terça-feira, 28 de maio de 2013

País de sinais trocados

Comecemos com o lugar comum: o voto, hoje, está condicionado pelo consumo. Reserve num prato e continue a receita. É aí que a jurupoca pia. Qual o resto da receita?
Hoje temos três notícias conflitantes.
A primeira (positiva): segundo o ranking da QS University para a América Latina, o Brasil possui 4 das 10 melhores universidades desta porção do planeta. Aparecem na lista, em ordem decrescente: USP, Unicamp, UFRJ e UFMG. Os critérios adotados são, dentre um total de sete: qualidade da pesquisa, empregabilidade dos formandos, recursos de ensino e presença na internet.
A segunda (negativa): batemos nosso recorde de endividamento familiar. Segundo o Banco Central, as dívidas da família, em março, representou 43,9% da renda anual. O principal fator é financiamento habitacional contraído.
A terceira (negativa): a diretoria da CEF admite erro na história do boato do bolsa família. Embora os autores da boataria tenham sido levianos ou criminosos, contaram com a colaboração do banco estatal. O presidente da Caixa pediu desculpas pela liberação antecipada do Bolsa Família (que procurava corrigir erros no cadastro).
A questão passa a ser: qual o peso em termos de percepção e intenção de voto do cidadão?
Imagino que é ponto pacífico que o ranking das universidades não deve ser motivo de comemoração nem mesmo entre universitários das quatro melhores. Portanto, não deve mudar absolutamente nada na percepção dos brasileiros.
Mas a segunda, combinada com a terceira, podem criar uma fissura na percepção de estabilidade do consumo familiar. Principalmente a história dos boatos. Ao alterar a data de pagamento, obviamente que o governo sinalizou mudança. E mudança, sem explicação de motivos, gera dúvidas, desestabiliza a confiança.
Não foi um erro qualquer da diretoria da CEF. Poderiam ter explicado, o que obviamente desencadearia a corrida às agências bancárias. Mas imagino que se a explicação fosse bem feita, a corrida (que, afinal, ocorreu, mesmo sem explicações) poderia ser motivada por alguma esperteza ou necessidade imediata, mas não por desconfiança do programa sofrer cortes. O ânimo de espírito seria outro.
Também abala a capacidade gerencial e técnica da Presidente e seu controle sobre sua equipe.
Nada que possa alterar significativamente a imagem do governo. Mas, convenhamos, os sinais de Brasil Grande estão se desfazendo aos poucos.



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