domingo, 28 de abril de 2013

A desigualdade econômica não caiu como se diz

"A desigualdade econômica não caiu como se diz"


Fernando Gaiger, técnico de Planejamento e Pesquisa na Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do IPEA

A frase é contundente. E vem de dentro do IPEA. Mais: está no site do IPEA. Mais, ainda: foi pronunciada durante o seminário A heterogeneidade estrutural e o consumo de massa no Brasil, organizado pelo IPEA no Rio de Janeiro. As principais conclusões de Gaiger:
1) O padrão de consumo brasileiro se aproximou e incorporou uma parcela importante da população. Pode-se dizer que a desigualdade econômica diminuiu, mas as famílias de baixa renda ficaram no mesmo patamar que antes. As maiores mudanças ocorreram na classe média da população;
2) Apesar da observada redução da desigualdade, o padrão de consumo manteve-se estável nos últimos anos;
3) Os principais fatores que levaram à queda na desigualdade foram o crescimento do crédito formal e a melhoria no mercado de trabalho;
4) Bens duráveis, como TV em cores e geladeiras, presentes nas casas dos brasileiros mais pobres passaram de 2/3 em 2003, para 90% em 2009. Destaca-se também um aumento significativo no número de liquidificadores e ventiladores nas residências de famílias pobres;
5) Considerando as despesas gerais do povo brasileiro, o investimento em bens duráveis subiu de 14% em 2003 para 16% em 2009. No mesmo período, as despesas com habitação subiram de 16% para 17% e os gastos com saúde e educação caíram de 13 para 11%. Os dados são baseados na mais recente Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009;
6) Apesar da queda gradual, o setor de alimentos e bebidas ainda é o que mais pesa na renda das famílias mais pobres e ocupa cerca de 30% dos gastos. Já as despesas com habitação e transporte aumentaram 2% para as famílias mais pobres nos últimos anos.

Numa linha similiar, o economista Ricardo Bielschowsky (UFRJ) sustenta que o Brasil precisa de produção em massa como estratégia de desenvolvimento social. Em suas palavras: "se houver consumo em massa no Brasil e a produção em massa na China, o modelo não se sustentará. Diz mais: 
Como sabemos, o mercado de massa se afirmou no Brasil, e os empresários do setor produtivo aprenderam, finalmente, que podem ganhar muito dinheiro com redução da pobreza e melhoria distributiva.O que ainda não está claro no país é se a produção em massa estimulada pelo consumo de massa será feita no país, ou se teremos consumo de massa no Brasil e produção em massa na China. Se for desse jeito, o modelo não se sustentará. É preciso haver, também, produção em massa no Brasil. É uma estratégia de desenvolvimento ao mesmo tempo social e nacional. Requer a produção no país de parte substancial dos encadeamentos produtivos geradores dos bens e serviços do consumo de massa, inclusive com a recuperação da capacidade de nossa indústria de bens de capital, a ampliação da produção de insumos eletrônicos e da produção nacional dos princípios ativos para a farmacêutica etc.

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