quarta-feira, 1 de maio de 2013

Jovens portugueses voltam ao campo em busca de emprego

Anos atrás, quando visitei uma aldeia portuguesa, no meio do caminho entre Lisboa e o Porto, pude sentir o mundo bucólico e triste do "Portugal Profundo". Um vilarejo de 3 mil moradores, com adega no porão da casa, tendo uma fileira de oliveiras ao fundo. 
Lembrei desta paisagem ao ler a matéria publicada na Folha de hoje sobre a volta dos jovens portugueses ao mundo rural em busca de emprego. A matéria abre com a história de Ricardo, 29 anos, quase concluindo a faculdade de design de multimídia no Porto. Voltou para as terras da família porque não via perspectiva profissional naquilo em que estava se formando. Como este jovem enfrentará esta mudança tão repentina e lidará com aquela tristeza milenar que presenciei nas famílias rurais portuguesas? O fato é que a taxa de desemprego entre jovens daquele país chegou a 33%.
É uma situação extremada, ao lado da Espanha que atinge 27% de taxa de desemprego geral (a taxa envolvendo jovens também ultrapassou os 30%). Mas fico aqui matutando se não se trata de um alerta que nós, brasileiros, não deveríamos analisar, por outros motivos. Explico. País que exporta produtos com baixo valor agregado é eternamente dependente.
O preço das commodities vem oscilando nos últimos tempos. Depois da baixa do ano passado, os estoques dos EUA e a leve recuperação da China fizeram os preços oscilarem. A demanda por soja e os estoques norte-americanos ajustados pressionaram o preço até metade de março. A partir daí, os investidores começaram a vender. Contudo, como o Brasil não consegue atender a demanda externa, especialistas não acreditam que consigamos atingir lucros como os do passado recente. É verdade que o preço das commodities internacionais com impacto na inflação brasileira caiu 1,82% em março, em relação ao mês interior. É a terceira queda mensal consecutiva. A maior queda foi do alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo e níquel, seguidas pelo preço do petróleo brent, gás natural e carvão. Este é o lado bom. Mas ainda penso que estamos perdendo uma onda por falta de estratégia. A China parece se recuperar, o que afetará nossa produção, mas ainda continuamos na inércia da dependência. 
Enfim, de alguma maneira, tal falta de estratégia para ingressarmos de vez no século XXI não estaria afetando a perspectiva - ainda que timidamente ou pouco percebida - de nossos jovens?
Em Tempo: e pensar que no final do século XX recebi um adesivo, de uma federação de jovens agricultores da Holanda, que fazia parte de uma campanha nacional para atrair mulheres jovens para o campo. Nenhuma jovem queria permanecer no campo.

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