiano.
Mas aí, vem algumas ponderações. Se a tese é uma norma, caberia, também para vários outros governos, incluindo os dois tucanos de Minas Gerais e São Paulo. Como política não é matemática, não sei não.
Também parece que o problema da patinada da oposição tem mais relação com suas próprias deficiências que com a popularidade inconteste do governo Dilma. Explico: a oposição (em especial, PSDB, DEM e PPS) desliza entre o moralismo e a personalização das críticas. Não consigo enxergar um programa básico ou algo que atraia o eleitorado para um mundo melhor que o que aí está. Outro fator desconsiderado por Maia é a poderosa estrutura de poder que o lulismo galvanizou, incluindo organizações populares, empresários, partidos coligados, beneficiados por políticas de transferência de renda e outros que tais.
Esta situação me parece paradoxal, já que as últimas eleições revelaram espaço para uma terceira via: de Marina no final do primeiro turno ao Russomanno nas eleições municipais paulistanas.
Tenho para mim que a  elucidação desta charada está numa postura pragmática do eleitorado: embora a grande maioria do eleitorado seja muito conservadora (a levar em consideração as várias pesquisas disponíveis nos últimos meses sobre cultura política brasileira, valores e interesses), os governos lulistas lhes dá segurança em relação ao consumo e qualidade de vida. O que não impede de parte deste eleitorado continuar desconfiando do PT (não sei se necessariamente de Lula e muito menos a respeito do lulismo, mas evidentemente não tem apreço por ex-guerrilheiros ou todo estilo 68).
Hora, se há desconfiança em relação ao PT, não haveria nada fora do lulismo que sugira o fim do ciclo lulista. A resolução da equação ficaria, então, assim: se não for PT, será lulista.
Em outras palavras, um outro governo não petista não sairá da oposição ao lulismo, mas do interior do lulismo, em especial, se tiver um passado e um discurso que crie mais empatia com os valores e comportamentos mais conservadores do eleitorado, mas que garanta os mesmos benefícios que tucanos, democratas e todos outros declaradamente de oposição não conseguem sustentar.
O PSB parece a promessa mais consistente neste sentido. Mas Marina me parece mais adequada, embora tivesse que explorar mais o perfil evangélico que a moderna proposta de desenvolvimento sustentável, algo que não se revela conteúdo essencial da plataforma da militante verde. Também faltaria à Marina uma estrutura partidária e apoio social organizado.
Enfim, se Cesar Maia tem razão em citar o possível "desgaste de material", sua conclusão parece apressada ou contaminada por seu desejo pessoal. A dedução a partir desta tese (o desgaste de material) não é fácil de construir. Mas há sinais que corroboram a tese.


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