domingo, 20 de outubro de 2013

O fim da polarização PT/PSDB

Matéria publicada na edição de hoje do jornal O Tempo, de MG:


Eleição de 2014 pode levar ao fim da polarização PT e PSDB


Cientistas apontam próximo pleito como aquele com mais ingredientes políticos, desde 1994 


GUILHERME REIS

A eleição de 2014 sinaliza para ser o pleito com mais ingredientes políticos desde a redemocratização do país, em 1985. A polarização entre PSDB e PT, que existe desde 1994, pode ser quebrada pela aliança entre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e a ex-senadora Marina Silva, recém-filiada ao PSB e considerada a terceira alternativa mais viável eleitoralmente dos últimos pleitos. Além disso, os eleitores escolherão seus candidatos depois de o país ter enfrentado intensas manifestações de ruas, demonstrando grande insatisfação com os políticos, principalmente.
Além da possibilidade de quebra da polarização, pode marcar a eleição presidencial um número recorde de votos brancos e nulos, o que quantificaria a crise de representação política expressa nas ruas em junho deste ano.
De acordo com o cientista político Rudá Ricci, o perfil de Marina e a estrutura partidária de Campos, além dos protestos, apresentam chances reais de pôr fim à polarização entre petistas e tucanos, forças que por mais tempo controlam o país desde o fim da ditadura militar
“O PSB tem estrutura partidária consolidada, e Marina não gera a desconfiança que a oposição provoca no eleitor, que é a de colocar fim ao programas sociais do PT. Ela ainda consegue unir os evangélicos e a classe média jovem, que tem aversão à velha política, conhecimento da pauta ambiental e que participou dos protestos”, analisou Rudá.
O cientista político Moisés Augusto entende que a maneira de PSDB e PT fazerem política está sofrendo um “desgaste profundo”. “A opinião pública e as manifestações mostraram os anseios por uma opção nova de fazer política. “O PSDB ainda usa Fernando Henrique Cardoso (FHC) como modelo, isso é passado. A situação econômica do país não é tão boa como em 2010, e Dilma não tem a mesma facilidade que Lula tem para fazer acordos com aliados”, ressaltou.
Em contrapartida, o cientista político Gilberto Damasceno afirma que não enxerga Marina e Campos como ameaças ao PT e ao PSDB. “A aliança ainda é frouxa. Temos que esperar para ver se as propostas terão coerência”, concluiu.
O especialista Paulo Roberto Leal entende que as manifestações podem significar um crescimento dos votos brancos e nulos.
“Se a aliança entre Campos e Marina não for bem construída, a possibilidade de escolha dos votos brancos e nulos é muito maior do que a escolha por essa terceira via”, enfatizou
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